Gênesis 4,10 – Iahweh disse: “Que fizeste! Ouço o sangue do
teu irmão, do solo, clamar para mim”!
INTRODUÇÃO
A imortalidade da alma sempre foi um tema debatido desde o início da era cristã. Durante a história, inúmeros foram os casos onde os cristãos se dividiram em se acreditar em um estado intermediário, onde encontrariam diretamente com o Senhor, enquanto outros apenas encaravam a ressurreição sem que a alma passasse por outro estado. Ao olharmos a história dos dois mil anos de cristianismo, teremos muitas informações sobre o tema e assim como em outros artigos, pretendo “penetrar” em um campo que atualmente é motivo de várias controvérsias até mesmo no mundo protestante. Sendo assim, o que cremos a respeito da alma? O que a Igreja ensina desde os primórdios? A “imortalidade da alma” de fato foi influenciada pela cultura grega? Para responder tais questionamentos, teremos que analisar um mundo de motivos!
A imortalidade da alma sempre foi um tema debatido desde o início da era cristã. Durante a história, inúmeros foram os casos onde os cristãos se dividiram em se acreditar em um estado intermediário, onde encontrariam diretamente com o Senhor, enquanto outros apenas encaravam a ressurreição sem que a alma passasse por outro estado. Ao olharmos a história dos dois mil anos de cristianismo, teremos muitas informações sobre o tema e assim como em outros artigos, pretendo “penetrar” em um campo que atualmente é motivo de várias controvérsias até mesmo no mundo protestante. Sendo assim, o que cremos a respeito da alma? O que a Igreja ensina desde os primórdios? A “imortalidade da alma” de fato foi influenciada pela cultura grega? Para responder tais questionamentos, teremos que analisar um mundo de motivos!
OBS: A Bíblia utilizada para a
meditação aqui apresentada é a “Bíblia Católica de Jerusalém”.
O VELHO
TESTAMENTO ACREDITAVA NA “ALMA IMORTAL”?
Antes de tentarmos entender essa questão, teríamos que
visualizar qual a composição unitária do homem. Sendo assim, lemos que em Gênesis,
na criação, ao ser criado por Deus, o homem tornou-se um “ser vivente”:
Gn 2,7 – Então Iahweh
Deus modelou o homem com a argila do solo, insuflou em suas narinas um hálito
de vida e o homem se tornou um ser (alma) vivente.
A palavra hebraica que determina essa “animação do
corpo (alma)” é o termo nefesh (grego:
psyche), que ora também é compreendido pelo termo ruah (grego: pneuma) que corresponde ao espírito. Muitos teólogos
da atualidade procuram dividir o homem em “três partes”, onde o espírito
corresponde à parte “elevada”, a alma o que anima corpo e a carne, o pó oriundo
da terra. Essa afirmação é creditada com base nas palavras de São Paulo que aos
escrever aos tessalonicenses, intercede a Deus para que o ser inteiro dos
cristãos fosse mantido para a vinda do Senhor.
I
Ts 5,23 – O Deus da paz vos conceda santidade
perfeita; e que o vosso ser inteiro, o espírito, a alma e corpo sejam guardados
de modo irrepreensível para o dia da Vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Tal conceito aparece única e exclusivamente nesta
carta, sendo que em momento algum o apóstolo sugere que o homem fosse parte de
uma tricotomia, mesmo porque, Paulo não mantém certa coerência, já que espírito
e alma é em outras ocasiões tidas como a “mesma coisa”, sendo que as diferenças
são entendidas pela forma como as palavras são colocadas. Enquanto a alma tem
forte relação com a criatura, pessoa, mente, o espírito designa uma relação do
eu e Deus:
Lc 1,47 – Meu espírito
se alegra em Deus meu Salvador.
É possível que para Paulo na passagem aos tessalonicenses,
o emprego de “espírito” seja o princípio divino da vida nova em Cristo Jesus (Rm 5,5) ou uma relação em sentido lato
na entrega total de “corpo e alma” ao Senhor. De qualquer forma, o que temos
por ciência é que o homem é formado de corpo e alma.
Mt 10,28 – E não temais
os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode
fazer perecer no inferno a alma e o corpo.
Pois bem, quando pensamos no “velho testamento”, dificilmente
saberemos se de fato existia tal crença para os antigos patriarcas. A ideia
judaica de vida após morte se restringia a um local onde não existia recordação
da matéria. Ideia até normal, já que para a época, a revelação ainda estava em
processo de desenvolvimento e a crença de uma alma que sobrevive sem um corpo,
seria apenas concretizada com o advento de Jesus Cristo. Embora possamos
encontrar determinados versículos que nos revelam a consciência da alma, atestamos
em muitas outras passagens vétero-testamentária onde um local denominado “Xeol”
(Hades no Grego / Mansão dos Mortos)
diminui ou silencia a alma. Em Salmos lemos que o louvor não existe neste local:
Sl 6,6 - Pois na morte ninguém se lembra de ti, quem te louvaria no Xeol?
No livro do profeta Isaías, encontramos outra definição para este estado: os que descem a cova (morrem) já não esperam pela fidelidade de Deus:
Is 38,18 - Com efeito, não é o Xeol que te louva, nem a morte que te glorifica, pois já não esperam em tua fidelidade aqueles que descem à cova.
Curiosamente, ao lermos o livro de Números, verificamo que um grupo de pessoas se rebelou contra Deus e contra as ordens de Moisés e como castigo os mesmos "desceram vivos" ao Xeol, isto é, antes mesmo que morressem, já estavam neste local onde bons e maus se confundem (I Sm 2,6):
Nm 16,33 - Desceram vivos ao Xeol, eles e tudo aquilo que lhes pertencia. A terra os recobriu e desapareceram do meio da assembléia.
Sl 6,6 - Pois na morte ninguém se lembra de ti, quem te louvaria no Xeol?
No livro do profeta Isaías, encontramos outra definição para este estado: os que descem a cova (morrem) já não esperam pela fidelidade de Deus:
Is 38,18 - Com efeito, não é o Xeol que te louva, nem a morte que te glorifica, pois já não esperam em tua fidelidade aqueles que descem à cova.
Curiosamente, ao lermos o livro de Números, verificamo que um grupo de pessoas se rebelou contra Deus e contra as ordens de Moisés e como castigo os mesmos "desceram vivos" ao Xeol, isto é, antes mesmo que morressem, já estavam neste local onde bons e maus se confundem (I Sm 2,6):
Nm 16,33 - Desceram vivos ao Xeol, eles e tudo aquilo que lhes pertencia. A terra os recobriu e desapareceram do meio da assembléia.
Assim como lemos em II Samuel que Davi, toma a esposa de Urias e por castigo, Deus faz com o filho que nascesse dessa união pereceria. Dessa forma, o Rei sabendo que sua criança não voltaria a vida, afirma que ele sim, após a morte iria ir aonde seu filho se encontrava (Xeol, local da habitação dos mortos):
II Sm 12,23 - Agora que o menino está morto, porque jejuarei? Poderei fazê-lo voltar? Eu, sim, IREI aonde ele está, mas ele não voltará para mim.
