terça-feira, 28 de maio de 2013

REFUTANDO ALGUMAS PERGUNTAS



INTRODUÇÃO

Navegando pela internet há alguns dias atrás, me deparei com um blog protestante, onde o dono da página colocou algumas questões um tanto quanto “tendenciosas” a respeito das orações e preces que nós católicos fazemos para os Santos e Santas de Deus. Para que não existam dúvidas a respeito dessas perguntas, estarei comentando uma a uma e assim, refutar esses conceitos que na maior parte do tempo representam a falta de conhecimento a respeito daquilo que cremos. 

I) Quantos terços tenho que rezar para que por fim Deus possa ter as minhas atenções?

Vamos entender uma coisa: o terço é um aspecto oratório que envolve a comunidade onde a grandiosa contemplação está em entender os mistérios gozosos, sendo eles:

1 - Mistérios da Alegria: Anunciação do Anjo, Visitação de Maria SS a Isabel, Nascimento do Cristo, Apresentação do Jesus enquanto menino no Templo e seu encontro entre os doutores;



2- Mistérios da Dor: Agonia de Jesus no monte das oliveiras, flagelação do Senhor, coroação de espinhos, o caminho do calvário, crucificação e morte;

3 - Mistérios da Glória: Ressurreição, Ascensão, descida do Espírito Santo no cenáculo, assunção de Maria SS e a coroação de Nossa Senhora;

4 - Mistérios da Luz: Batismo, revelação de Jesus nas bodas de Caná, anuncio do reino de Deus, transfiguração no Monte Tabor e a última ceia sendo instituída a eucaristia.

Conseguimos verificar com as informações mencionadas que o “rosário” nada mais é que a contemplação dos mistérios da fé cristã católica e esse momento é um dos mais sublimes da Igreja, já que os membros em plena comunhão dedicam tempo para comungar da palavra de Deus e rezar o terço e essa prática além de comum, é digna já que passamos pela paixão do Senhor através da oração.

O autor dessa pergunta indaga quantos terços devem ser rezados e a resposta é clara: quantos forem necessários! Não porque pensamos que Nosso Senhor irá conceder o milagre pelo número de vezes e sim, pela piedade de nossos corações! A oração do terço é um convite a conhecer nossa própria história!

É engraçado que muitos protestantes passam por determinados problemas e para conseguir a “graça do alto”, fazem campanhas, orações cotidianas, divulgam seus problemas em boletins da igreja a fim de conseguir aquilo que desejam e ai, eu pergunto: Quantas orações são necessárias para conseguir um milagre? Já que Deus é justo e nos ouve, para que campanhas? Para que repetir as mesmas orações que envolvam os mesmos problemas?

Isso não é um paradoxo? 

II) Quantos degraus da catedral aqui perto de casa tenho que subir de joelhos para que Deus possa ouvir as minhas rezas da ave Maria?

Alguém já ouviu algum protestante dizer que fez um “propósito na vida”? Pois bem, normalmente esse propósito sempre é uma consequência de algum pedido ou algum “trato” onde é feito alguma “solicitação” e por conta desse desejo, o “crente” coloca um propósito a ser seguido se caso Deus atender aquilo que ele necessita.


Isso, nada mais é do que um “pagamento de promessas” que normalmente vemos acontecendo. Confesso, que às vezes, por falta de conhecimento da fé católica, muitos erram ao pagarem essas “promessas”. Entretanto, cabe a Deus, conhecedor do coração do homem para avaliar determinado ato.

Ninguém precisa “subir de joelhos” em uma escadaria para conseguir que o Cristo atenda as preces, o ato interno do coração já concede essa graça, uma vez que nosso Pai conhece todas as nossas intenções, a diferença, é que cada um dedica isso da forma como quer e como deseja.

 A Fé é a certeza daquilo que não se vê, sendo assim, Nosso Senhor ouve aquilo que é feito com total entrega, seja uma oferta com o coração ou uma oferta com atos.

Ao protestante eu deixo uma pergunta: Qual a diferença entre “subir uma escada” ou passar um “dia inteiro sem comer (jejum)”, sendo que ambos atingem o corpo? Quantos jejuns são necessários para que Deus possa ouvir nossas preces? 

