“Maria, uma virgem não profanada, virgem tornada
inviolável pela graça, livre de toda mancha do pecado” (Sermão 22,30 – Ambrósio
de Milão [337 d.C]).
INTRODUÇÃO
O cristianismo
é a religião do milagre. Se você crê nisso e entende que as regras naturais
jamais poderiam ser aplicadas por aqueles que seguem a Cristo, deve saber que a
fé é um combustível fortíssimo para aqueles que sabem que esse mundo não nos
pertence. A vinda de Jesus trouxe-nos a esperança. O catecismo da Igreja
Católica no parágrafo 2466, ensina:
“Em Jesus Cristo, a verdade de Deus se
manifesta plenamente. Cheio de graça e verdade, Ele é a luz do mundo”.
O projeto de
Deus para a salvação do gênero humano culminava no envio de seu único filho
para regenerar os homens de seus pecados (Jo
3,16), entretanto, para que a luz chegasse até nós, seria necessária a
mediação de uma criatura que estivesse preparada para receber tal missão. São
Paulo em sua carta aos Gálatas, afirma que ao chegar à plenitude do tempo,
enviou Deus o seu filho, “nascido de
mulher” (Gl 4,4). Essa mulher
cheia de graça (Lc 1,28) e já
prefigurada pelos antigos profetas (Is
7,14) é filha de Sião (Zc 2,14; Is 12,6), é a mãe de Deus (Lc 1,43), Maria Santíssima.
Maria, no
qual o anjo disse: “Encontraste graça
junto de Deus” (Lc 1,30) foi a
primeira e única mulher que concebeu uma criança sem contato com qualquer
homem. Esposa do Espírito Santo e tomada pela sombra do altíssimo (Lc 1,35), Nossa Senhora inaugura o
período messiânico através do seu generoso sim (Lc 1,38), afinal, para Deus nada é impossível (Lc 1,37). A concepção virginal do filho
de Deus é professada no credo apostólico (“nascido
da virgem Maria”) e é dogma de fé para todos os cristãos, assim como a
virgindade perpétua dessa boa mãe.
Desde o
início dos séculos, a Igreja afirma que Maria permaneceu virgem “antes, durante e depois do parto”. Não
apenas a fé católica, mas também às Igrejas Ortodoxas professam em pé de igualdade
esse mistério, entretanto, há aqueles que continuam a desacreditar, seja por
teimosia ou falta de fé. Como se já não bastasse, defender a honra de Nossa
Senhora contra ataques ateístas que desmerecem o milagre da concepção virginal,
somos convidados a defender essa mesma virgindade de muitos que se dizem
cristãos. É nessa intenção que nasce mais um artigo em defesa da fé de nossos
antigos pais. Nesse novo texto, confrontaremos os argumentos levantados contra
a verdade de 2000 mil anos e daremos respostas a todas as alegações e acusações
de mais um líder protestante.
Como de
praxe, selecionei os principais pontos, sendo que, minhas respostas estarão em
preto e as do pastor em vermelho.
Rogo que a
Virgem Santíssima, mãe dos cristãos, mãe da Igreja, interceda por você que irá
acompanhar-me nas palavras aqui colocadas.
Obs 1: O
texto aqui referido é do “pastor” Esequias Soares da assembleia de Deus de
Jundiaí/SP.
Obs 2: link
na integra: http://www.cacp.org.br/o-falso-dogma-da-virgindade-perpetua-de-maria/#viewreplies
REFUTANDO AS ACUSAÇÕES
1 – A recente descoberta arqueológica do ossuário de “Tiago, irmão de Jesus, filho de José”, epígrafe encontrada
no sarcófago, em Jerusalém, e noticiada em todo o mundo, afeta entre outros os
católicos romanos e ortodoxos. O Tiago do ossuário, encontrado pelos
arqueólogos, é identificado no Novo Testamento como o “irmão do Senhor” (Gálatas 1.19). A descoberta despertou em todo o mundo o
interesse sobre os irmãos de Jesus.
Definitivamente,
a descoberta desse ossuário não afeta ortodoxos e tão poucos nós, católicos.
Desde que os cristãos peregrinam na terra, nos últimos dois mil anos, sempre
existiram pessoas de dentro e de fora da Igreja que procuraram motivos para
escarnecer e desmerecer os mistérios da fé católica. Chega a ser cômico, o
autor desse texto, bradar aos sete ventos que essa descoberta possa
incomodar-nos. Se assim fosse, teríamos que ficar amedrontados por muitos
outros escritos e pseudo-documentos que colocariam a nossa e até mesmo a fé dos
protestantes em cheque.
Vejamos:
- Em 6
de Abril de 2006, foi revelado ao mundo o “evangelho segundo Judas”. Uma cópia redigida na língua copta
oriunda dos textos escritos em grego. O documento foi escrito há cerca de mil e
setecentos anos (1700) e que passou boa parte do tempo perdido em uma caverna
no deserto egípcio. O conteúdo? Diferente dos evangelhos sinóticos que apontam
Judas como traidor, o novo evangelho aponta Iscariots como o discípulo mais
fiel de Jesus e pasmem: ele entrega o Senhor porque ele próprio (Jesus) havia
pedido.
Ainda que a
obra seja milenar, deveríamos dar crédito para algo tão herético e que
contradiz tudo aquilo que aprendemos?
- Um documento intitulado de o “evangelho perdido”, descoberto na
biblioteca britânica e traduzido do aramaico, revela algo estranho aos olhos da
fé cristã: Jesus teria se casado com Maria Madalena e tidos filhos. O
manuscrito possui quase mil e quinhentos anos (1500).
Um documento
milenar que revela assuntos heréticos e contrários à fé, deve ser digno de
crédito por aqueles que creem em Jesus?
- O historiador Michael Paulkovich, em seu
livro “A fábula de Cristo”, afirma ter analisado 126 textos da época em que é
atribuída a vida de Jesus e não ter encontrado qualquer referência para acreditar
que Ele de fato tenha existido.
Ainda que
“126 textos” tenham sido analisados, você deixaria de crer na existência do
Senhor por conta disso?
- Em 1980,
foi encontrada uma tumba em Jerusalém, onde, de acordo com o geólogo Aryeh
Shimron, há os restos mortais de Jesus e toda a sua família, incluindo esposa
(Maria Madalena) e filho (Judá).
Ora, se o
pastor, escritor do artigo, dá crédito para a inscrição de um mortuário, por
que também não acreditar nessa descoberta?
Sendo assim
caros leitores, qual a relação dessas informações com o possível ossuário de
Tiago?
Não é a
primeira vez que um achado arqueológico faz frente às crenças genuinamente
cristãs. A grande verdade é que a mídia secular tem um interesse grandioso em
destruir o cristianismo e a Igreja Católica sempre tem sido o principal alvo
dos inimigos do Reino de Deus. Infelizmente, muitos protestantes acabam por
contribuir com essa degeneração.O suposto
ossuário de Tiago é verídico? Pois bem, já foram feitos centenas de testes e
desde 2002 a relíquia tem sido posta a prova e de fato, a caixa é
correspondente à época em que Jesus viveu. Negar esse fato é ir contra as
provas já apresentadas, porém, a inscrição pode ser analisada de acordo com o
que já foi mencionado acima. Há inúmeros documentos antigos que procuram
retratar uma história diferente daquela que cremos e por que no caso do
ossuário onde está escrito “Tiago, irmão
de Jesus, filho de José”, deveria ser diferente?
Será que toda
a patrística que defendeu esmagadoramente que Jesus foi o único filho de Maria,
estaria errada? Ainda que a bíblia mencione que Cristo tinha “irmãos”, não há
em qualquer lugar a afirmação que esses irmãos tenham sido filhos de Maria ou
José. Alias, não há nenhuma passagem que afirme que “Tiago era filho de José” e para desespero dos teólogos evangélicos,
nem o próprio Tiago, em sua epístola, afirma ser irmão de Jesus (Tg 1,1) e tão pouco Judas, irmão de
Tiago, afirma qualquer parentesco com o Senhor (Jd 1,1).
Isto é, uma
lápide pode mudar o curso de uma história? O suposto evangelho de Judas, o
evangelho perdido, os 126 textos analisados por um historiador ou os supostos
ossos de Jesus e sua família, mudaram?
É triste
dizer que para alguns cristãos (não católicos), acreditar em algo só é possível
quando isso faz parte do interesse em destruir a fé universal. Por exemplo, os
mesmos que defendem com total vigor a frase da caixa mortuária, são os
primeiros a renegar a veracidade do Santo Sudário (há provas abundantes de sua veracidade) que é uma prova viva da
existência de Nosso Senhor Jesus Cristo e são os únicos a não se importar com
um manuscrito datado do ano “250 d.C” que foi encontrado em uma Igreja Ortodoxa
Copta no terceiro século, onde, diz:
“Debaixo de tua misericórdia nós nos
refugiamos ó Mãe de Deus, nossas preces não desprezes nas nossas necessidades,
mas dos perigos, livra-nos. Única pura, única abençoada”.
