terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A IMACULADA E SUA PURIFICAÇÃO


A Igreja crê que Maria Santíssima foi preservada de todo o pecado por intermédio dos méritos de Jesus Cristo nosso Salvador. O catecismo ensina que:

CIC 492Esta santidade resplandece, absolutamente única da qual Maria é “enriquecida desde o primeiro instante de sua conceição” lhe vem inteiramente de Cristo: “Em vista dos méritos de seu Filho, foi redimida de um modo mais sublime. Mais do que qualquer outra pessoa criada, o Pai a “abençoou com toda sorte de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo” (Ef 1,3).

Isto é, o que professamos é que Maria foi salva pelo Senhor em vista de sua preservação do pecado. E por quê? Pois bem, a Igreja sempre entendeu que Jesus, por ser o Emanuel, Deus conosco (Mt 1,23) e Ele não possuir pecado, deveria ter nascido de um útero sem a mácula de Adão e é nesse sentido que cremos que Maria não foi tomada pelo pecado e foi a primeira a ser “Igreja”, por abrigar o Cristo em seu seio e a primeira cristã por aceitar a obra que o Pai estava consolidando em sua vida (Lc 1,38).

A mãe do salvador (Lc 1,23) foi à criatura preparada para ser a personificação da “nova arca da aliança”. A arca mencionada no antigo testamento inicialmente esteve no tabernáculo erguido por Moisés (Ex 26,33) e posteriormente no Templo construído por Salomão (II Cr 5,7-8). No interior da Arca, existiam as tabuas da Lei (II Cr 5,10). Para manifestar seu poder e sua glória, Deus tomava posse desses lugares de culto através de sua nuvem ou “sombra” (Ex 40,34 / II Cr 5,13-14) e ali, perante a Arca Ele se fazia presente (II Sm 7,18). Em Maria, sucederam as mesmas coisas. A sombra de Altíssimo encheu com sua glória o ventre de Maria (Lc 1,35) e Deus ali se manifestou (Lc 1,32). Dentro da virgem estava a nova aliança que surgiria para salvar o povo (Mt 26,28).

Embora as sagradas escrituras não mencionem qualquer pecado que Maria Santíssima tenha cometido, um relato no evangelho de Lucas nos causa espanto, já que, após dar a luz a um menino, segundo a lei de Moisés, a mulher era considerada impura (Lv 12,2).

Assim diz as escrituras:

Lc 2,22E, cumprindo-se os dias da purificação dela, segundo a lei de Moisés, o levaram a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor

Por conta dessa passagem, há quem diga que a virgem tivesse possuído pecados já que ela seria considerada impura após o parto, entretanto, devemos fazer algumas considerações pertinentes a essa narrativa para entendermos se de fato sua impureza se tratava de uma possível natureza pecaminosa ou, uma ação que deveria ser feita por conta das obras da lei (Gl 2,16).

MARIA E JESUS ESTAVAM SOB A LEI

Quando a Virgem deu a luz ao Salvador, tanto ela quanto o Cristo estavam sob as regras da lei de Moisés, isto é, independente de Jesus ser Deus e independente de Maria ser a mãe do Salvador, ambos deveriam se sujeitar as normas impostas, mesmo que em alguns casos elas não fossem aplicadas, por exemplo, a Jesus que é Deus e por ser ele o “verbo encarnado” (Jo 1,1), o mesmo estaria acima de qualquer lei ou determinação humana.

Mas, sabemos que o Messias se sujeitou as nossas condições e por esse motivo, viveu etapas da vida de um homem comum para a época. Ele não precisaria se submeter a essas “leis”; as fez por amor e por um exemplo a ser seguido. Sendo assim, faço as seguintes perguntas:

  • Jesus Cristo, sendo Deus, precisaria ser “circuncidado” no oitavo dia? (Lc 2,21);
  • Jesus Cristo, sendo Deus, precisaria se “submeter” aos cuidados de Maria durante trinta anos, já que seu ministério iniciou após essa idade? (Lc 3,23);
  • Jesus Cristo, sendo Deus, precisaria de uma profissão formal para se manter? (Mc 6,3);
  • Jesus Cristo, sendo Deus e livre de qualquer pecado, precisaria ser Batizado? (Mt 3.13);
  • Embora a gravidez de Maria Santíssima tenha sido por obra de Deus, já que ela concebeu sem conhecer homem algum (Lc 1,34), Jesus Cristo, sendo Divino, poderia vir ao mundo por muitas outras formas para nos salvar?
  • Haveria a necessidade que a Virgem apresentasse Jesus Cristo no templo, mesmo ELE sendo Deus? (Lc 2.22).

As respostas para as questões acima são simples por entendermos a grandeza do mistério de Cristo. Jesus não precisaria passar por nenhuma dessas etapas por ser o próprio Deus, porém, Ele quis que assim fosse, pois, o Salvador se fez como nós para que fossemos libertos do pecado por sua morte na cruz. E o que isso tem a ver com Maria? Bom, o fato da Mãe do Cristo ter passado por um processo de “purificação” não demonstra que ela tinha pecados e sim, que estava sob a lei, assim como Jesus estava.

Jesus sendo Deus, não precisava se sujeitar a lei, mas, por humildade se sujeitou. Maria sendo a Mãe de Deus e imaculada por conta dos méritos de seu filho que a salvou, também se sujeitou a lei com muita humildade e viveu o seu tempo de “purificação” assim como seus antepassados.

Para os menos avisados, a Igreja Católica comemora com festa o dia da “purificação de Nossa Senhora”.


Paz e bem a todos!

Em Cristo Jesus;

Érick Gomes. 

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

REFUTANDO O CACP (A SUPOSTA INTERCESSÃO DOS MORTOS)



Mt 22,32 – “Eu sou o Deus de Abraão o Deus de Isaac e o Deus de Jacó? Ora, ele não é Deus de mortos, mas sim de vivos”.