Entre as passagens que ilustram a imortalidade da alma, encontramos no livro de Macabeus, uma prova importante de que, ainda, antes de Cristo, já existiam registros históricos que uma parte da comunidade judaica acreditava que após a morte, a alma mantinha suas faculdades psíquicas. Há quem pense que em determinada época (200 A.C), já existia forte influencia helênica, entretanto, sendo influenciados ou não, devemos registrar que a história corrobora com o desenvolvimento da doutrina. A primeira parte que registra essa crença encontra-se no versículo 45 do capítulo 12 do segundo livro de Macabeus.
Assim segue a escritura divinamente inspirada:
II Mc 12,45 – Mas se considerava que uma belíssima recompensa está reservada para os
que adormecem na piedade, então era santo e piedoso o seu modo de pensar. Eis
por que ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam
morrido, a fim de que fossem absolvidos do seu pecado.
No contexto apresentado pela passagem, vemos que Judas
age piedosamente ao oferecer um sacrifício de expiação pelos mortos, rogando a
solicitude da graça divina em alcançar o perdão dos pecados para as almas dos
falecidos. Aqui já encontramos indícios de um campo da Teologia Judaica que
atribuía que as almas dos mortos, possuem vivência perante a separação do
corpo. Ainda no mesmo livro, encontramos outro registro interessante que
comprova essa verdade. Onias que foi sumo sacerdote e Jeremias que sofreu
duramente por seu povo, já faziam parte do número dos mortos, entretanto, em
uma visão (sonho) de Judas, tais homens aparecem intercedendo incessantemente
pela cidade santa.
II Mc 15,14 – Tomando então a palavra, disse Onias: “Este é o amigo dos seus irmãos,
aquele que muito ora pelo povo e por toda a cidade santa, Jeremias, o profeta
de Deus”.
É muito provável que essa fé da “alma separada do
corpo” tenha se firmado por forte influência grega, porém, não podemos
descartar que embora os livros hebraicos não afirmem com total clareza a alma
imortal, lemos em Jó que sua esperança era “habitar no Xeol”:
Jó 17,13a – Ora, minha
esperança é habitar no Xeol.
Podemos também tomar nota que o Rei
Salomão, homem sábio e escritor do livro Eclesiastes, apresenta outras
diferentes alternativas para a condição dos mortos. Essa condição, não se
assemelha com outras fontes já apresentadas até aqui. O livro trás uma
composição literária um tanto quanto distinta. Salomão em determinados
versículos equipara o homem ao animal, porém, ao fim da obra afirma que o
espírito volta a Deus que o criou.
Ecl 3,19-21 – Pois a sorte do homem e a do animal é
idêntica: como morre um, assim morre o outro e ambos têm o mesmo alento; o
homem não leva vantagem sobre o animal, porque tudo é vaidade. Tudo caminha
para um mesmo lugar: tudo vem do pó e tudo volta ao pó. Quem sabe se o alento
do homem sobe para o alto e se o alento do animal desce para baixo, para a
terra?
Ecl 12,7
– Antes que o pó volte à terra de onde
veio e o sopro volte a Deus que o concedeu.
Sendo assim, entendo que utilizar o velho testamento
para basear determinada crença seria um grande erro, já que as revelações
anteriores a Cristo, por não estarem concluídas, apresentam poucas provas tanto
da mortalidade, quanto da imortalidade da alma e até mesmo de um profundo
desconhecimento do que aconteceria após a morte da carne. Teremos uma melhor
visibilidade dos fatos ao analisarmos o novo testamento.
O NOVO TESTAMENTO
E A IGREJA PRIMITIVA ACREDITAVAM NA “ALMA IMORTAL”?
Se iniciarmos nossa pesquisa pela tradição da Igreja,
veremos que existem muitos testemunhos dos primeiros padres que acreditavam que
antes da ressurreição, ficaríamos em um estado de plena consciência. De acordo
com a “História Eclesiástica segundo
Eusébio de Cesaréia”, na época de Orígenes (185 d.C +), algumas
divergências já faziam menção a respeito da doutrina da alma. Assim escreve
Eusébio:
“Aparentemente
ainda, na Arábia, no tempo a que nos referimos introdutores de uma doutrina
alheia à verdade, asseveravam que a alma humana neste mundo, no momento final
provisoriamente morre com o corpo, e com ele se corrompe, mas no futuro, por
ocasião da ressurreição, com ele reviverá. Então, foi convocado um importante
concílio. Orígenes novamente foi chamado, e após ter discursado perante a
assembleia sobre a questão disputada, saiu-se de tal forma que alterou o modo
de pensar dos que primeiramente havia sido iludidos” (Cap 37, pag 322 – Divergência dos Árabes).
O mesmo Orígenes, que é um dos grandes pais da Igreja
Antiga, em um de seus escritos a respeito dos santos, mencionou que “o Pontífice não é o único a se unir aos orantes. Os anjos e as
almas dos justos também se unem a eles na oração" (Orígenes, 185-254 d.C. Da Oração). Santo Agostinho, doutor da Igreja Católica era um
férreo defensor da doutrina. Dizia que a alma “é a substância dotada de razão, apta a reger um corpo” (AGOSTINHO,
Sobre a Potencialidade da Alma. Petrópolis, Rio de Janeiro. 1ª Edição, 1997, Pg
67).
Ireneu de Lião (180) em sua obra “Contra as Heresias” escreveu:
Pg 239, 34.1
– “O Senhor ensinou clarissimamente que
as almas não só perduram sem passar de corpo em corpo, mas conservam imutadas
as características dos corpos em que foram colocadas e se lembram das ações que
fizeram aqui na terra e das que deixaram de fazer (...). Abraão possuía o dom
da profecia e que cada alma recebe o lugar merecido antes do dia do juízo”.
Baseado pelos séculos correspondentes
a tradição e nas escrituras canônicas, o catecismo católico coloca a seguinte
definição sobre as almas dos que partiram em amizade de Deus:
“As testemunhas que nos precederam no Reino (Hb 12.1), especialmente as
que a Igreja reconhece como “santos”, participam da tradição viva da oração
pelo exemplo modelar de sua vida, pela transmissão de seus escritos e por sua
oração hoje. Contemplam a Deus, louvam-no e não deixam de velar por aqueles que
deixaram a terra. Sua intercessão é o mais alto serviço que prestam ao plano de
Deus” (Artigo 3, guias para a oração – Uma nuvem
de testemunhas – 2683).
A concepção cristã desde os
primórdios se fundamenta nos princípios oferecidos pelo próprio Jesus Cristo,
quando o mesmo questionado pelos Saduceus (grupo religioso que não acreditava
na ressurreição) no evangelho de Mateus menciona que:
Mt 22,32 – Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó? Ora, Deus
não é Deus dos mortos, mas sim de vivos.