O pedaço que
restou do pergaminho está em posse da Universidade de Manchester na Inglaterra.
Como se vê, a
escolha do que acreditar ou não, sempre estará seguindo um critério básico: se
a Igreja Católica crê, obviamente eles estarão remando contrariamente a
nós.
2 – A mídia internacional lembrou que os católicos rejeitam a
crença de que Maria gerou outros filhos além de Jesus, e que nunca teve irmãos;
e que os protestantes ensinam o contrário, que Maria gerou mais filhos depois
de Jesus.
Os
protestantes não ensinam o contrário. A não ser que o responsável pelo texto
esteja referindo-se aos atuais.
Ainda que os
tais reformadores tenham levado a Igreja a centenas de divisões, não podemos negar que todos eles, sem exceções, eram devotos de Maria e defendiam sua
dignidade. Ainda que pentecostais e protestantes históricos falem com certa
paixão de Lutero, Calvino e outros; poucos sabem do amor que esses homens
nutriam pela Mãe do Salvador.
Em 1537, Martinho Lutero em seu “sermão na festa da visitação” diz sobre Maria:
“Maria é a mulher
mais elevada e a pedra preciosa mais nobre do cristianismo depois de Cristo.
Ela é a nobreza, a sabedoria e a santidade personificadas. Nós não poderemos
jamais honrá-la o bastante”.
Já em seu “sermão
sobre João” (1-4, 1534-39), o ex-monge continuava seguindo a mesma linha de
pensamento da Santa Igreja Católica:
“Cristo era o único
filho de Maria. Das entranhas de Maria, nenhuma criança além dEle”.
Zwingli
compartilhava do mesmo pensamento de Lutero. Em seu “Corpus Reformatorum” (Opera 2,189), ele afirma:
“Estimo grandemente
a Mãe de Deus, a virgem Maria, perpetuamente casta e imaculada”.
João Calvino, o responsável pela linhagem das
denominações presbiterianas, procura explicar a passagem de Mt 1,25 da seguinte maneira (João Calvino. Sermão sobre Mateus 1,22-25,
1562):
“Houve certas pessoas
que quiseram sugerir a partir desta passagem [Mt 1,25] que a Virgem Maria teve
outros filhos além do Filho de Deus, e que José se relacionou intimamente com
ela depois; mas que estupidez! O escritor do evangelho não teve a intenção de
registrar o que aconteceu depois; ele simplesmente quis deixar bem clara a
obediência de José (…). Ele, portanto, nunca coabitou com ela nem compartilhou
de sua companhia. Além disso, Nosso Senhor Jesus Cristo é chamado o
primogênito. Isso não é porque houve um segundo ou um terceiro filho, mas
porque o escritor do Evangelho está destacando sua precedência.”
Parece improvável que os iniciadores do protestantismo,
tivessem a mesma opinião dos ensinos atuais dos chamados evangélicos, sendo
assim, como dizer que o protestantismo afirma ao contrário? Talvez, seja mais fácil e correto assumir que
as ramificações e seitas posteriores é que passaram por modificações. Dizer que
Maria Santíssima possui outros filhos, além de estar em desacordo com a bíblia
(a escritura não indica que qualquer
“irmão do Senhor” seja filho de Maria), tradição e informações oriundas dos
próprios reformadores, é heresia profunda.
3 – A Bíblia nos diz que, no começo, os irmãos de Jesus não
criam nele (João 7.3-5). Eram quatro irmãos – Tiago, José, Judas e Simão – e
algumas irmãs (Marcos 6.3). Depois da ressurreição de Jesus, seus irmãos
aparecem na comunidade dos discípulos (Atos 1.14). Tiago tornou-se líder da
Igreja de Jerusalém e presidiu o Concílio de Jerusalém (Atos 15.13-19). Josefo,
Hesipo e Eusébio de Cesaréia falam de sua justiça e piedade e também da maneira
brutal como foi assassinado em Jerusalém.
Um fato incontestável nos escritos do novo testamento é a
afirmação de que Jesus Cristo tinha irmãos e irmãs, porém, não há qualquer
confirmação que tais pessoas eram de fato, irmãos uterinos, isto é, filhos de
Maria e José. Ainda que o novo testamento aponte os tais irmãos (Mt 13,55; Jo 7,3; At 1,14),
encontramos lacunas ao identificar ligações maternas ou paternas para Tiago,
José, Judas e Simão. Além de não existir nenhuma passagem onde os “irmãos”
sejam mencionados como filhos de Maria ou José, tanto Tiago, como Judas,
autores de uma epístola cada, se quer identificam-se como filhos da Mãe do
nosso Senhor. Talvez, a única exceção seja para Judas que afirma ser “irmão de
Tiago” (Jd 1,1).
A grande verdade é que somente Jesus Cristo é o único chamado de "filho de Maria" (υιός):
Mc 6,3a – “Não é este o carpinteiro, o filho de
Maria”.
Se tivéssemos que considerar o uso da palavra
“irmão” no ambiente hebreu para filhos da mesma mãe, teríamos que aceitar
alguns absurdos que iriam contra a própria racionalidade. No livro de crônicas,
lemos que Uriel, filho de Caat, possuía cento e vinte (120) irmãos (1 Cr 15,5) e que Obed-Edom, filho de
Iditum e Hosa, tinha um total de sessenta e oito (68) irmãos (1 Cr 16,38).
A palavra utilizada o original grego para irmão é αδελφός (adelphos), sendo que , seu uso corresponde a ligações amplas de parentesco (Gn 13,8; Gn 29,15 e Lv 10,4). Ainda
que a tradução seja colocada como “irmão”, sempre devemos levar em consideração
o ambiente
da época em que as famílias viviam em um sistema “tribal” de moradia, onde,
todos os familiares moravam próximos ou nas mesmas casas. Possivelmente, esse
seja o motivo da constante presença de toda a família de Jesus em algumas de
suas aparições públicas (Mt 12,46).
Tiago, o chamado justo e Bispo de Jerusalém é o filho da "outra Maria" (Mc 15,40; Mc 16,1). Ele é identificado pelo evangelista Marcos como o “menor”. O parente do Senhor não
deve ser relacionado com os outros dois apóstolos que possuíam o mesmo nome (Mt 10,2-3), uma vez que, ele não havia
acreditado em Jesus (Jo 7,5) e só
passou a ter fé quando o mesmo Cristo revelou-se a ele através de uma aparição
(1 Cor 15,4-7).
Jesus, por se o único filho daquela que era e é "cheia de graça" (Lc 1,28) aos pés da cruz, vendo a mulher (Gn 3,15) na qual ficou submetido por trinta anos e sabendo que Ele era o único que habitou em seu santo ventre, entregou-a ao apóstolo João para que ele por fim, cuidasse daquela que foi a primeira cristã e que se tornou pela graça, mãe de todos nós.
Jo 19,26 - "Jesus, então, vendo sua mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse à sua mãe: "Mulher, Eis teu filho"! Depois disse ao discípulo: "Eis tua mãe"! E a partir dessa hora, o discípulo a recebeu em sua casa".
Se Maria tivesse tido outros filhos, jamais seria entregue aos cuidados de um apóstolo que tão pouco era parente do Senhor.
4 – É evidente que o nome Tiago era muito comum na época, da mesma forma o era também o nome de Jesus. Josefo menciona cerca de treze personagens chamados Jesus. O historiador judeu diz que certa vez o sumo sacerdote Anano reuniu o conselho "diante do qual fez comparecer Tiago, irmão de Jesus, chamado o Cristo, e alguns outros" (História dos Hebreus, CPAD, livro 20.8.856). O nome José também era muito comum e encontramos vários personagens na Bíblia com esse nome.
Essa é uma das partes do texto do interlocutor que eu não iria colocar aqui, uma vez que, não há informações a serem refutadas, a não ser, algumas colocações, porém, um fato chamou-me a atenção: o responsável pelo artigo usa Flávio Joséfo (historiador Judeu) para relatar um fato histórico onde ele, cita a presença de Tiago perante as autoridades da época. Para entender o contexto, vejamos o trecho da obra “Antiguidades Judaicas”, onde, temos a seguinte informação:
"Assim ele reuniu o sinédrio dos juízes, e trouxe diante dele o irmão de Jesus, o que era chamado Cristo, cujo nome era Tiago e alguns outros".