III) Qual é o instrumento usado pelos católicos para medir quando é que a quantidade de rezas repetidas pode ser interrompida com a convicção de que Deus finalmente nos ouviu?

Praticamente a mesma pergunta do início, apenas mudou as palavras.

Nós não “medimos” o quanto rezamos e quando fazemos é por amor daquilo que cremos. Diferente de muitos que “oram” para conseguir algo, não precisamos rezar o rosário para conseguir bênçãos, mesmo porque, entre as tantas funções que encontramos no terço, temos a de reunir a comunidade para comungar junto do Cristo total que é a representação de seu corpo místico.

E aqui, eu mais uma vez devolvo a pergunta: por que os protestantes fazem campanhas, propósito, reuniões de oração a fim de conseguir determinado milagre se Deus pode nos ouvir uma única vez? Vocês medem a quantidade de preces?

IV) Se eu chegar para Deus, com meu coração quebrantado, e em nome de Jesus, e dizer diretamente qual é o meu problema, sem precisar ficar repetindo as rezas católicas, que parecem mais mantralizações do que qualquer outra coisa, será que não seria melhor, para que Deus possa ouvir-me?

Aqui o acusador generaliza e mostra total desconhecimento da nossa fé. Primeiramente que para falar algo do gênero, o criador dessa questão deveria conhecer o coração de quem intercede e ele pode fazer isso? É claro que não!  Você pode muito bem se a chegar a Deus com um coração quebrantado, seja com orações espontâneas ou com orações prontas! Isso é invariável e cabe ao Senhor conhecer o íntimo de cada pessoa e julgar o quão “quebrantado” está esse coração.

Alias, quem disse que nós não temos nossos momentos íntimos com o Senhor para que possamos colocar nossas vidas no altar de Deus?

Nosso Senhor nos concede todo o dia para que o alcancemos de todas as formas possíveis, sendo que rezar aos Santos, rezar pelos irmãos, rezar pelas obras, pela Igreja são partes importantíssimas da vida cristã de todo aquele que tem Jesus Cristo como salvador!

V) Fiquei confuso estes dias, porque precisei rezar para a senhora católica sobre um "causo", mas não sabia para qual das centenas de senhoras que eu deveria rezar. Qual a especificidade de cada uma delas, quais as especialidades pessoais de cada uma?

É normal que existam santos que são ligados a determinadas funções e por quê? Bom, alguns santos, enquanto vivos na carne faziam determinadas atividades, como é o caso de São Francisco de Assis que é ligado aos animais ou São José que era carpinteiro e por esse motivo, em determinadas circunstâncias, solicitamos a intercessão de algum santo que vivenciou os mesmos problemas que poderíamos passar, na verdade, essa é uma grande forma de aprendermos que aqueles que foram canonizados pela Igreja, também possuíram anseios e faziam coisas semelhantes a que fazemos.


VI) Se Deus é poderoso e infinito em amor por nós, devo eu acreditar que rezar para os milhares de santos católicos resolvam meus problemas?

É Deus que sempre realiza os milagres, entretanto ele utiliza muitos meios para que isso aconteça. A pergunta aqui deveria ser feita da seguinte forma:


Se Deus é poderoso e infinito em amor por nós, devo eu acreditar que rezar por milhares de pessoas e pedir para que esses mesmos milhares rezem por mim, resolveriam meus problemas”?

Os santos, nada mais cumprem o que nós cumprimos aqui. Para nós católicos, existe um conceito denominado de “Igreja Militante (nós que ainda estamos na carne)” e a “Igreja Triunfante (homens e mulheres que morreram em amizade de Deus [Hb 12,22-23])” e todos nós somos ligados mutuamente e esse laço é definido na oração, na comunhão de todos os santos.

Se Deus é infinito em amor, porque os evangélicos oram para que os problemas de seus outros irmãos sejam resolvidos? Não bastaria apenas o amor de Cristo? É claro que sim! Porém é bíblico que a “oração do justo tem grande eficácia (Tg 5,16)” e desde o início do cristianismo, a Igreja tem cumprido esse papel. A diferença, é que sabemos que nós intercedemos, assim como a Mãe de Deus e os Santos intercedem.