Pois bem, já verificamos que antes do
advento do Senhor, tal crença ainda era inconcebível aos olhos do povo, sendo
assim, nós cristãos tivemos um novo olhar teológico correspondente à nova
aliança que condiz com nosso pensamento pós Cristo, sendo que, Deus em sua
infinita majestade, como criador das coisas visíveis e invisíveis, não permite
que o homem dotado de inteligência seja entregue ao esquecimento após a vida
terrena, porém, como já vimos, essa concepção lógica que o novo testamento
apresenta, não era tão clara aos antigos. O centro do problema para aqueles que
defendem o “sono da alma”, é querer definir igualdade para o estado pós-morte
atribuindo condições interpretativas entre o antigo testamento e o novo. É
certo dizer que o entendimento de ambos era distinto. O conhecimento dos
patriarcas era limitado, pois, a expansão dessa doutrina só foi possível com a
chegada de Jesus.
O
novo testamento apresenta novas propostas para alma. Enquanto ímpios e justos possuíam
a “mesma” sorte (Ec 9,2), a novidade
em Cristo trás a verdadeira forma do entendimento acerca deste mistério, por
isso, usar o velho testamento para elucidação a respeito da doutrina não é
correto já que a visão neotestamentária é distinta, desenvolvida e
completa. E por qual motivo seria
completa? Apesar dos antigos textos em alguns momentos mostrarem o contrário, o
novo testamento trás sobre nós a luz de Jesus e tudo aquilo que estava
incompleto passou a ser revelado. Muitos, na tentativa de desqualificar a
imortalidade da alma, procuram dizer que as referencias escritas no período
pós-messias são simbólicas. Usam de passagens que descrevem que os santos
dormem e com isso, anexando os dois períodos, procuram interação entre as
palavras do evangelho e dos antigos homens de Deus. Quando os escritos do
novo testamento citam a respeito dos que dormem (I Cor 15,20-23 / I Tess 4,13-14,16), enfatiza o fato daqueles que
morreram e não que seu estado seja de sono profundo. Tal afirmação contradiz
todas as outras referências que possuímos de forma clara (sendo que é sempre
necessário não esquecer que as visões vetero e neotestamentárias são distintas).
Dessa
forma, colocarei as principais provas encontradas no novo testamento sobre a
alma imortal e a consciência e conhecimento que as mesmas possuem após se
separar do corpo. Tratarei também de responder alguns questionamentos de pontos
importantes dos que não acreditam que a alma possa sobreviver sem essa
“habitação mortal”.
O RICO E O MENDIGO
A
primeira referencia que demonstra essa realidade encontra-se nas palavras do
próprio Cristo no evangelho de São Lucas:
Lc 16,22-23 e 27 – E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado
pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado. E
no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e
Lázaro no seu seio. E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de
meu pai.
Nesta
passagem Jesus apresenta uma condição estabelecida após a morte: o céu e o
inferno. De forma clara é possível visualizar a alma do rico em tormentos no Hades e a alma (que não morre) do
mendigo no seio de Abraão, ambos gozando de plena consciência e lembrança. Note
que no verso 27 o ímpio entendendo seu destino, intercede por seus parentes,
porém, como o inferno é a ausência Deus, seu pedido é negado. No enredo dessa
história, é visível a mensagem que Nosso Senhor dividia com os apóstolos,
porém, há quem diga que nessa parábola, tudo não passava de mera simbologia e
que não existem provas suficientes para afirmar a imortalidade da alma já que
se tratava apenas de uma história, porém, não é isso que absorvemos ao analisar
o evangelho.
Se lermos
as parábolas deixadas por Cristo, veremos que todas retratam um cotidiano
integrado no ambiente daquele povo e por mais que o “Rico e o Lazaro” possuísse
elementos diferentes para um conto, qual seria o motivo para simplesmente não
pensarmos que tirando os conceitos não aplicáveis, não poderíamos crer em um
“céu” e um “lugar de tormento” após a morte? De qualquer forma amigos, confesso
que essa parábola esta muito mais ligada em retratar a vida exuberante de
muitos judeus “burgueses” que já não tinham tanto amor pela lei de Deus do que
ensinar que o céu e inferno existem para a alma imortal. A questão é que muitos
questionam o cenário da parábola por parte “irreal” devido à conversa entre o
Rico e Abraão, entretanto, não é necessário questionar o cenário da parábola,
já que é uma existência, agora, o enredo do conto, sim isso até pode ser. Assim
lemos em II Reis 14,9 que as árvores
falavam e embora saibamos que as mesmas não podem dizer qualquer palavra, temos
ciência que existem. Cenário real, com partes irreais.
Dessa
forma, não vejo qualquer motivo para desacreditar na história do rico e do
mendigo simplesmente por pensar que o “cenário” parece absurdo. O fato é que
Cristo queria demonstrar uma série de ensinos (entre eles a piedade) e utilizou
de elementos reais conhecidos pelo povo judeus: que após a morte, existe o
juízo (Hb 9,27) e ali habitaremos
até a ressurreição dos mortos.
MOISÉS NO MONTE TABOR
O novo
testamento é recheado de provas a favor da imortalidade da alma. No evangelho
de São Marcos capítulo 9, podemos ver claramente a existia da sobrevivência no
estado intermediário e ainda mais: os espíritos dos justos por participarem da
visão beatífica de Deus, conhecem nossos assuntos e necessidades. Na
transfiguração no monte Tabor, Moisés que já estava morto (Dt 34,5-6), junto de Elias, conversavam com Cristo e sabiam do seu
futuro sofredor.
Mc 9,2-7 – Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou,
sozinhos, para um lugar retirado sobre uma montanha. Ali foi transfigurado
diante deles. Suas vestes tornaram-se resplandecentes, extremamente brancas, de
alvura tal como nenhum lavadeiro na terra as poderia alvejar. E lhes apareceram
Elias com Moisés, conversando com Jesus: Então Pedro, tomando a palavra, diz a Jesus: “Rabi,
é bom estarmos aqui. Façamos, pois, três tendas: uma para ti, outra para Moisés
e outra para Elias”. Pois não saiba o que dizer, porque estavam atemorizados. E
uma nuvem desceu cobrindo-os com sua sombra.
Na
tentativa de desqualificar o fato descrito no evangelho, os defensores da
mortalidade da alma costumam usar de alguns argumentos a fim de ensinar que não
era o “espírito” de Moisés que ali estava, mas sim seu corpo, já que, baseado
em um livro apócrifo (Assunção de Moisés)
o mesmo teria ressuscitado e o que os apóstolos teriam visto seria seu corpo
“glorificado”. Pois bem, isso seria no mínimo duvidoso já que as escrituras nada
dizem sobre uma possível ressurreição de Moisés. Utilizar de tal argumento não
passa de conjectura. Primeiro que o escritor de Hebreus, no capítulo onze,
deixa claro que Moisés estava morto e que ainda não havia sido beneficiado
pelas promessas realizadas (Hb 11,39),
sendo assim, não poderia ter ressuscitado. Segundo que o texto utilizado da
epístola de Judas (verso 9) onde diz
que o diabo brigou pelo corpo de Moisés com o arcanjo Miguel, nada fala da
glorificação do corpo e sim, de uma briga pelo corpo que o fim, desconhecemos.