A importância de trazer esse trecho para os leitores é de justamente, fazer um comparativo com aquilo que nos é passado pelos próprios escritores bíblicos.
O motivo?
Embora tenhamos relatos sucintos sobre o ciclo familiar de Jesus, é justo e correto afirmar que para os padrões da época, possivelmente, Cristo possuía muitas pessoas que faziam parte de sua família. Para os escritores do novo testamento, tais pessoas, estavam integrados em um grupo distinto e gozavam de especial reputação, isto é, o uso de "irmãos do Senhor" caracterizava-se como uma espécie de título honorífico atribuído desde o inicio na Igreja primitiva.
O judeu Flávio Josefo não era cristão e tão pouco conhecia profundamente o ministério de Jesus, sendo assim, por não nutrir qualquer conhecimento sobre sua história, ao se referir sobre Tiago, o chama como "irmão de Jesus", diferente de toda a literatura bíblica que coloca claramente tão título para os parentes sanguíneos do Cristo (At 1,15 e 1 Cor 9,5).
5 – Não era usual alguém usar o nome de seu irmão junto ao seu. Nessa epígrafe do ossuário de Tiago, só se justificaria tal uso se esse irmão fosse alguém muito famoso. Esse vínculo de Tiago com seu irmão não deixou dúvida alguma para os peritos de que se trata mesmo de Tiago, que pastoreou a Igreja de Jerusalém, irmão de nosso Senhor Jesus Cristo, e que José, pai de Tiago, é o mesmo “José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo” (Mateus 1.16). O ossuário se encontra no Canadá para mais análise.
O suposto ossuário de Tiago entra na lista de achados arqueológicos que procuram, entre todos os objetivos, polemizar algo que à Igreja crê desde o início dos séculos. Assim como temos a epígrafe de Tiago na caixa mortuária, temos certo evangelho perdido que narra um possível casamento de Jesus com Maria Madalena, um evangelho de Judas que compartilha de profunda gnose e até mesmo, uma tumba encontrada em Jerusalém com os supostos ossos de Jesus.
A grande questão é que dentre todos os exemplos, o ossuário é convidativo para os protestantes, pois, vem de encontro com aquilo que nós católicos acreditamos, do contrário, penso que o dono desse artigo, teólogo do CACP, estaria do lado oposto. Infelizmente, essa não é a realidade.
Ainda sim, devemos levar em consideração que embora o ocidente cristão sempre tenha visto nos irmãos do Senhor, familiares e parentes próximos, o oriente que também crê na virgindade perpétua de Maria, vê nesses “irmãos”, filhos de um primeiro casamento de São José. O próprio proto-evangelho de Tiago que é um documento antiquíssimo que remonta aos primeiros séculos da Igreja, menciona que José ao ser incumbido da missão de casar com Maria, já era viúvo e tinha filhos de seu primeiro casamento (Prot0-Evangelho Tg 9,1-3).
Isto é, se levarmos em consideração a lápide na caixa mortuária como verídica e olharmos para a tradição oriental que é digna de veneração e também aceita por nós, católicos, não teríamos qualquer problema em acreditar na possível paternidade do pai adotivo de Jesus em relação a seus “meios-irmãos”.
6 – Tiago é a forma grega do nome hebraico Taa’qob – Jacó. Alguns deles estão no Novo Testamento e muitas vezes se torna difícil identificá-los. Um deles é o filho de Zebedeu, irmão de João (Mateus 4.21). Os dois irmãos foram chamados por Jesus para fazerem parte de seu colégio apostólico (Mateus 10.2; Marcos 3.13; Lucas 6.14; Atos 1.13). Este Tiago foi degolado por Herodes Agripa I, em 44 d.C. (Atos 12.2). O outro Tiago é filho de Alfeu, também um dos doze apóstolos. é identificado como filho de Alfeu apenas quatro vezes em todo o Novo Testamento (Mateus 10.2; Marcos 3.18; Lucas 6.15; Atos 1.13). Seria ele o mesmo que é chamado de Tiago, o Menor, em Marcos 15.40? Até hoje ninguém deu de maneira concreta e decisiva a resposta final. Tanto uma resposta como outra pode estar correta. Aparece ainda um Tiago, pai ou irmão de Judas, pois o texto grego diz literalmente “Judas de Tiago” (Lucas 6.16; Atos 1.13).
Não é tarefa difícil identificar os Tiagos mencionados no novo testamento. Ainda que o interlocutor afirme o contrário, uma rápida análise dos evangelhos revela-nos com certa facilidade, tais nomes e ainda indica os “irmãos do Senhor” como membros de sua família, porém, sem qualquer relação filial com Maria Santíssima, mãe única de Jesus (Mc 6,3).
Vejamos quais são e quem são os “Tiagos”:
- Tiago, filho de Zebedeu.
Apostolo e irmão de João, o “amado” (Jo 21,20). Sempre aparece nos relatos junto a Pedro (Mc 5,37); foi morto à espada por Herodes (At 12,2).
- Tiago, filho de Alfeu
Assim como o “Tiago de Zebedeu”, Tiago, filho de Alfeu também fazia parte dos doze (Mt 10,3). De fato, seu nome aparece apenas quatro vezes no novo testamento, sendo que, sua última aparição com o título de "filho de Alfeu" é em At 1,13.
- Tiago de "Judas"
Na lista colocada pelo evangelista São Lucas, o penúltimo apóstolo é mencionado como “Judas, filho de Tiago” (Lc 6,16). Não sabemos se esse Tiago de Judas é o filho de Alfeu, porém, em caso negativo, teríamos aqui, outro Tiago.
- Tiago o "menor" (irmão do Senhor)
Por fim, chegamos ao Tiago denominado menor que era o irmão do Senhor. Este, não foi apóstolo, uma vez que, não acreditou no Senhor (Jo 7,5). Só passou a seguir o Cristo após uma aparição do ressuscitado (1 Cor 15,4-7). Sabemos pela própria escritura que Maria, a mãe do Senhor, tinha também uma irmã chamada de Maria ou, talvez, sua cunhada (Jo 19,25). Essa irmã é a que aparece aos pés da Cruz sendo identificada pelos evangelistas como a mãe de “Tiago e Joset” (Mt 27,55-56 e Mc 15,40). Em outros relatos, ela aparece como a “outra Maria” (Mt 28,1), em outros somente como a mãe de Tiago (Mc 16,1 e Lc 24,10) ou em alguns como a mãe de Joset (Mc 15,47).
Além do testemunho bíblico que indica essa parenta da mãe do Cristo como mãe dos irmãos (primos) de Jesus, podemos identificar outra prova escriturística a respeito de “Joset”, também apresentado como irmão de Tiago.
No evangelho de Marcos está escrito: “Não é este o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, Joset, Judas e Simão”? (Mc 6,3).
Lendo o relato do mesmo evangelista no ato da crucificação, encontramos o seguinte texto: “E também estavam ali algumas mulheres olhando de longe. Entre elas, Maria de Magdala, Maria, mãe de Tiago, o menor, e de Joset e Salomé” (Mc 15,40-41).
No fim do mesmo capítulo, lemos: “Em seguida, rolou uma pedra, fechando a entrada do túmulo. Maria de Magdala e Maria, mãe de Joset, observaram onde ele fora posto” (Mc 15,47).
Observem que Marcos usa a variação de Joset para as três situações, isto é, embora em um primeiro momento os “irmãos do Senhor” sejam colocados em companhia do Cristo, verificamos mais adiante que de fato, eles eram filhos da irmã (ou cunhada) de Maria Santíssima. Ao que tudo indica, São Marcos apropria-se do uso do nome para identificar que de fato esse Joset é de fato filho de outra Maria.
E aos que possam criar objeções e alegar que o escritor poderia ter usado essa variação para qualquer homem com tal nome, teriam que responder a duas questões:
1 – Por que São Marcos, ao falar de “José de Arimatéia” no mesmo capítulo, não continua a usar a variação “Joset” e não a forma habitual “Iosef”? (veio José de Arimatéia, ilustre membro do conselho [Mc 15,43]);
2 – No novo testamento, temos um total de 8 (oito) pessoas chamadas José. O uso do nome “Joset” aparece somente nas três passagens indicadas acima (Mc 6,3; 15,40-41; 15,47). Seriam essas indicações apenas coincidências ou a prova viva de que Jesus de fato, possuía primos?
Pois bem, as respostas já estão expostas nesse tópico!
