“Eis o mistério da fé: Todas as vezes
que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos Senhor e vossa morte
enquanto esperamos vossa vinda”.
A eucaristia está no centro da
vida do cristão católico. Desde a instituição do sacramento pelo próprio
Cristo, a Igreja Católica tem perpetuado e mantido através dos séculos a
oportunidade do crente de participar do banquete do cordeiro. Além da graça
sacramental obtida no ato da comunhão, à vivência desse momento, renova a
esperança na vinda do Salvador e nos faz coparticipantes de suas dores. É como
se nós estivéssemos vivendo os últimos momento de Jesus, juntos dEle. O termo “eucaristia” é a derivação de uma
palavra grega cujo significado é “ação de
graças”. É comum encontrarmos, desde o início da Igreja, muitas referencias
dos padres apostólicos sobre o mistério eucarístico. Santo Inácio, Bispo de Antioquia (35-107 d.C), ao escrever aos cristão ermirniotas, sobre alguns
hereges, diz:
“Eles se mantêm distantes da Eucaristia e dos serviços de oração, porque se recusam a admitir que a Eucaristia seja o corpo de nosso Salvador Jesus Cristo, que sofreu por nossos pecados e que em sua bondade, o Pai ressuscitou (dos mortos)” (Inácio aos Esmirniotas 7,1)
“Eles se mantêm distantes da Eucaristia e dos serviços de oração, porque se recusam a admitir que a Eucaristia seja o corpo de nosso Salvador Jesus Cristo, que sofreu por nossos pecados e que em sua bondade, o Pai ressuscitou (dos mortos)” (Inácio aos Esmirniotas 7,1)
Ao
escrever aos cristãos de Éfeso, o mesmo Bispo diz:
“Sobretudo se o Senhor me revelar que cada um e todos em conjunto, na graça que provém do seu nome, vos reunirdes na mesma fé em Jesus Cristo da descendência de Davi segundo a carne, filho de homem e filho de Deus, para obedecer ao bispo e ao presbitério, em concórdia estável, partindo o mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto para não morrer, mas para viver em Jesus Cristo para sempre” (Epístola aos Efésios 20,2).
“Sobretudo se o Senhor me revelar que cada um e todos em conjunto, na graça que provém do seu nome, vos reunirdes na mesma fé em Jesus Cristo da descendência de Davi segundo a carne, filho de homem e filho de Deus, para obedecer ao bispo e ao presbitério, em concórdia estável, partindo o mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto para não morrer, mas para viver em Jesus Cristo para sempre” (Epístola aos Efésios 20,2).
Desde a antiguidade, o momento eucarístico
é a vivência da plenitude da fé, onde, o cristão católico tem a grandiosa
oportunidade de celebrar junto de toda a Igreja, o sacrifício de Nosso Senhor
na forma “incruenta”. Infelizmente, muitas ramificações que se separaram da
Igreja Católica, não acreditam neste mistério de fé instituído pelo próprio
Cristo, que com suas palavras, deixou aquilo que deveríamos celebrar
eternamente até a sua vinda:
Mc 14,22-24 – E, comendo eles, tomou Jesus pão e, abençoando-o, o partiu e deu-lho, e
disse: Tomai, comei, isto é meu corpo. E, tomando o cálice, e dando graças,
deu-lho; e todos beberam dele. E disse-lhes: isto é o meu sangue, o sangue do
novo testamento, que por muitos é derramado.
A renovação desse sacrifício contempla as
promessas de Jesus manifestadas por ele próprio, nos evangelhos:
Mt 28,20 - “Eis que estou convosco todos os dias, até a
consumação dos séculos”
Dentro da literatura bíblica, é possível
analisar que o “pão” e o “vinho” são elementos que transcendem tanto o velho
testamento como o novo. Melquisedeque, sacerdote e rei de Salém, foi o primeiro
personagem a oferecer um sacrifício a Deus através dessas duas espécies.
Gn 14,18 – “E
Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus
Altíssimo”.