VII) Se Deus é infinitamente poderoso, e não há limite algum para o Seu poder, por que acreditar que Deus possa precisar da ajuda de santos e de vossa senhora deusa para sermos atendidos em nossas necessidades?

Maria não é nossa deusa. Maria não é e nunca deverá ser adorada. Embora seja a mais perfeita e sublime de todas as pessoas por ter carregado em seu seio o “Emanuel, Deus conosco”, ela é uma criatura.

Entretanto, Nossa Senhora é Mãe da Igreja e dos Cristãos e por consequência de ser agraciada entre as mulheres, é Mãe de Deus uma vez que Cristo era, enquanto na carne, 100% Deus. E isso não a caracteriza como uma “deusa” e sim, uma cooperadora na obra da salvação, já que através do seu “SIM”, a salvação (Jesus) entrou ao mundo.

Mas, voltando à questão, Deus não precisa da ajuda dos Santos e tão pouco da nossa. Aqui, mais uma vez o acusador se esquece de que em sua comunidade, muitos irmãos pedem a outros irmãos para que orem entre eles a fim de que Nosso Senhor atenda e responda as necessidades individuais de cada um. Se o Pai é infinitamente poderoso, porque achar que Ele precisaria de nossas orações?

A resposta já foi escrita nas outras questões, mas eu reforço novamente: Somos um corpo (I Cor 12,12) e estamos ligados mutuamente uns aos outros (I Cor 12,26) dessa forma, orando e intercedendo (Tg 5,16) cumprimos o papel do amor tanto ensinado por Nosso Senhor.

Deus não precisa de ninguém, entretanto ele concede a oportunidade para que nós, como filhos e filhas do Senhor dos céus e da terra, intercedamos de forma piedosa uns pelos outros.

Nós podemos fazer isso. Os Santos que estão com Cristo, também (Ap 6,9-10).

VIII) Se a Bíblia é clara em ensinar que as pessoas, quando morrem, não sabem nada do que se passa na terra dos viventes, e que aguardam as ressurreições de seus corpos, ou para a glória eterna, ou para a condenação eterna, por que temos que acreditar nisso?

Se analisarmos o velho testamento e o novo a respeito da “consciência após a morte”, veremos que o conceito era diferente. Antes do advento de Cristo, a ideia da morte não era tão clara e essa fórmula doutrinária só passou a ter sentido após o nascimento de Jesus. Para os antigos, o “Sheol” era o destino dos justos e injustos, sendo que os “bons” possuíam um melhor descanso, pois assim está escrito: “Ora, minha esperança é habitar no Sheol (Jó 17,13)”.

Todavia, para Salomão, a morte era um período sem esperanças - “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma (Ec 9,5)”- e sem conhecimento, já que ninguém sabia o destino de animais ou homens – “Quem sabe que o fôlego do homem vai para cima, e que o fôlego dos animais vai para baixo da terra (Ec 3,21)”? 

Assim, com a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, o “paraíso” foi inaugurado:

II Cor 12,2-4Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao PARAÍSO; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar. 

Portanto, sabemos pelas próprias escrituras que Deus não é Deus dos mortos e sim dos vivos (Mt 22,32), que os mortos possuem o conhecimento e lembranças das coisas da terra (Lc 16,28-29), que os mortos possuem suas faculdades após a separação da alma (Mc 9,4), que após nossa morte, assim como Paulo queria, estaremos e habitaremos com o Senhor (II Cor 5,8 / Fp 1,23), que estamos rodeados por uma nuvem de testemunhas que é formada por aqueles que partiram antes de nós (Hb 12,1), que no céus está a Igreja dos primogênitos, dos espíritos APERFEIÇOADOS (Hb 12,23) e assim, sabemos que essas almas clamam a Deus por justiça (Ap 6,9-10).

Vemos que o novo testamento não prova essa inconsciência, pelo contrário, sabemos pelas escrituras que após a morte, nosso espírito volta a Deus (Ecl 12,7) e contemplamos sua face, aguardando a ressurreição de nossos corpos que do pó, serão transformados pela imortalidade (I Cor 15,53).

Deus transforma tudo e para ele, nada é impossível!