7 – A Igreja Católica, que deveria pregar o nome de Jesus para mundo, está, no entanto, substituindo-o pelo de Maria. Ultimamente, até os filmes sobre a vida de Jesus estão eivados de mariolatria. Já não se fazem filmes como antigamente. O filme Maria, Mãe de Jesus, como também o filme Maria, Filha de Seu Filho, são uma apologia ao culto de Maria e à oração em seu nome. Isso é idolatria e como tal é condenada pela Bíblia (Lucas 11.27-28; João 2.4; 1 Timóteo 2.5). Esse último filme foi exibido no Brasil por uma rede de TV na mesma semana da descoberta desse ossuário.
Leiamos o que está escrito no parágrafo 161 do “Catecismo da Igreja Católica”:
“É necessário, para obter esta salvação, crer em Jesus Cristo e naquele que o enviou para nossa salvação. Como, porém, sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11,6) e chegar ao consórcio dos seus filhos, ninguém jamais pode ser justificado sem ela, nem conseguir a vida eterna, se nela não permanecer até o fim (Mt 10,22; 24,13)”.
O desconhecimento e a falta de sabedoria, talvez, seja uma das maiores mazelas do protestantismo.
A Santa Igreja Católica anuncia o nome de Jesus Cristo a mais de dois mil anos. Além de ser a maior obra caritativa do mundo (mantém asilos, leprosários, orfanatos, hospitais), foi a responsável pela criação do sistema universitário durante a idade média, onde, difundiu o conhecimento por todos os continentes.
Nos últimos 20 séculos, a fé católica tem propagado a verdade, tem rezado por todos os povos e tem adorado em espírito e em verdade o Cristo que vive no meio de nós, através da sua presença viva na eucaristia. A Igreja passou por diversos problemas e sofreu muitos golpes de seus inimigos, sendo que, nenhuma instituição se manteria de pé se não estivesse firmada na verdade do Senhor. É o Espírito Santo que sopra como brisa suave e mantém intacta a mais antiga Igreja Cristã do mundo.
Mas, o problema continua sendo “Maria”. Aquela mulher (Gl 4,4) que nos trouxe o salvador, não é vista com bons olhos por muitos hereges, contrariando assim, as palavras do próprio evangelho: “Maria, então, disse: Minha alma engrandece o Senhor e meu espírito exulta em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humilhação de sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada” (Lc 1,47-48).
Maria Santíssima não é um ser divino, ao contrário, é uma criatura. A esse respeito, São Luiz Maria Grignion de Montfort em seu livro “Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem” faz a seguinte colocação:
“Confesso com toda a Igreja que Maria é uma pura criatura saída das mãos do Altíssimo. Comparada, portanto, à majestade infinita ela é menos que um átomo, é antes, um nada, pois só Ele é ‘Aquele que é’” (Ex 3,14).
Entretanto, sabemos que Nossa Senhora, ao participar do projeto de salvação do Senhor todo poderoso, passou a não ser somente a Mãe de Deus (Lc 1,43) e sim, mãe da Igreja (Jo 19,26-27), logo, mãe de todos nós, cristãos.
A própria escritura ensina que devemos “honrar pai e mãe” (Ex 20,12) e que somos convidados a “lembrar-nos de nossos guias na fé” (Hb 13,7), sendo assim, como deixaríamos de venerar essa boa Mãe que contribuiu plenamente com o projeto de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo?
Além de que, se o próprio Jesus, sendo o Verbo encarnado, manteve-se submisso aos cuidados de sua mãe por 30 (trinta) anos, por que nós, cristãos, não poderíamos? Idolatria é negar a verdade compartilhada pela Igreja.
Maria não é deusa, mas, como criatura perfeita e imaculada moldada pelo próprio Pai, tornou-se pela graça, Mãe de toda a Igreja. Afinal, não é a própria bíblia que ensina que há duas descendências (serpente e mulher = Gn 3,15 e Ap 12,17)? Sendo assim, os que renegam sua maternidade, seguem os passos de Jesus Cristo?
“Enfurecido por causa da Mulher, o dragão foi então guerrear contra o resto dos seus descendentes, os que observam os mandamentos de Deus e mantém o testemunho de Jesus”.
Maria não é adorada e sim venerada porque Ela é a “nova arca da aliança”:
- Na arca da antiga aliança, o próprio Deus se manifestou (Ex 25,22; Nm 7,89). No ventre de Maria, o Deus vivo habitou (Mt 1,23; Jo 1,14);
- Na arca da antiga aliança, Deus habitava e demonstrava sua glória através de uma nuvem ou sombra (Ex 40,34; 1 Rs 8,10; Ex 10,3). Por sua vez, Maria foi tomada pela sombra do altíssimo (Lc 1,35) e o Verbo se fez carne (Mt 1,23);
- No velho testamento, a arca carregava a antiga aliança de Deus (Ex 25,16). Maria Santíssima carregou dentro si a nova aliança (Hb 12,24);
- Na arca da aliança, estava à vara de Arão (Nm 17,25; Hb 9,4), símbolo do sacerdócio. Jesus, o grande sumo sacerdote, foi construído no ventre santo de Maria (Hb 4,14);
- A arca continha o maná, isto é, o pão descido dos céus para alimento dos hebreus (Ex 16,33). Maria, sacrário vivo, teve dentro de si, o próprio pão que desceu do céu para a nossa salvação (Jo 6,51), o verdadeiro e único maná que se da por nós (Jo 5,54).
Os judeus tinham muitos motivos para tratar a Arca da Aliança com respeito e veneração. Até das mãos dos Filisteus, eles acreditavam que Arca poderia livrá-los (1 Sm 4,3-7). Sendo Maria, a “nova arca”, somos convidados a declarar sua bem aventurança até a parusia do Cristo.
OBS: o filme a “Paixão de Cristo” de Mel Gibson é de orientação católica. Líder em bilheteria, o filme foi um dos mais aclamados relatos já feitos sobre o sofrimento de Nosso Senhor. O responsável pelos ataques a Mãe de Deus, deveria atualizar-se! Além de que, já está sendo trabalhada a continuação (http://pt.aleteia.org/2016/06/14/mel-gibson-prepara-sequencia-de-a-paixao-de-cristo/) e eu creio que muitos cristãos (católicos ou não) irão prestigiar a obra.
8 – A Igreja Católica pôs Maria no status divino. O livro As Glórias de Maria, publicado em mais de 80 línguas, e em português pela Editora Santuário, é de autoria de Afonso Maria de Liguori, canonizado pelo papa. Essa obra é a maior apologia ao culto de Maria. Afirma Liguori: “Nossa salvação será mais rápida, se chamarmos por Maria, do que se chamarmos por Jesus” (pág. 208). “A Santa Igreja ordena um culto peculiar à Maria” (pág. 130). “Muitas coisas… são pedidas a Deus, mas não são recebidas; são pedidas a Maria e são obtidas”, pois “Ela… é também Rainha do Inferno e Senhora dos Demônios” (págs. 123 e 127). Como ainda ousam dizer que são cristãos? Maria hoje rejeitaria essas honra e glória que os marianos lhe atribuem, mas que pertencem exclusivamente ao Senhor Jesus.
A obra “Glórias de Maria” é talvez, um dos mais belos escritos sobre a virgem santíssima. Elaborado por S. Afonso de Ligório, doutor da Igreja, o livro procura trazer ao leitor os benefícios que a intercessão da Mãe do Salvador pode conceder aqueles que solicitam seu patrocínio e seus rogos. É triste afirmar que grande parte dos protestantes, tem usado frases recortadas e até mesmo adulteradas, para assim, desmerecer a obra de Ligório, caso esse, não muito diferente do criador do texto aqui refutado. A Santa Igreja Católica, não colocou em Maria um status de divindade, entretanto, deu continuidade a uma antiga tradição já firmada pelo próprio judaísmo, onde, a Mãe do Rei, também era a Rainha de toda a nação.
Jesus Cristo é o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores (Mc 15,18; Ap 19,16) e sendo ele, descendente da raiz de Davi (Mq 5,2; Mt 1,1-3), fez-se cumprir a profecia e foi nEle que encontrou-se o tão esperado “Rei de Israel” e é nesse sentido que Nossa Senhora é chamada e aclamada como Rainha. Percebam que dos 15 (quinze) reis do reinado de Judá, em todos eles, os escritores bíblicos faziam questão de citar suas respectivas mães (1 Rs 14,22; 1 Rs 15,1; 1 Rs 15,10; 1 Rs 22,42; 2 Rs 8,26; 2 Rs 12,2; 2 Rs 14,2; 2 Rs 15,2; 2 Rs 15,33; 2 Rs 18,2; 2 Rs 21,1; 2 Rs 22,1; 2 Rs 23,31; 2 Rs 23,36 e 2 Rs 24,18). Além de que, antes de todos esses monarcas, Salomão, homem cheio de sabedoria, venerava a sua própria mãe, a rainha Betsabéia:
1 Rs 2,19 – “Betsabéia foi, pois, à presença do rei Salomão para lhe falar de Adonias e o rei se ergueu para ir ao seu encontro e se prostrou diante dela; depois sentou-se no trono e mandou colocar um assento para a mãe do rei e ela sentou-se à sua direita”.