Sendo assim, nosso Senhor é chamado pelo
escritor da epístola aos Hebreus de “sacerdote
segundo a ordem de Melquisedeque”. E por qual motivo? Pelo fato de que seu
corpo, presente nas espécies do pão e do vinho, foi entregue como sacrifício
vivo perante Deus a fim de que os pecados da humanidade fossem perdoados.
Hb 6,20 – “Onde
Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote,
segundo a ordem de Melquisedeque”.
Dessa forma, a fim de proclamar seu marco
histórico e perpetuá-lo por todos os séculos, na noite em que foi traído, Jesus
Cristo instituiu o que conhecemos desde os primeiros séculos por Eucaristia. Esse
alimento vivo que transforma e fortifica verdadeiramente, é o corpo e sangue de
nosso Deus!
Um milagre já anunciado pelo próprio Cristo,
antes mesmo de sua Paixão. No evangelho segundo João, conseguirmos entender
claramente a missão de Jesus que seria findada na Cruz e por consequência, a
posterior instituição do santo sacramento eucarístico.
Jo 6,53-57 – “Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos
digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu
sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem
come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei
no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue
verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece
em mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive me enviou, e eu vivo pelo Pai,
assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim”.
Muitos dos quais que duvidam do milagre eucarístico,
não conseguem ir além nesta passagem e perceber a grande mensagem que Jesus nos
concede, vivenciando através de fortes palavras que aquele que “come do seu corpo” e “bebe do seu sangue”, possui vida em abundancia,
pois, permanece em Deus e Deus permanecerá para sempre nele.
São diversos os testemunhos primitivos que
encontramos a respeito da crença de que Cristo estava presente nas espécies do
Pão e Vinho. O próprio apóstolo Paulo, ao escrever sobre a Santa Ceia, afirma
em sua carta aos coríntios que por não se tratar de uma simples memória,
devemos ter consciência de que se comemos e bebemos é para o nosso bem e se
tomamos indignamente é para nossa condenação:
1 Cor 11,27-29 – “Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o
cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor.
Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste
cálice. Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria
condenação, não discernindo o corpo do Senhor”.
Outros documentos atestam a crença católica a
respeito da eucaristia. O Didaqué que é um manuscrito do primeiro século (instrução dos doze apóstolos) deixa-nos
algumas informações a respeito da santa comunhão:
"Que ninguém coma nem beba
da eucaristia sem antes ter sido batizado em nome do Senhor, pois sobre isso o
Senhor disse: "Não deem as coisas santas aos cães" (Didaqué (80-90 d.C) 9,20).
Santo Irineu de Lião, pai da Igreja antiga e
um dos responsáveis por grandiosa obra contra os gnósticos de seu tempo (Contra as Heresias), com sua profunda
teologia e espiritualidade cristã, escreve sobre a santa eucaristia:
"Como ainda podem
afirmar que a carne se corrompe e não pode participar da vida, quando ela se alimenta
do corpo e sangue do Senhor? Então, ou mudam sua maneira de pensar ou se
abstenham de oferecer as ofertas de que falamos acima. Quanto a nós, nossa
maneira de pensar está de acordo com a Eucaristia e a Eucaristia confirma nossa
doutrina. Pois lhe oferecemos o que já é seu, proclamando, como é justo, a
comunhão e a unidade da carne e do espírito. Assim como o pão que vem da terra
ao receber as invocações divinas de Deus, já não é pão comum, mas a Eucaristia,
feita de dois elementos, o terreno e o celeste, do mesmo modo os nossos corpos,
por receberem a Eucaristia, já não são corruptíveis por terem a esperança da
ressurreição" ( Irineu de Lião (130-202 d.C) - Contra as Heresias, livro 4, 18.5).
Desta forma, podemos crer com total verdade
que a eucaristia fortifica a alma, o corpo e concede-nos de modo vivo, à
renovação do santo sacrifício de Nosso Senhor que por nós, se entregou para que
tenhamos vida e vida em plenitude.
Em Jesus Cristo, nosso Senhor;
Érick Augusto Gomes