Assim como Paulo que teve uma visão de um Macedônio que lhe ROGAVA e PEDIA AJUDA:

At 16,9E Paulo teve de noite uma visão, em que se apresentou um homem da Macedônia, e lhe rogou, dizendo: Passa à Macedônia, e ajuda-nos.

Assim, os Santos intercedem por nós, não por seus méritos e sim, pelos méritos do Senhor e Salvador do Mundo, Cristo Jesus.

Em Jesus, sempre!

Érick Gomes.
  



segunda-feira, 6 de maio de 2013

EM DEFESA DA VERSÃO GREGA (Baruc)



INTRODUÇÃO

Falaremos neste artigo sobre a obra de Baruc. Escrito inicialmente em hebraico e traduzido para o grego, este livro foi trabalhado entorno do ano 200 a.C. Trataremos aqui de expor alguns pontos que comprovam que a obra não é apócrifa e assim, concluir por sua veracidade dentro do cânon bíblico.

  • AUTENTICIDADE DA OBRA.

É nítido dizer que Baruc filho de Nérias, era uma espécie de “secretário” do profeta Jeremias, dessa forma, encontramos em Jr 36,4 o motivo pelo qual Baruc escreveu sua obra e aqui, identificamos a inspiração atribuída ao livro.


Jr 36,1-4Sucedeu, pois, no ano quarto de Jeoiaquim, filho de Josias, rei de Judá, que veio esta palavra do SENHOR a Jeremias, dizendo: Toma o rolo de um livro, e escreve nele todas as palavras que te tenho falado de Israel, e de Judá, e de todas as nações, desde o dia em que eu te falei, desde os dias de Josias até ao dia de hoje. Porventura ouvirão os da casa de Judá todo o mal que eu intento fazer-lhes; para que cada qual se converta do seu mau caminho, e eu perdoe a sua maldade e o seu pecado. Então Jeremias chamou a Baruque, filho de Nerias; E ESCREVEU BARUC DA BOCA DE JEREMIAS no rolo de um livro todas as palavras do SENHOR, que ele lhe tinha falado. 

Br 1,1 – Eis o texto do livro escrito por Baruc, filho de Nérias, filho de Maasias, filho de Sedecias, filho de Sedei, filho de Helcias, em Babilônia,

  • O EVANGELHO DE MATEUS MENCIONA BARUC

No livro escrito segundo Mateus, lemos que o escritor menciona sobre um banquete que será realizado nos céus.


Mt 8,11Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus.


No livro de Baruc, lemos as mesmas informações dizendo que muitos chegarão de vários cantos para conceder a devida glória a Deus.

Br 4,37 Olha! Eis que voltam os filhos que viras partir. Chegam do oriente e do ocidente, à voz do Altíssimo, repletos da alegria que lhes dá a glória de Deus.

  • OBJEÇÃO PROTESTANTE: O LIVRO MENCIONA A ORAÇÃO AOS MORTOS

Assim diz a escritura:

Br 3,4Senhor, todo-poderoso, Deus de Israel, escutai a prece dos mortos de Israel, dos filhos daqueles que pecaram contra vós, que não atenderam à voz do Senhor, seu Deus, e por isso foram levados à desgraça.

Como já mencionamos em outros artigos, a oração pelos mortos é uma pratica antiga já vivida pelos antigos judeus e aceita desde os primórdios da Igreja. De qualquer forma, essa passagem, nada diz a respeito daqueles que morreram, mas sim, dos Israelitas que estavam “próximos” da morte. Entendemos isso ao ler a passagem do livro de Isaias. Aqui, a definição de mortos é uma figura de linguagem, não necessariamente pedidos em favor dos que dormiram.

Is 59,10Apalpamos as paredes como cegos, e como os que não têm olhos andamos apalpando; tropeçamos ao meio-dia como nas trevas, e nos lugares escuros como mortos. 

CONCLUSÃO

Baruc é uma obra tão importante quanto qualquer livro protocanônico e isso torna-se claro ao ler os textos. Os deuterocanônicos sempre foram aceitos pela Igreja por possuírem a fé genuína daquilo que cremos e não existem objeções que impeçam de serem declarados inspirados.

Em Jesus Cristo;

Érick Gomes.