Sendo assim, de forma justa e entendendo que o próprio Cristo, entregou sua própria Mãe para que pela graça, torna-se mãe de todos nós (Jo 19,26-27), sabendo pela própria bíblia que Maria é a Mãe de Deus (Lc 1,43) e seguindo um de seus próprios pedidos pessoais manifestado no evangelho de São Lucas – “Todas as gerações me chamarão de bem-aventurada (Lc 1,48) – a Igreja Católica carinhosamente, venera a mãe do salvador com honra de Mãe (Ex 20,12; Ef 6,2) e com títulos de Rainha (Ap 12,1).
E é sempre nesse sentido que Santo Afonso, interpreta a mariologia dentro de seu livro. De fato, a leitura pode parecer estranha aos olhos dos que não enxergam, porém, são palavras obrigatórias para todo o cristão. Para uma melhor compreensão da obra, dividi por tópicos as quatro frases colocadas pelo pastor e após as refutações, presentearei o leitor com muitas outras frases de Santo Ligório, onde, ele afirma diretamente a salvação de Jesus. É uma pena que tais informações, nem sempre sejam passadas as claras para que todos possam ver a verdade.
Para isso, utilizarei a versão do livro “Glórias de Maria” de número 11ª da edição italiana, editora Santuário.
8.1 – Afirma Liguori: “Nossa salvação será mais rápida, se chamarmos por Maria, do que se chamarmos por Jesus” (pág. 208).
No próximo tópico (número 9), estarão expostas várias citações do CIC (Catecismo da Igreja Católica), onde, apresentamos várias afirmações sobre a salvação de Jesus Cristo, sua luz, sua paixão por todo o mundo e sua mediação entre Deus e os homens. A fé católica ensina diretamente que nossa salvação está no nome do Senhor Jesus (CIC 74) e que por nenhum outro, compete que sejamos entronizados ao paraíso celeste (CIC 161).
Sendo assim, analisemos a frase que consta no livro em sua totalidade, para assim, entendermos o teor da afirmação dessa grande doutor católico:
Pg 208 – “Isso motiva então as palavras de Eádmero ao afirmar que nossa salvação será mais rápida, se chamarmos por Maria, do que se chamarmos por Jesus. Pelo que Hugo de S. Vítor nos adverte que se os nossos pecados nos fazem ter medo de nos chegarmos para Deus, cuja Majestade infinita ultrajamos, não devemos recear de recorrer a Maria; pois, nada nela existe que inspire terror. É verdade que é santa, imaculada, rainha do mundo e Mãe Deus, mas é uma criatura e filha de Adão, como nós”
Ao verificamos a frase, identificamos alguns pontos importantes:
1 – Não é Santo Afonso que afirma e sim, “Eádmero” e “Hugo de S. Vitor”;
2 – Através do texto completo, fica claro que a intenção de Santo Ligório é expor que nossas faltas e pecados são tão perniciosos que, seria um ultraje apresentar-nos perante a majestade divina e por esse motivo, indica a intercessão de Maria Santíssima, uma vez que, ela é uma criatura como nós e que como uma pura Mãe, roga a Jesus Cristo para que tenhamos o perdão e salvação eterna, mediante ao sangue puro do Redentor;
3 – A mariologia apresentada pelo santo nesse parágrafo, assemelha-se claramente as “Bodas de Caná da Galiléia”. O vinho havia acabado e a hora de Jesus ainda não havia chegado (Jo 2,4), porém, Maria intercede pelos noivos (Jo 2,3) e ainda que parecesse inoportuno qualquer sinal vindo do Cristo, o filho atende a solicitação da mãe (Jo 2,6-8).
4 – São Paulo ao escrever aos Romanos, diz: “E a vós, nações, eu digo: enquanto apóstolo das nações, eu honro o meu ministério, na esperança de provocar ciúme dos de meu sangue e de salvar alguns deles” (Rm 11,13-14). Paulo diz que tem esperança de causar ciúmes dos que fazem parte de seu sangue (judeus) e por consequência, salvar alguns deles. É claro que o apóstolo não é o responsável por salvá-los (só Cristo pode salvar-nos!), porém, ele pode produzir essa salvação mediante a sua participação na construção do Reino.
É dessa forma que esse trecho do livro de Santo Afonso deve ser interpretado: solicitamos a intercessão da Virgem Maria, para que assim, não nos percamos e possamos dignamente alcançar a salvação vinda da Cruz!
2 Cor 1,11 –
“Vós colaborareis para tanto mediante a
vossa prece; assim, a graça que obteremos pela intercessão de muitas pessoas
suscitará a ação de graças de muitos em nosso favor”.
8.2 – “A Santa Igreja ordena um
culto peculiar à Maria” (pág. 130).
Vejamos o texto original
que se encontra na página 113 (não 130 –
percebe-se ai, o quão profundo foi o interlocutor em olhar a obra):
Pg 113 –
“A Santa Igreja bem a nós, seus filhos,
ensina com quanto zelo e quanta confiança devemos recorrer sem cessar a esta
nossa amorosa protetora. Pois, é ordem sua que lhe tribute um culto particular”.
O culto peculiar ao qual Santo
Afonso diz é o que é ensinado pela Igreja no que implica a “veneração” não só
de Maria Ss., mas também dos Santos e Santas de Deus.
O único que é digno de ser adorado é o nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo, tanto que, o ápice da adoração que vive no coração de toda Igreja, está
centrada no mistério eucarístico, onde, o Cristo se faz presente nas espécies
do pão e vinho (Jo 6,55-56; Lc 22,19-20; 1 Cor 10,16; 1 Cor 11,27-30)
. O sacrifício eucarístico consiste na profunda adoração feita a Deus e é
especificamente nesse ponto que se difere o entendimento católico e
protestante: Para eles, cantar uma música ou solicitar a intercessão é
caracterizado como adoração, porém, para nós católicos, o culto de “latria”
está ligado ao sacrifício do Cristo. Não há sacrifico eucarístico por meio de
Maria ou dos Santos.
Maria Santíssima é venerada com especial devoção por toda a Igreja e isso,
não é um fato isolado de época e sim, algo que vem desde o seio primitivo da
fé. Assim como os judeus veneravam a antiga Arca da Aliança, a mãe do Senhor é
venerada por nós como o sinal vivo da “Nova Arca da Aliança”.
A bíblia atesta diferenças entre as ações de adoração a Deus e o louvor
que é dirigido a outras pessoas. No livro de Juízes, Débora é exultada como a
“Mãe de Israel” (Jz 5,7), em 1
Crônicas, lemos que toda a Israel dançava perante a Arca e faziam aclamações (1 Cr 15,27-28), já em 2 Crônicas, o
profeta Jeremias compõe uma lamentação para o Rei Josias que já havia morrido (2 Cr 35,25). Daniel por sua vez,
mostrou ousadia ao atribuir honra e glória ao rei Nabucodonosor (Dn 2,37).
Todos esses casos retratam certa espécie de culto, uma vez que, a
definição da palavra pode representar o significado não apenas de homenagem,
mas também de paixão ou amor externo por alguém.
Sendo assim, o culto peculiar a Virgem, tão
incentivado pela Igreja tem caráter venerativo. Até porque, nós veneramos Maria
por conta de sua relação com Jesus Cristo, nosso Senhor. A mãe só é honrada,
porque o filho a honrou e nunca separadamente. O fundamente mariológico sempre
está ligado com o fim último que é Jesus Cristo.
8.3
– “Muitas coisas… são pedidas a Deus, mas não são recebidas; são pedidas a
Maria e são obtidas” (pág. 123)
Vamos ao texto completo e
sem recortes (outro trecho onde nem a própria página correta foi respeitada):
Pg 118 –
“Muitas coisas se pedem a Deus, e não se
alcançam. Pedem-se a Maria, e conseguem-se. Como pode ser isso? Responde
Nicéforo que isto acontece, não porque Maria seja mais poderosa que Deus, mas
porque Deus determinou honrar assim sua Mãe”.
Propositalmente, o fragmento recortado (ou copiado de algum site, quem o sabem?) do famigerado pastor é
colocado com o pretexto de passar aos leitores que Santo Afonso estava ali,
concedendo mais poderemos a Maria Santíssima, porém, com o texto completo, é
possível perceber que o grande Doutor da Igreja não está dizendo que a mãe do
salvador tenha mais poderes que o próprio Deus e sim, afirmando que a forma com
que nosso Senhor honra a Maria, por ter sido Ela a mãe do Verbo encarnado, é
atendendo a todas as suas intercessões que são carinhosamente dirigidas ao seu
filho em favor de todos os cristãos.