Terceiro que o fato do apóstolo Pedro querer montar três tendas para Jesus,
Elias e Moisés, não significa necessariamente que ele estivesse vendo os “três
corpos”, mesmo porque, Cristo estava transfigurado e o assombro foi tão grande
que eles (apóstolos) nem “sabiam o que diziam” (Mc 9,6). Quarto e último argumento: A figura de Moisés foi a mais
importante para a comunidade judaica já que a lei veio através de seu
intermédio e se caso ele tivesse sido “assunto aos céus” seria estranho e
totalmente emblemático saber que em muitos anos, nunca ninguém havia registrado
tal acontecimento. Sendo assim, nada mais justo que pensarmos o básico: No
monte Tabor, a ALMA de Moisés estava junto de Cristo, já que ele estava morto
fisicamente.
O HABITAR / ESTAR COM CRISTO
Em toda a trajetória do apóstolo Paulo, durante seus
escritos, ele sempre manifestou a ressurreição de nossos corpos no momento em
que entraremos na plenitude do tempo, onde o Reino de Jesus Cristo será
instalado. A questão é que o apóstolo Paulo acreditava, pelo menos é o que
indica, que essa ressurreição ainda aconteceria enquanto ele estivesse em vida,
talvez por isso ele tenha escrito que “nem
todos dormiremos (morreremos), mas TODOS seremos transformados (I Cor 15,51)” e complementando que “num abrir e fechar de olhos, os mortos
ressuscitarão e NÓS seremos transformados (I Cor 15,52)”. Essa transformação não fere o que pensamos a
respeito da alma após a morte, pelo contrário. Morremos nesta esperança e
descansando no Senhor, aguardamos a ressurreição dos nossos corpos que dessa
forma, serão absorvidos pela “imortalidade”. O corpo é pó e é esse corpo que será
absorvido pela imortal, pois é ele quem morre.
Nosso espírito que retorna a Deus aguarda ansiosamente e assim será no
glorioso retorno de Jesus Cristo, a saber, a sua segunda vinda com TODOS os
seus santos:
I Ts 3,13 – Para confirmar
os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de
nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo com todos os seus
santos.
Dessa forma, entendemos que se estamos neste corpo,
estamos ausentes do Senhor, porém, sabemos que é esse mesmo corpo que nos trará
o esplendor da glorificação. Entretanto, enquanto essa ressurreição tão
esperada não chega, temos o desejo de deixar esta mansão para já HABITAR com o
Senhor (II Cor 5,8). Quando falamos
de habitação, estamos literalmente querendo deixar essa vida para contemplar a
face de Deus. Paulo confirma isso ao dizer que nosso desejo não era
simplesmente em habitar com o Senhor, mas em também servi-lo já que estando
neste corpo (vivo) ou não (morto) continuaremos em nos esforçar por agradar-lhe
(II Cor 5,9). Além de que, quando
lemos o contexto de Filipenses 1,23,
não há como pensarmos que Paulo, sequer nem imaginava em não desfrutar de um
contato com o Senhor após a morte. Primeiro que o mesmo diz que para ele o “viver é para Cristo e o morrer é lucro (Fl 1,21)”. Paulo vivia pelo evangelho e
esse viver em Jesus significava pregar a sua palavra e anunciar aquilo que
levaria a salvação a todos os homens. Em caso de morte, seu lucro seria grande.
Não simplesmente porque ele se salvaria, ou porque seu corpo seria ressuscitado
no último dia, mas sim, pelo fato de que ele teria um encontro com o seu
Senhor. Se a morte simplesmente não tivesse nenhuma serventia, seria vão Paulo
ter escrito que:
Fp 1,22 – Mas, se o viver na carne me der fruto da
minha obra, não sei então o que deva escolher.
Ele tinha uma dúvida, pois em sua CARNE as obras
frutificavam, porém, se pensarmos que a morte seria o “fim”, qual seria
necessidade de se pensar que o apóstolo dos gentios estava indeciso? O que
seria melhor? Continuar na carne para que o evangelho continuasse a ser pregado
ou morrer para assim, aguardar o grande dia? Paulo tinha a certeza de que ao
morrer estaria com Jesus. E é assim que ele manifesta seu desejo, embora, ainda
não fosse à vontade de Deus:
Fp 1,23 – Mas de ambos os lados estou em aperto,
tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor.
O ápice da ideia não está em identificar se Paulo pensava que morreria e por estar "fora do tempo" já estaria ao encontro de Cristo, pelo contrário, ele sabia da sua importância na carne na pregação do evangelho de Jesus, por ou lado, ele sabia que o partir do "corpo" era habitar com o Senhor que para ele seria muito melhor. Entretanto, por entender que sua missão ainda era continuar neste corpo, ele julga ser necessário FICAR NA CARNE.
Fp 1,24 – Mas
julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne.
Isto é, Paulo poderia muito bem dizer que sabia que após a morte, por não "ter uma alma" e sim "ser uma alma", morreria e não teria qualquer encontro com Cristo, dessa forma, preferia ficar na carne para auxiliar seus irmãos, mas, não é isso que constatamos ao ler o contexto. Paulo tinha dúvidas, pois seu desejo era de estar com Cristo após a morte, mesmo que isso comprometesse a pregação do evangelho, contudo, por saber da sua importância no corpo, confia em sua permanência para proveito e gozo da fé.
Dessa
forma entendemos que ao morrer, estaremos “habitando com o Senhor”.
O
PARAÍSO PRÉ-RESSURREIÇÃO
Embora saibamos que na ressurreição, teremos a habitação da “Nova
Jerusalém” (Ap 21,1-2), sabemos pela
própria escritura denominada de “terceiro céu”, que o paraíso existe, sendo a morada
dos justos (Hb 12,22-23). Paulo
narra com total emoção a alegria da alma separada do corpo ao relatar o
testemunho de um homem em Cristo que foi arrebatado até esse local:
II Cor 12,2-3 – Conheço um homem em Cristo que há quatorze
anos, foi arrebatado ao terceiro céu – se em seu corpo, não sei: se fora do
corpo, não sei; Deus o sabe! E sei que esse homem – se no corpo ou fora do
corpo não sei; Deus o sabe! – foi arrebatado até o PARAÍSO e ouviu palavras
inefáveis, que não é lícito ao homem repetir.
O LADRÃO NA CRUZ
Jesus
Cristo disse ao ladrão que ainda hoje, o mesmo estaria com ele no paraíso (II Cor 12,2-3):
Lc 23,43 – Ele (Jesus) respondeu: “Em verdade, eu te digo, hoje estarás comigo no
paraíso”.
Não bastaria muitas linhas para termos a certeza que aqui existe mais uma prova de que na morte, gozaremos da companhia de Deus, entretanto, os defensores do sono ou da aniquilação da alma, costumam mencionar que determinada esta passagem de Lucas foi "adulterada" e que na verdade, Nosso Senhor teria dito para o ladrão que sua promessa era dita hoje, mas, que só se concretizaria no futuro. Pois bem, como já mencionei em outro artigo, não sou perito na língua, porém, tenho algumas noções. Primordialmente, o que define a interpretação dessa passagem, de fato, é a questão simples de uma "vírgula". É interessante mencionar que embora, atualmente alguns protestante defendam tal doutrina (morte da alma), o único lugar onde encontramos afirmação semelhante é na tradução "Torre de Vigia" das testemunhas de Jeová, onde se lê:
Lc 23,43 (Torre de Vigia) – E ele lhe disse: “Deveras, eu te digo hoje: Estarás comigo no Paraíso”.
Lc 23,43 (Torre de Vigia) – E ele lhe disse: “Deveras, eu te digo hoje: Estarás comigo no Paraíso”.
Temos por conhecimento que nas traduções católicas e
protestantes, o HOJE faz parte do instante e não de uma promessa futura que se
concluiria no fim dos tempos. Para embasar a vírgula depois do hoje, alguns
teólogos tem usado uma fonte bíblica oriunda do grego (Vaticanus 1209), já que como o grego não possuí originalmente
“pontos”, verificaram que nesta passagem, exclusivamente nesse manuscrito,
existe um “ponto” após o hoje (grego:
semeron). Realmente, o grego “antigo” não possuía qualquer pontuação. O
próprio Codex Sinaiticus na passagem referida (Lc 23,43) nada aponta para qualquer local de pontuação, tanto que
os tradutores da obra, ao converterem o texto para o inglês, colocaram a
linguagem como a conhecemos:
Lc 23,43 – And He
Said to him: Verily I say to thee, THIS DAY thou shalt be with me in Paradise.
O que me chama atenção neste manuscrito é o fato de que
por ser mais novo que o “Codex Vaticanus”, penso eu, que a passagem deveria ter
qualquer sinal de pontuação, contudo, nós não vemos absolutamente nada. É
estranho imaginar que o Vaticanus 1209,
é antigo e possui uma referencia desse “ponto” enquanto o outro, mais novo,
nada aparece e isso me leva a pensar que está questão não pode ser absorvida
simplesmente por levar em consideração um escrito e o outro não. São Jerônimo,
conhecedor profundo do grego, em sua vulgada, concede a mesma compreensão que
da Igreja:
Evangelium secundum Lucam 23,43 – Et dixit illi: “Amen dico tibi: HODIE
mecum eris in paradiso ”.
Isto é, mais uma vez aqui
temos informações que não podem ser tomadas unicamente por uma “fonte” concreta
de dados, mesmo porque, se olharmos na maioria das passagens (que a Igreja crê) onde Jesus Cristo diz:
“Em verdade te digo” em nenhum momento ele necessitou usar o hoje como forma de
complemento da promessa ou ensino, pelo contrário, as terminações de Cristo
sempre eram uma consequência do próprio inicio da sua afirmação e aqui fica a
minha pergunta: por que no caso de Lucas 23,43, o hoje deveria ser usado
diferentemente?
Jo 3,11 – Em verdade, em verdade, te digo: falamos do
que sabemos e damos testemunho do que vimos.
De qualquer forma, tirando a
questão a respeito do “hoje” dito ao ladrão da Cruz, o outro emprego usado por
Jesus em Marcos 14,30, mostra claramente que o “hoje” demonstrava aquilo que de
fato deveria acontecer:
Mc 14,30 – E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que
hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás.
Aqui
vemos claramente que Jesus diz, “Em verdade te digo hoje”, porém o fato
manifestado pelo Senhor, se concretizaria naquela mesma noite, no tempo
presente. Outro argumento fortemente usado é o fato de Cristo ter prometido que
estaria com o ladrão naquele dia, porém, após a morte as escrituras atestam que
o mesmo esteve nas profundezas do Hades
(Ef 4,9-10), sendo assim, como
devemos pensar a respeito da promessa? Bom, a própria escritura deixa claro que
para Deus, “Um dia é como mil anos e mil
anos como um dia (II Pe 3,8)”.
Desta forma, entendemos o “hoje” como função do agora, porém, sem necessidade
de pensar que o ladrão deveria estar com Jesus nas próximas horas, já que o
nosso tempo não é o do Senhor. Aguardamos a Jerusalém celeste (Ap 21,10) onde nossos corpos estarão
glorificados e incorruptíveis, porém, cremos no paraíso (II Cor 12,2-5) do qual faremos parte após a morte, aguardaremos na
graça com a Igreja Celeste, enquanto esperamos a plenitude da nossa esperança:
a ressurreição. Dessa forma, entendemos que o ladrão esteve e está com Jesus
no paraíso celeste, aguardando a imortalidade dos corpos.
A GRANDIOSA NUVEM DE TESTEMUNHAS
Pegue sua bíblia e abra no capitulo onze
da carta aos hebreus. Leia todo o texto e você verá que o enredo das palavras
do escritor trata de um assunto totalmente importante para nós cristãos: a fé exemplar
dos que já morreram. O autor da carta, ao que indica, venerava com grande
piedade os grandiosos exemplos deixados pelos patriarcas e não só exaltava, mas
sim, pregava que todos ali tiveram grandes conquistas devido à fé. Sim, a fé
que é a prova das coisas que não se veem (Hb
11,1). A fé que nos move a crer no invisível, a crer na morte e
ressurreição de nosso salvador Jesus Cristo.
Ao lermos cada verso, entendemos que todas
as pessoas ali citadas, já faziam parte do número dos mortos e que de alguma
forma, embora fossem pessoas de fé, não haviam sido beneficiados pelas
promessas já que padeceram antes do advento de Cristo (Hb 11,39), entretanto, após a vinda de Cristo, essas almas que
aguardavam pelo salvador, foram alegremente inseridas no paraíso celeste, já
que as comportas dos céus foram abertas e assim todos puderam adentrar na
glória de Deus, sendo assim, lemos a conclusão do autor no capítulo doze, onde
defini sua crença a respeito desses homens e mulheres que serviram ao Pai antes
de nós. Assim escreve:
Hb 12,1 – Portanto, também nós, com tal NUVEM DE TESTEMUNHAS AO NOSSO REDOR,
rejeitando todo fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança
para o certame que nos é proposto, com os olhos fixos naquele que é o indicador
e consumador da fé, Jesus, que em vez da alegria que lhe foi proposta, sofreu a
cruz, desprezando a vergonha, e se assentou a direita do trono de Deus.