Como já mencionado nesse artigo, o fim último de toda
a devoção é o próprio Deus, sendo assim, o fundamento final de todas as
respostas de orações, ainda que passem pelas mãos imaculadas de Maria
Santíssima, tem como origem a própria Trindade Santa.
8.4 – “Ela… é também Rainha do Inferno e Senhora dos Demônios” (pg 127).
Encontramos nesta pagina a seguinte citação:
Pg 123 –
“Ela é também a Rainha do Inferno e
senhora dos demônios, pois que os subjulga e doma, diz S. Bernardino de Sena.
Daí vem ser Maria chamada de terrível como um exército de batalha (Ct 6,4)”.
Maria foi à primeira
cristã. Uma vez que ela aceitou a missão de conceber o Verbo de Deus e de
nutrir a Jesus durante 30 (trinta) anos, podemos afirmar que ela não só subjulgou
o demônio como o domou, afinal, satanás foi derrotado na Cruz e Jesus só veio
ao mundo por intermédio do ventre santo de Maria.
Ap 12,17a –
“Enfurecido por causa da Mulher, o dragão
[antiga serpente] foi então guerrear contra o resto dos seus descendentes (...)”.
Também lemos em Apocalipse
que aqueles que pertencem a Deus, são sacerdotes do altíssimo e reinarão com
Ele (Ap 5,10 e Ap 20,6). Sendo Maria, a “Rainha Mãe”, eleita para carregar em seu
ventre o verdadeiro Rei de Israel e sabendo que ela já participa da glória
celeste e sendo honrada com o poderio de intercessão para com os filhos de
Altíssimo, não há porque encontrar qualquer incoerência na frase de São
Bernardino (sim, a frase não é de Santo
Afonso e foi apenas citada por ele em seu livro).
Sendo assim, é por isso que
essa boa Mãe é chamada de “co-redentora”: Maria participa do projeto de
salvação do Pai concedendo ao mundo o seu “sim” ao salvador e por consequência,
derrota o mal.
8.5 – Frases de Santo Afonso de Ligório que não informadas pelos
acusados.
Assim como prometi, estarei
colocando nesse artigo algumas frases do livro de Santo Afonso para apreciação
dos leitores. Normalmente, quando Santo Ligório é citado por protestantes e de
mais pessoas contrárias à fé, copiam frases de outros sites, recortam ou
adulteram o contexto correto para passar uma impressão incorreta da obra. O
livro é sobre as glórias de Maria, certo? Mas, será que Jesus Cristo, nosso
Senhor, é citado pelo doutor?
Leiam por si só, aquilo que nunca é mencionado:
Pg 35 –
“Por conseguinte, estão sujeitos ao
domínio de Maria os anjos, os homens e todas as coisas do céu e da terra, porque
tudo está também sujeito ao império de Deus”.
Pg 45 –
“O pecado, quando privou a nossa alma da
divina graça, a privou também da vida. Estávamos, pois, miseravelmente mortos,
quando veio Jesus, nosso Redentor, com excessiva misericórdia e amor, restituir-nos
a vida pela sua morte na cruz. Ele mesmo declarou: Eu vim para elas (as
ovelhas) terem a vida, e para a terem em maior abundância (Jo 10,10)”.
Pg 45 –
“<Em maior abundância>, porque,
dizem os teólogos, Jesus Cristo com a redenção trouxe-nos maior bem, do
que Adão mal nos causou com seu pecado. Assim, reconciliando-nos com Deus,
se fez Pai das almas da nova Lei da graça como já estava profetizado por
Isaías ao chamá-lo de <Pai do futuro e príncipe da paz (Is 9,6)>”.
Pg 56 –
“Maria não quis dizer nem uma só palavra
a favor do Filho, por não impedir a sua morte, da qual dependia a nossa
salvação”.
Pg 57 –
“O Filho não veio a terra senão para
salvar-nos, como Ele mesmo protestou: <Eu vim salvar o que tinha
perecido (Lc 19,10)>. E para salvar-nos despendeu até a própria vida,
fez-se obediente até a morte na cruz”.
Pg 72 –
“Apadrinhando-me com Santo Anselmo, ouso
dizer a voz e a vosso divino Filho: Ou apiedai-vos de mim, dulcíssimo
Redentor meu, perdoando-me”.
Pg 104 –
“Depois que Deus criou a terra, criou
também dois luzeiros. Um maior, isto é, o sol, para que alumiasse de dia, outro
menor, isto é, a luz, para que brilhasse à noite (Gn 1,16). O sol, diz o
Cardeal Hugo, é figura de Jesus Cristo, de cuja luz goza, os justos que
vivem no dia da divina graça”.
Pg 120 – “Minha mãe, se devo ter a graça de não poder
amar no outro mundo a meu Senhor, cuja amabilidade eu reconheço, obtende-me ao
menos a graça de amá-lo neste mundo com todas as minhas forças” –
Testemunho de São Francisco de Sales.
Pg 130 – “Que seja Jesus Cristo único Mediador
de justiça e reconciliar-nos com Deus, pelos seus merecimentos, quem o nega?”.
Pg 133 – “Nós confessamos que Deus é a fonte de
todos os bens e o Senhor absoluto de todas graças. Confessamos também que Maria
não é mais que uma pura criatura e que, quando obtém, tudo recebe de Deus
gratuitamente. Mais que todas as outras, esta sublime criatura na terra também
o honrou e amou, sendo ela escolhida para Mãe de seu Filho, o Salvador do
mundo”.
Pg 134 – “Não há dúvida, confessamos que Jesus
Cristo é o único medianeiro de justiça, porque seus méritos nos obtêm a graça
e a salvação”.
Pg 151 – “É verdade, sentado agora à direita de Deus
Pai, no céu, reina Jesus e tem supremo domínio sobre todas as criaturas e
também sobre Maria”.
Pg 163 – “Foi para dispersar-nos todas as
misericórdias possíveis, afirma S. Bernardo, que o eterno Pai, além de Jesus
Cristo, nosso principal advogado (...). Não há dúvida, Jesus é o único
medianeiro de justiça entre Deus e os homens, o único que em virtude dos
próprios méritos nos pode obter graça e perdão, e de acordo com suas
promessas também o quer”.
Pg 167 – “Mas, o que deve fazer um pecador que tem a
desventura de viver presentemente na inimizade de Deus? Precisa encontrar um
medianeiro que lhe obtenha o perdão e o faça recuperar a perdida amizade com
Deus. Como medianeiro deu-te o próprio Senhor seu Filho, Jesus Cristo,
que pode atender a teus desejos. Que coisa haverá que um tal filho não consiga
junto ao Pai? Mas, ó meu Deus, por que aos homens parece tão severo esse
misericordioso Salvador, que, enfim, por salvá-los deu a sua vida? Assim
pergunta o Santo. Por que julgam terrível quem é tão amável? Que temeis,
pecadores sem confiança? Ofendeste a Deus, é verdade, mas sabeis que Jesus
pregou à cruz vossos pecados, com suas próprias mãos que os cravos
transpassaram. Assim purificou nossas almas e satisfez com morte divina
justiça”.
Eis aqui, algumas das frases do livro as “Glórias de Maria”!
Aqui fica a pergunta, caros
irmãos: o que é mais fácil, denegrir um livro escrito por um doutor da Igreja,
sem qualquer conhecimento ou lê-lo e compreender qual é o ensino transmitido?
Ao que parece, muitos escolhem a primeira opção.
9 – A Bíblia ensina que somente Jesus salva. Ele mesmo disse: “Ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14.6).“Em nome de Jesus Cristo (…) e em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual nós devamos ser salvos” (Atos 3.6 e 4.12).
Seria desnecessário dizer que a “bíblia” nasceu na Igreja Católica, afinal, foi através de concílios como Hipona, Cartago III e IV, Éfeso, Trullo, Nicéia II, Constantinopla IV, Laterano, Florença e Trento que o cânon tem sua formação.
Isto é, se “a bíblia ensina” é porque de fato, a fé católica não só compartilha como afirma.
Nos últimos dois mil, a Igreja ensinou e continuará ensinando que o único caminho para a salvação é Cristo Jesus. O próprio “Catecismo da Igreja Católica” já refuta todos os sofismas do interlocutor:
Jesus Cristo deve ser anunciado em todos os povos.
CIC
74 – “Deus quer que todos os homens sejam salvos e
cheguem ao conhecimento da verdade (I Tm 2,4), isto é, de Jesus Cristo. É
preciso, pois, que Cristo seja anunciado a todos os povos e a todos os homens,
e que dessa forma a Revelação chegue até as extremidades do mundo”.