Aqui fica a pergunta: O que compõe essa
“misteriosa nuvem”? A resposta é muito simples, todos os santos, de todas as
almas que morreram na amizade do Pai! Sim, o autor deixa claro que existe uma
“nuvem” que nos cerca, que nos rodeia! Essa nuvem nos acompanha todos os dias,
é como se fosse uma “manifestação portátil do espírito” assim como João narra
no livro de Apocalipse:
Ap 1,10a – No dia do Senhor fui movido pelo espírito.
Essa nuvem está repleta de irmãos que
torcem por nós, que intercedem por nós, que estão junto de nós, para que
conquistemos a coroa de nossas vitórias mediante a fé em Jesus! Façamos como
está escrito nas sagradas escrituras: corramos com perseverança ao que é
proposto, pois temos ao nosso redor uma nuvem que nos acompanha para que
possamos conquistar a vitória em Deus!
Eis mais uma prova direta das escrituras
que as almas sobrevivem à separação do corpo, há testemunhas que nos rodeiam!
A IGREJA CELESTE
Hb 12,22-24 – Mas vós aproximastes do monte Sião e da Cidade do Deus vivo, a
Jerusalém celestes e de milhões de anjos reunidos em festa, e da ASSEMBLÉIA dos
PRIMOGÊNITOS cujos nomes estão inscritos nos céus, e de Deus, o Juiz de todos,
e dos ESPÍRITOS dos justos que chegaram à perfeição, e de Jesus, mediador da
nova aliança (...).
Embora haja quem diga que após a morte
caíamos em um sono profundo, ao nos depararmos com tão bela passagem, fica
difícil sustentar tal conceito, já que ao lermos os versos acima enxergamos a “Igreja
Celeste já inaugurada por Cristo Jesus”. É notável mencionar que o autor da
carta deixa claro que a assembleia dos primogênitos é composta pelos “espíritos aperfeiçoados que chegaram à
perfeição”. Embora o dono das palavras acreditasse na ressurreição dos
corpos, em nenhum momento deixa de manifestar a verdade de um céu para os
“espíritos” que alcançaram a santidade, isto é, a sagrada escritura deixa claro
que antes de nossos corpos serem absorvidos pela imortalidade (I Cor 15,53) nossos espíritos habitarão
no paraíso junto dos anjos e junto de Cristo o mediador da nova aliança.
O original grego contém o termo “pneuma
(espírito)”, provando mais uma vez que a passagem falava do ser espiritual e
não do corpo físico.
Hb 12,23 – panhgurei kai ekklhsia prwtotokwn en ouranoiV apogegrammenwn kai krith
qew pantwn kai pneumasin dikaiwn
teteleiwmenwn.
A FAMÍLIA NO CÉU
Como já vimos em situações já escritas
nos tópicos anteriores, o apóstolo Paulo em duas ocasiões manifestou sua
vontade de partir e estar com Cristo (Fl
1,23) e de deixar o corpo para ir habitar com o Senhor (II Cor 5,8). Com seu desejo, o pregador
dos gentios deixou uma rica tradição para a Igreja ensinando sobre o gozo no
céu para os que partiam (morte) e se encontravam com Jesus. Nesse mesmo
sentimento, Paulo escreve aos Efésios e corroborando com o escritor de Hebreus,
nos concede o conhecimento de uma “família no céu” que se assemelha a
assembleia dos primogênitos já dita neste artigo. Assim, o “antigo perseguidor
da comunidade católica” escreve:
Ef 3,14-18 – Por essa razão dobro os joelhos diante do Pai – de quem TOMA NOME TODA
FAMÍLIA NO CÉU E NA TERRA – para pedir-lhe que conceda, segundo a riqueza de
sua glória, que vós sejais fortalecidos em poder pelo seu Espírito no homem
interior, que Cristo habite pela fé em vossos corações e que sejais arraigados
e fundados no amor. Assim tereis condições para compreender com TODOS OS
SANTOS qual é a largura e o comprimento e a altura e a profundidade.
A Igreja desde os temos mais antigos sempre
ensinou sobre a comunhão com todos os santos que compreende a família do céu e
da terra em perfeita unidade. Sendo assim, por que atualmente deveria ser
diferente? Com tantas provas já expostas, como não crer na alma imortal que
desfruta da presença do Senhor após a morte?
PREGAÇÃO AOS “MORTOS (OS ESPÍRITOS EM PRISÃO)”
Eis aqui mais uma prova direta da alma que
sobrevive a separação do corpo. Rezamos no credo apostólico que cremos que
“Cristo desceu a mansão dos mortos”, pois assim está manifestado através das
sagradas escrituras:
Ef 4,9 – Que significa “subiu”, senão que ele também DESCEU às profundezas da
terra?
Antes que Jesus Ressuscitasse, a palavra
de Deus deixa claro que o mesmo esteve nas regiões subterrâneas (Nm 16,33) que é a chamada “regiões dos
mortos”. O apóstolo Pedro ao escrever de Roma (I Pe 5,13) sua primeira epístola afirma que Cristo “pregou aos
espíritos”:
I
Pe 3,18-19 – Com efeito, também Cristo morreu uma vez pelos pecados, o justo pelos
injustos, a fim de vos conduzir a Deus. Morto na carne, foi vivificado no
espírito, no qual foi também pregar aos espíritos em prisão.
E anunciou a boa nova da salvação:
I
Pe 4,6 – Eis por que a Boa Nova foi pregada também aos mortos, a fim de que
sejam julgados como os homens na carne, mas vivam no espírito, segundo Deus.
Estes versos são emblemáticos, entretanto, temos aqui a mais clara prova de um local onde as almas ficavam antes do advento do Senhor, sendo assim, como podemos decifrar essas duas enigmáticas passagens? Bom, o ponto gerador de toda a dificuldade na interpretação desses versos é em tentar entender como Jesus Cristo teria descido as profundezas da terra para pregar a boa nova se a própria escritura ensina que após a morte vem o juízo (Hb 9,27)? Pois bem, Cristo não esteve ali na "mansão dos mortos" para libertar os condenados como alguns teólogos sugerem erroneamente, pelo contrário, essa libertação registrada pelo príncipe dos apóstolos consiste nas almas dos justos que o precediam, isto é, todos esse "espíritos" eram os que esperavam no Salvador o paraíso celeste, nada mais eram que os Santos que pela fé tinham recebido um bom testemunho, porém "não se beneficiaram das realizações das promessas (Hb 11,39)", sendo que, tiveram que aguardar a ressurreição de Nosso Senhor que inaugurou essa nova etapa concedendo acesso a vida celeste e por isso as escrituras dizem: "Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro (Ef 4,8)". Cremos que essa descida as profundezas da terra, ressuscitaram alguns dos santos que aguardavam essa ressurreição de Jesus Cristo para assim entrar em Jerusalém, a cidade santa (Mt 27,53).
Estes versos são emblemáticos, entretanto, temos aqui a mais clara prova de um local onde as almas ficavam antes do advento do Senhor, sendo assim, como podemos decifrar essas duas enigmáticas passagens? Bom, o ponto gerador de toda a dificuldade na interpretação desses versos é em tentar entender como Jesus Cristo teria descido as profundezas da terra para pregar a boa nova se a própria escritura ensina que após a morte vem o juízo (Hb 9,27)? Pois bem, Cristo não esteve ali na "mansão dos mortos" para libertar os condenados como alguns teólogos sugerem erroneamente, pelo contrário, essa libertação registrada pelo príncipe dos apóstolos consiste nas almas dos justos que o precediam, isto é, todos esse "espíritos" eram os que esperavam no Salvador o paraíso celeste, nada mais eram que os Santos que pela fé tinham recebido um bom testemunho, porém "não se beneficiaram das realizações das promessas (Hb 11,39)", sendo que, tiveram que aguardar a ressurreição de Nosso Senhor que inaugurou essa nova etapa concedendo acesso a vida celeste e por isso as escrituras dizem: "Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro (Ef 4,8)". Cremos que essa descida as profundezas da terra, ressuscitaram alguns dos santos que aguardavam essa ressurreição de Jesus Cristo para assim entrar em Jerusalém, a cidade santa (Mt 27,53).
Sendo assim, fica impossível
não crer na imortalidade da alma ao nos depararmos com este perfeito registro
apostólico que nos ensina que Jesus vivificado no espírito, desceu as
“profundezas da terra” a fim de resgatar os mortos.
AS ORAÇÕES DE TODOS OS SANTOS E A CONSCIÊNCIA DAS ALMAS QUE CLAMAM
POR JUSTIÇA
O livro do apocalipse, talvez, seja a obra em que presta maior serviço
no entendimento das condições em que alma se encontra antes “do dia do Senhor”,
isto porque, o ambiente em que foi escrito, embora repleto de visões, nos passa
um cenário de pessoas que haviam morrido e já contemplavam a face de Deus e
aguardavam o julgamento universal e a ressurreição de seus corpos. Para tanto,
existem alguns versículos que são considerados pontos chaves para que
entendamos definitivamente o que temos escrito até aqui sobre a imortalidade da
alma. Como já mencionado nos tópicos anteriores, existe um céu e esse céu é o
local onde a família de Deus habita. João descreve esse cenário com total
maestria, já que, embora ele estivesse vivenciando “visões proféticas” a
respeito do que aconteceria, o mesmo tinha a certeza que os elementos do
oráculo eram reais, já que seu espírito estava presente em tudo o que precedia
(Ap 4,2). Sendo assim, o apóstolo descreve
que no céu havia um trono onde Deus se assentava (Ap 4,3), ao seu redor existiam vinte e quatro anciões (Ap 4,4), diante do trono haviam os sete
Espíritos de Deus (Ap 4,5), no meio
do trono haviam quatro viventes cheios de olhos (Ap 4,6) e se ouvia um clamor de milhares de anjos (Ap 5,11).
Percebam que até aqui, o relato joanino se assemelha a Igreja Celeste já
narrada pelo escritor da epístola aos hebreus anos anteriores aos registros de
apocalipse:
Hb 12,22-24 – Mas vós aproximastes do monte Sião e da Cidade do Deus vivo, a
Jerusalém celestes e de milhões de anjos reunidos em festa, e da ASSEMBLÉIA dos
PRIMOGÊNITOS cujos nomes estão inscritos nos céus, e de Deus, o Juiz de todos,
e dos ESPÍRITOS dos justos que chegaram à perfeição, e de Jesus, mediador da
nova aliança (...).
Ao ler tais passagens, conseguimos entender o porquê de Paulo, ao
escrever a comunidade de Corinto, registrou que conheceu um homem que havia
sido arrebatado ao paraíso e que o mesmo ouviu palavras “inefáveis” que ao
homem não seria lícito repetir (II Cor
12,2-3). Ficamos maravilhados ao entender que o céu é nossa morada após a
morte enquanto aguardamos pela ressurreição. Sendo assim, um pouco adiante, nas
palavras de João, percebemos o primeiro indício do serviço que os Santos
prestam à Igreja. Ao narrar o momento em que o “cordeiro” recebe o livro,
percebemos que os anciões ao redor do trono, possuíam taças cheias de incenso
que correspondem às orações de todos os santos:
Ap 5,8 – E, havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro
anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de
ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos.
Há
quem argumente dizendo que essas “orações” seriam das pessoas vivas, entretanto,
será que poderíamos considerar essa posição? Bom, dificilmente. A primeira
coisa a se pensar é que as sagradas escrituras, ao denominar o povo escolhido,
os chamam de “santos” (At 9,13) e
isso implica em vivos e mortos. Paulo, em sua primeira carta aos
Tessalonicenses escreve que Cristo, ao retornar, virá com todos os seus santos
(I Ts 3,13), isto é, todos os que já
morreram, pois os que aqui estão, serão transformados:
I Cor 15,51-52 – Eis que vos dou a conhecer um mistério: nem
todos morreremos, mas todos seremos
transformados. Num instantes, num abrir e fechar de olhos, ao som da trombeta
final, sim a trombeta tocará e os mortos ressurgirão incorruptíveis e NÓS
(vivos) SEREMOS TRANSFORMADOS.
Segundo
que ao lermos alguns versículos do livro do Apocalipse, posteriores a esse (5,8), veremos que as pessoas que
compõem o cenário do “céu”, são de homens e mulheres que já partiram. Lemos que
as almas clamam por justiça contra os habitantes da terra que os haviam
martirizado pelo bom testemunho:
Ap 6,9-10 - E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo
do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor
do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó
verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que
habitam sobre a terra?
Assim como vemos que a multidão perante o cordeiro já estava
morta, mesmo estando apenas com suas “almas”, não cessavam de servir a Deus
diariamente:
Ap 7,9-15 – Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém
podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam
diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas em
suas mãos; E clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso
Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro. E todos os anjos estavam ao
redor do trono, e dos anciãos, e dos quatro animais; e prostraram-se diante do
trono sobre seus rostos, e adoraram a Deus, Dizendo: Amém. Louvor, e glória, e sabedoria, e ação de graças, e honra,
e poder, e força ao nosso Deus, para todo o sempre. Amém. E um dos anciãos me
falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde
vieram? E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que VIERAM
DA GRANDE TRIBULAÇÃO da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as
branquearam no sangue do Cordeiro. Por
isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo;
e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra.
Paulo em sua segunda carta aos Coríntios, deixa claro que
nós, estando neste corpo (vivo) ou fora dele (morto), continuamos a nos
esforçar em agradar ao Senhor:
II Cor 5,9 – É também por isso que vivos ou mortos, nos
esforçamos por agradar-lhe.