Jesus Cristo é o centro de toda a liturgia.
CIC 662 –
“Como sumo sacerdote dos bens vindouros (Hb 9,11), ele (Jesus) é o centro e o
ator principal da liturgia que honra o Pai nos céus”.
Jesus Cristo é a cabeça da Igreja.
CIC 782 –
“Este povo tem por Chefe (Cabeça) Jesus Cristo”.
Jesus é a verdade e a luz.
CIC 2466 –
“Em Jesus Cristo, a verdade de Deus se manifesta plenamente. “Cheio de graça e
verdade”, Ele é a luz do mundo”.
Jesus é o único mediador.
CIC 2593 –
“A oração de Moisés responde a iniciativa do Deus vivo para a salvação do seu
povo Prefigura a oração de intercessão do único mediador, Jesus Cristo”.
A fé para crer no Cristo.
Não há dúvidas que Jesus Cristo está no centro de todo ano litúrgico da Igreja!
10 – A Igreja Ortodoxa mantém um argumento, proveniente do terceiro século, que José era viúvo antes de se casar com Maria e trouxe filhos do seu primeiro casamento. Logo, esses irmãos de Jesus seriam enteados de Maria. Seu principal argumento em defesa dessa tese é a crença, tanto dos católicos ortodoxos como também dos católicos romanos, da perpétua virgindade de Maria.
Não só a Igreja Ortodoxa, como também a Igreja Católica, aceita o argumento de que São José poderia ter tido filhos de um casamento anterior, sendo assim, o pai adotivo do Cristo seria o guardião de “Nossa Senhora”.
O proto-evangelho de Tiago é uma das provas que afirma essa tradição (vide tópico n°5 [Prot0-Evangelho Tg 9,1-3]).
Dessa forma, a escrita na caixa mortuária não tem qualquer impacto sobre a crença na virgindade perpétua de Maria Santíssima.
11 – É verdade que Jesus nasceu de uma virgem e que foi concebido pelo Espírito Santo no ventre de Maria (Mateus 1.18,20,23; Lucas 1.34-35), mas também o é que, depois do nascimento de Jesus, Maria teve mais filhos. A Bíblia diz que José “não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe o nome de Jesus” (Mateus 1.25). Ela se manteve virgem “até”, é o que diz o texto sagrado.
O “Dicionário de Mariologia”, editora Paulus, página 1326, através do verbete “virgem”, nos trás o seguinte texto:
“Mt 1,25 soa literalmente assim: <E ele [José] não a conhecia,
enquanto não (éos oû) deu à luz um
filho>. Seria de concluir que, depois do nascimento de Jesus, José tenha
consumado o matrimônio com Maria que, por conseguinte, teria tido outra prole.
Krämer levanta a hipótese de que a partícula conjuntiva grega éos oû de Mt 1,25 corresponde à
aramaica ‘ad di, que pode significar
eis que, como por exemplo em Dn 2,34; 6,25; 7,4 e no Talmud hierosolimitano
Berakot 14b: <Rabino akiba ainda não havia ultimado o Shema, e eis que [‘ad di] morreu>. Poderemos,
portanto, traduzir Mt 1,25 da maneira seguinte: <E, mesmo sem havê-la
conhecido, eis que (até que) ela deu à luz um filho”.
Uma das grandes bases
argumentativas do protestantismo na tentativa de afirmar que Maria tivesse tido
relações carnais com José, é a passagem onde São Mateus coloca a partícula “Até
que” no capítulo 1, verso 25. Entretanto, após o nascimento de Jesus, a
passagem em si não supõe, nem implica que houvesse qualquer contato por parte
dos dois.
O texto acima, tirado do
dicionário de mariologia da editora paulus, transmite uma verdadeira exegese do
texto bíblico, diferente do interlocutor do texto aqui refutado, onde ele, o
faz de forma pobre e com uma grande dose de sofismo.
Ainda sim, para não
recorrermos exclusivamente à citação aqui mencionada na ideia da refutação,
passaremos aqui, alguns versos bíblicos que estão carregados no uso do “até que” ou “enquanto não”, sem que isso possa implicar em uma interpretação
posterior ao texto, isto é, confirmando a ação passada sem que indicasse um ato
no futuro.
Vejamos
algumas referências:
Gn 28,15 –
“Eu estou contigo e te guardarei em todo
lugar aonde fores, e te conduzirei a esta terra, porque não te abandonarei enquanto não tiver realizado o que te
prometi”.
Nota:
Se tivéssemos que levar em consideração a interpretação do texto concedida pelo
pastor, teríamos que acreditar que o Senhor estaria com Jacó somente até o
cumprimento das promessas, porém, sabemos que Deus continuou a proteger a Jacó,
ainda que as promessas tenham sido cumpridas.
2 Sm 6,23 – “E Micol, filha de Saul, não teve filhos até o dia da sua morte”.
Nota:
Seria um absurdo pensar que após a morte de Micol, ela pudesse gerar filhos.
Nesse verso, vemos claramente que a partícula “até” apenas indica uma ação
ocorrida no passado (a filha de Saul não
teve filhos) e não algo que ocorreria no futuro. Faça o seguinte exercício:
Compare Mt 1,25 com 2 Sm 6,23 e observe se há algum
sentindo em acreditar que Maria tivesse tido filhos após o nascimento de Jesus.
Sl 110,1 –
“Oráculo de Iahweh ao meu Senhor:
Senta-te à minha direita até que eu
ponha teus inimigos como escabelo de teus pés”.
Nota:
Será que após a vitória do Rei sobre seus inimigos, ele não poderá sentar-se ao
lado do Senhor? Claro que não! Ele continuará sentado à direita de Iahweh,
mesmo que seus inimigos já tenham sido dissipados.
Mt 28,20 – “E ensinando-as a observar tudo quanto vos
ordenei. E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”.
Nota:
Cristo deixou-nos uma promessa e será que ela só seria valida até a consumação
dos séculos? Nada mais, além disso? De forma alguma! Jesus continuará conosco e
seu reino não terá fim!
A conclusão não se torna
árdua, mediante as provas apresentadas. Usar o “até” da passagem de Mt 1,25 para indicar uma ação
posterior, só demonstra a fragilidade do argumento do acusador.
OBS: Lembrando que João Calvino em seu “Sermão sobre Mateus 1,22-25, 1562”, já havia refutado tal
alegação (tópico número 2).
12 – E Jesus é o seu “primogênito”. Isso é confirmado na passagem paralela de Lucas 2.7. Logo, outros filhos vieram em seguida, e isso não diminui Maria em nada, pois a Bíblia considerada honrada uma mulher casada ser mãe de filhos.
Outra falha de interpretação. O pastor comete um erro grotesco ao interpretar “primogenitura” como o “primeiro filho”.
Como já escrito no artigo “Virgindade de Maria Santíssima”, o uso do termo primogênito, pode implicar tanto na criação de um único filho, como de fato, o primeiro entre outros irmãos, porém, no caso de Maria Santíssima, o uso da palavra pelo evangelista São Mateus, foi feita de forma corriqueira, isto é, o termo não está sugerindo que Maria tivesse tido outros filhos e sim:
1 – Atestando
o nascimento de Jesus como herdeiro daquela que é cheia de graça;
2 – Indicando o cumprimento
da lei mosaica, onde, o “primogênito” deveria ser consagrado/resgatado a Deus (Ex 34,19; Nm 18,15-16).
Basta olhar as próprias
escrituras para assim, entender o teor do argumento. De todos os 73 livros que
a bíblia possui, raríssimas são às vezes em que a palavra “unigênito” é
colocada para indicar um único filho. O uso, por exemplo, pode ser visto em Gn 22,12 ou em Jo 3,16. Já na passagem de Zc
12,10, o filho unigênito é também chamado de primogênito:
“Derramarei sobre à casa de Davi e sobre todo o habitante de Jerusalém
um espírito de graça e de súplica, e eles olharão para mim a respeito daqueles
que eles transpassaram, eles o lamentarão como se fosse a lamentação por um filho
único; eles o chorarão como se chora sobre o primogênito”.
O paralelismo usado pelo
escritor no livro de Zacarias, indica a definição muito usada pela literatura
hebraica em relação ao termo primogênito, uma vez que, ele pode ser tanto usado
para uma, como para mais crianças. De qualquer forma, a totalidade de vezes em que
os escritos bíblicos mencionam um único filho ou uma prole, sempre recai para o
uso de primogênito.
O “Dicionário de
Mariologia”, editora Paulus, página 1327, através do verbete “virgem”, revela-nos
uma importante informação:
“Nas antiguidades bíblicas do peseudo-Fílon (séc. I d.C.) a filha de
Jefté é chamada tanto de primogênita quanto de unigênita (39,11). E um epitáfio
sepulcral, datado de 28 de janeiro de 5 a.C., descoberto em 1922 na necrópole
judaica de Tell El Yehudieh, faz a jovem defunta (Arsinoe) dizer: <Mas a
sorte, nas dores de parto do meu filho primogênito, me levou ao termo da
vida>. Embora está jovem mãe tenha morrido no primeiro parto, o seu filho é
chamado igualmente de primogênito”.
Como forma de conclusão,
encontramos no livro do Ex 13,2, o
porquê há o uso corrente da palavra primogênito para o único filho:
“Consagra-me todo primogênito, todo o que abre o útero materno,
entre os filhos de Israel. Homem ou animal serão meus”.
Isto é, aquele que abre o
útero é o destacado com a primogenitura, seja ele o primeiro ou o único.
Em Ex 12,29 lemos que o “Senhor
feriu todos os primogênitos da terra do Egito, desde o primogênito do Faraó”,
sendo assim, no contexto aplicado a essa passagem, todos os primogênitos, não
seriam necessariamente o primeiro, mas também, o único filho. Não há indícios
de que o Faraó possuísse outras crianças, entretanto, seu único filho também é
chamado de primogênito.
Além de que, de acordo com
o apóstolo São Paulo; “A mulher não
casada e a virgem cuidam das coisas do Senhor, a fim de serem santas de corpo e
de espírito” (1 Cor 7,34).
A virgindade é algo
agradável aos olhos de Deus e Maria, como a primeira cristã, cumpriu de forma
bela a vontade do Senhor. Filhos são bênçãos vindas do altíssimo, entretanto,
pensem: Se Nossa Senhora, ao dar a luz ao próprio Verbo de Deus, cumpriu
plenamente a vocação de sua maternidade e alcançou o ápice da alegria,
existiria algum motivo em desejar outras crianças?
Maria não precisaria
sentir-se realizada com outros filhos, uma vez que, ela gerou o próprio Deus e
encerrou-se nEle (Lc 1,38).
13 – Jerônimo, no século quarto, propôs que a palavra irmão significa
parentesco próximo. “primo”, por
exemplo. Mas não é isso que o Novo Testamento revela. Os Evangelhos mostram de
maneira simples e natural a família de Jesus: “Não é este o carpinteiro,
filho de Maria e irmão de Tiago, e de José, e de Judas, e de Simão? E não estão
aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele” (Marcos 6.3). Não é natural
interpretar essa expressão dos moradores de Nazaré a respeito de Jesus e sua
família de outra maneira.
São Jerônimo não propôs e
sim, inspirado pelo Santo Espírito, escreveu um “tratado contra Helvídio” onde
refuta todas as acusações contra a dignidade da Santíssima Virgem. Para quem se
interessar na leitura, segue o link:
Em relação aos irmãos de
Jesus, como já exposto nos demais tópicos, tratava-se de parentes próximos ou
talvez, filhos de um antigo casamento de São José. A grande proximidade de
todos eles nos cenários em que Maria e Jesus aparecem, deve-se ao fato da
estrutura familiar da época, onde, era comum que tios, tias, primos, primas e
irmãos vivessem se não juntos, próximos. Jacó ao dirigir-se ao Egito, está
acompanhando de todos os seus filhos, junto de netos e noras (Total de 66
pessoas [sem contar as mulheres de seus
filhos] Gn 46,8-26).
É importante salientar que
a presença de Maria Santíssima, sempre acompanhada de seus familiares, é uma
consequência lógica da não presença de seu marido. Muito provavelmente, José já
havia morrido (ou estava acamado) quando Jesus iniciou sua pregação pública.
Fato esse que difere em um
dos poucos relatos da infância do Cristo, onde, ao subir para a festa da páscoa
em Jerusalém, a sagrada família (Jesus,
Maria e José) se fazia reunida (Lc
2,41-42).
14 – Há ainda outras passagens nos Evangelhos mencionando os irmãos de
Jesus (Mateus 12.46-50; 13.54-56; Marcos 3.31-35; Lucas 8.19-21). A palavra
grega para primo é anepsios, que aparece em Colossenses 4.10, na versão Almeida
Revista e Atualizada -“primo de Barnabé” –
e também nas versões NVI, Brasileira, e Almeida Revisada.
De fato, São Paulo em sua carta aos Colossenses emprega
o uso de ανεψιός
(anepsiós)
para designar Marcos, como primo de Barnabé, porém, em relação a esse uso,
podemos refutar tal argumentação com apenas quatro tópicos:
1 – Em toda a literatura neo-testamentária, há
um único uso dessa palavra, sendo que é a da epístola dirigida aos Colossos.
Dessa forma, observamos que não há qualquer outro uso para os demais livros. Se
há primos ou irmãos, o termo corrente sempre é αδελφός (adelphos).
2 –
Os evangelhos foram escritos em um ambiente semita e por esse motivo, os
escritores mantiveram o uso habitual de um termo que correspondesse
adequadamente à língua falada na época do Senhor: o aramaico/hebraico. Tanto o
hebraico, quanto o aramaico, não possuía palavras que definissem graus de
parentesco, sendo assim, “AHA” (aramaico), “AH” (hebraico) estão em plena
conformidade com “adelphos” (grego).
3 –
Se por um lado os evangelhos mantiveram os escritos adequados ao ambiente
semita, São Paulo o apóstolo, ao escrever suas epístolas, dirigia-se a pessoas
que viviam em um ambiente “grego-romano” e por esse motivo, poderia
adequadamente usar uma palavra que se adequasse ao entendimento dos receptores.
Se assim não fosse, encontraríamos “anepsiós” (primo) nos evangelhos, epístolas
católicas (Tiago, João, Pedro, Judas)
e até mesmo em outras cartas paulinas, porém, o único uso desse termo está
limitado a Cl 4,10. Sendo assim,
como afirmar algo que está restrito a um único verso da escritura?
4 –
A septuaginta (versão dos Setenta) conhecia tanto o grego, quanto o hebraico e
ainda sim, ao fazer traduções de parentescos mais largas (primos, por exemplo),
usou o termo “adelphos”. Basta verificar as traduções do livro de Tobias.
Devido a sua aparência muito similar com a de seu pai, Tobias é confundido por
Raguel (parente de Tobit, pai de Tobias)
e inicialmente é chamado de primo (Tb
7,2) e logo após de irmão (Tb 7,4).
Nesses dois casos, as traduções se cruzam e as palavras transmitem o mesmo
significado: parentesco. Seja Tobit primo ou irmão de Raguel, pouco importa, o
que deve ser levado em consideração é o uso amplo do termo.
É
muito claro afirmar que a conservação do termo grego que se assemelhasse ao
original semítico (αδελφός) deve-se ao fato de que os
“irmãos do Senhor” (seus parentes do sexo
masculino), representavam um grupo distinto dos demais apóstolos e como já
mencionado nos tópicos anteriores, todos eles gozavam de uma reputação especial
(At 1,14; 1 Cor 9,5).
Sendo
assim, o uso de “anepsiós” em uma única passagem dos 27 livros do novo
testamento, não tem qualquer cunho obrigatório para os demais textos.
15 – A descoberta do ossuário de “Tiago, irmão de Jesus, filho
de José” confirma a
veracidade histórica do Novo Testamento, a mensagem que pregamos e que deixa
cada vez mais os católicos em dificuldades.
O artigo aqui exposto demonstra a veracidade do
argumento católico. A única dificuldade está no interlocutor, uma vez que, ele renega
uma verdade de fé afirmada e defendida a dois mil anos. Negar a virgindade
perpétua de Maria nada mais é que assumir atitude contrária ao cristianismo e
colocar-se contra o próprio Jesus que habitou nove meses em um ventre santo e
sem mácula.
Lembre-se que pessoas contrárias à fé cristã,
são os primeiros a levantar-se contra o Senhorio do Cristo, sua ressurreição,
sua salvação e seu nascimento virginal. Compactuar
com informações que desmerecem a Mãe de Deus, apenas fortalece a mídia secular
que procura a cada dia, destruir a Igreja.
Repousemos
na verdade que vive através da fé católica!
"O
corpo de Virgem é uma terra que Deus trabalhou, as primícias da massa adamítica
divinizada em Cristo, a imagem verdadeiramente semelhante à beleza primitiva, o
barro amassado pelas mãos do Artista divino" (André de Creta / Sermão da Dormição de Maria 1).
Paz a
todos os leitores do blog!
Érick
Augusto Gomes
Nenhum comentário:
Postar um comentário