Definitivamente, é difícil pensar que as orações sejam
somente dos “santos vivos”, quando temos infindáveis provas de todos aqueles
que compõem a nuvem de testemunhas (Hb
12,1) e que estão diante do altar de Deus. É por isso que o livro das
revelações deixa claro, que de todos os habitantes do céu, os santos intercedem
por nós pelos méritos de Jesus Cristo, Nosso Senhor!
Ap 8.3 – Deram-lhe grande quantidade de incenso para que oferecesse com as
orações de todos os santos, sobre o altar de ouro que está diante do trono. E,
da mão do Anjo, a fumaça do incenso com as orações dos santos subiu diante de
Deus.
COMO ENTENDER JOÃO 3,13?
Até o
presente momento, procurei detalhar as principais provas que se encontram nas
escrituras canônicas a respeito do que a Igreja crê desde o início dos séculos
sobre a doutrina da “imortalidade da alma” e como visualizamos, até aqui,
existem as mais variadas verdades na bíblia sobre a consciência das almas após
a morte, entretanto, é necessário que entendamos um único versículo que em
muitos casos é sempre utilizado para desmerecer o que cremos, sendo assim, como
entender João 3,13 que ensina que “ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que
desceu (Jesus)”?
Assim
diz a palavra de Deus:
Jo 3,13 – Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem.
Parece
confuso, porém, basta um olhar sincero sobre o contexto da narrativa para
entender que Cristo não fazia alusão a uma possível “ascensão”, pelo contrário,
Nosso Senhor manifestava uma verdade que tinha a ver com os “entendimentos
celestiais” daquele que desceu dos céus e nos fez conhecer a verdade da
salvação. Quando Jesus proferiu essas palavras, o mesmo conversava com Nicodemos
(Fariseu de grande reputação entre os
judeus) a respeito do “nascer de novo”, porém, a palavra não era entendida
por aquele velho homem que indagava a Cristo sobre como ele poderia estar
novamente do ventre de sua mãe já que a idade não permitia (Jo 3,4). Nosso Senhor respondeu de
forma categórica ao afirmar que se Nicodemos não entendia as explicações feitas
na terra, como poderia ele entender as vindas do céu (Jo 3.12)? Na continuação na passagem, Cristo afirma que ninguém
havia subido ao céu, a não ser ele mesmo que de lá desceu, fazendo assim,
alusões a determinados textos do antigo testamento que já tratavam de temas
semelhantes:
Dt 30,12b – “Quem subirá por nós até o céu, para
trazê-lo a nós, para que possamos ouvi-lo e pô-lo em prática”?
Br 3,29 – “Quem subiu ao céu e apoderou-se dela, e a fez descer do alto das
nuvens”?
Isto
é, quando Jesus afirma esse mistério, faz menção que ele foi o único a estar no
mais alto dos céus (II Cor 12,1-3) e
a direita do Pai (Ap 12,5). O único
que pode nos dar a conhecer os mistérios da vontade divina (Sb 9,16-17). Quando o Senhor afirma que
“ninguém subiu aos céus” significa, que de fato, não existiu qualquer homem que
possa ter estado lá e descido à terra a fim que de que nos trouxesse o pleno
conhecimento das “coisas do alto”, este, encontra-se no nome do único filho de
Deus. Além de que, essa interpretação corrobora com o fato de que antes da
chegada do messias, Elias e Henoc já haviam “subido ao céu”:
Gn 5,24 – Henoc andou com Deus, depois desapareceu, pois Deus o arrebatou.
II Rs 2,11 – E aconteceu que, enquanto andavam e conversavam, eis que um carro de
fogo e cavalos de fogo os separaram um do outro, e Elias subiu ao céu no
turbilhão.
Outro
ponto de grande importância que devemos entender é que quando Jesus disse tais palavras
a Nicodemos, o mesmo ainda estava no meio dos homens em sua condição humana,
sendo que de fato, até ali, conforme já visto até o presente momento, no velho
testamento os mortos habitavam no “Xeol”. Com sua morte e ressurreição, a ida
das almas ao paraíso foi possível. O céu Foi aberto e os santos puderam
adentrar e isso incluiu os justos do antigo testamento que aguardavam por esse
grande momento (Hb 11,39-40).
Como
costumo dizer caros leitores, fundamentar uma ideia, sem analisar o contexto
proposto pelas palavras do Senhor, na passa de mera conjectura e como é
possível ver, nosso salvador nada disse sobre “ascensão” e sim, sobre o
conhecimento trazido do alto. Sendo assim, entendemos que ninguém foi capaz de
subir aos céus a fim de nos trazer toda a redenção da parte de Deus Pai, o
único, foi aquele que desceu: Cristo Jesus Nosso Senhor!
CONCLUSÃO
Ap 7,13-15 – Um dos Anciãos tomou a palavra e disse-me: “Estes
que estão trajados com vestes brancas, quem são e de onde vieram”? Eu lhe
respondi: “Meu Senhor, és tu quem o sabe”! Ele então me explicou: “Estes são os
que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestes e alvejaram-nas no sangue do
Cordeiro. É por isso que estão diante do Trono de Deus, servindo-o dia e noite
em seu templo”.
Amigos;
Quando
iniciei a escrita deste artigo, tinha um único desejo: demonstrar através das
escrituras e da tradição da Igreja que a imortalidade da alma não foi uma
doutrina adotada dos gregos, mas sim, uma crença genuinamente cristã que tomou
forma e conhecimento a partir do advento de Jesus Cristo que nos concedeu
acesso livre ao paraíso celeste, enquanto aguardamos o grande dia da
ressurreição de nossos corpos.
Paulo manifestou
seu desejo de partir, de abandonar seu corpo para estar, para habitar com
Senhor. Penso que os mortalistas não podem desfrutar de tamanha esperança já
que acreditam que após a morte, exista um “vácuo” que se completará apenas na
ressurreição. Dizem eles que se cremos, é por influência platônica, mas, se esquecem
de que na Grécia antiga, um filósofo chamado “Epícuro” também não acreditava
que a alma se perpetuava após a morte, pelo contrário, pensava que a mesma
morria com o corpo, sendo assim, sempre me questiono qual seria o critério para
os defensores da alma mortal em anexar influências helênicas a doutrina cristã,
se a própria crença dos mesmos se baseia em uma ideia de um também filósofo
grego? Coisas a se pensar ou quem sabe a se avaliar.
Neste
artigo foram colocadas diversas fontes bíblicas e assim, peço a Virgem Maria,
Mãe da Igreja que rogue por todos para que a mente se abra a fim de conhecer as
verdades cristãs deixadas por nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Embora
saiba que muitos não creem, ainda sim, prefiro eu ficar com as palavras de
Jesus:
Mt 10,28a – Não temais os que matam o corpo, mas NÃO PODEM matar alma.
Que a
paz do Senhor esteja com todos!
Érick
Gomes.