INTRODUÇÃO

Utilizando apenas a passagem de São Mateus, já derrubamos o velho argumento da "impossibilidade de intercessão dos santos" tão defendida pelos de(reformados). Todos que morrem em estado de graça estão junto de Deus (II Cor 5,8). O uso da palavra “mortos” aqui pelo site CACP é proposital, já que alcunha um termo pejorativo, mas, como vemos, Deus é Deus dos vivos.

Embora, existam denominações protestantes que acreditem que a alma é puramente mortal e morre junto do corpo, há outras que conservam a doutrina cristã da imortalidade da alma, mas, que rejeitam a comunhão/intercessão dos santos. Esse é o caso dos teólogos e interpretes bíblicos do site protestante do link acima. Já escrevi dois artigos sobre isso (A imortalidade da Alma e a Intercessão dos Santos), porém, não pude deixar de notar o artigo que o centro apologético cristão de pesquisas (CACP) fez neste mês de janeiro e sua pobre e infeliz interpretação daquilo que cremos. Alias, não apenas nós, católicos romanos e sim, ortodoxos, coptas e demais confissões cristãs que possuem uma mínima noção das verdades espirituais professadas a dois mil anos pela Igreja. 

Assim como outros textos já escritos neste blog, selecionei os principais pontos e responderei cada um biblicamente (já que é só assim que eles aceitam) e utilizarei de alguns dados da tradição rica da Igreja Católica.  


1 – “O texto citado (Cl 1:24) está totalmente fora do contexto. Completar o que resta das aflições de Cristo não tem nada a ver com o que os Padres do Vaticano II sugerem acima. Basta ler o versículo para se certificar disto”.

O autor de tais palavras inicia suas acusações manifestando que o texto usado de Colossenses pelo Concílio Vaticano II está fora do contexto. Vejamos o que diz o parágrafo final da declaração LG 49:

“Servindo ao Senhor em todas as coisas e completando o que falta aos sofrimentos de Cristo, em favor do Seu corpo que é a Igreja (cfr. Col. 1,24).”

Embora o autor tenha manifestado sua opinião contrária, em nenhum momento colocou o porquê do texto estar “fora do contexto”. Fora, só se for para ele, já que não é participante da Igreja que professa um só Senhor, uma só fé e um só batismo (Ef 4,5). Pois bem, diferente do que o autor pensa, nós católicos cremos que mesmo após a morte há a união contínua que compreende o corpo de Cristo que se perpetua até que chegue o tempo em que seremos ressuscitados (I Cor 15,42). Para tanto, compreendemos e professamos a fé na Igreja que aqui se faz presente e peregrina (I Tm 3,14), na Igreja padecente que se encontra no purgatório (I Cor 3,15) e na Igreja Celeste, onde os espíritos aperfeiçoados dela fazem parte (Hb 12,22-23). Ambas, comungam da perfeita união que corresponde ao universalismo cristão. Paulo deixa isso claro a dizer que “todos bebem do mesmo Espírito” (I Cor 12,13b), isto é, se formamos um único “ser” em Jesus, é claro e lógico que estando aqui neste corpo (vivos) ou fora dele (mortos) continuaremos procurando em agradar o senhor (II Cor 5,9).

Entretanto, o problema principal da acusação, é pelo fato do texto do concílio dizer que nós estamos “completando o que falta aos sofrimentos de Cristo”. Vejamos o que diz a carta de Paulo aos Colossenses:

Cl 1,24Agora me regozijo nos meus sofrimentos por vós, e completo O QUE FALTA às tribulações de Cristo em minha carne pelo seu Corpo que é a Igreja.

Basicamente, o parágrafo da Lumem Gentium repete o que Paulo escreve, mas, parece que o dono do texto não consegue entender. Ao escrever a epístola, em nenhum momento o Apóstolo manifestou qualquer ideia de que Cristo não cumpriu tudo o que precisava cumprir ou que não tivesse sofrido o necessário, se assim fosse, seria totalmente contraditório! O que Paulo leva em conta, aqui nesta narrativa, são os sofrimentos impelidos em sua carne pelo “itinerário” que fazia pelo anuncio do evangelho o que de alguma forma reproduz o de Jesus (sofrimento) e é neste aspecto que a declaração escrita pelo concílio entra em conformidade com as palavras de Paulo: Muitos santos que aqui viveram, apresentam os méritos alcançados pela graça de Nosso Senhor, méritos esses que foram conquistados na base do sofrimento, do escárnio, do martírio e por isso a Igreja pode dizer como o apóstolo: “Completamos o que falta às tribulações” por nos fazer coparticipantes das tribulações de Jesus em nossas carnes que através da união mística, nos faz viventes do corpo que é a Igreja.

2 – A questão é: Por que não existia um “São Noé”, “São Moisés”, “São Enoque”? Por que Paulo, João, ou mesmo Pedro não pediam intercessão de “São Elias”? Não estavam todos eles (Noé, Moisés e Elias) mais perto de Deus? Um caso ainda mais interessante é o de Abraão. Os Judeus tinham tanta reverência com Abraão que lhe chamavam de pai (Jo 8:53; At 7:2; Rm 4:12; Tg 2:2). Por que não “rezavam” a Abraão? Será que Abraão não poderia ajudá-los? Certamente não poderia, visto que Abraão sequer conhece os que viveram depois dele (veja Is 63:16). 


A Igreja considera que os patriarcas do velho testamento são tão Santos quantos os que precederam a Cristo. Para tanto, devemos fazer algumas considerações:

I – A Igreja Católica instituiu um processo de canonização apenas no ano de 993, anterior a essa data, existiram muitos santos que assim foram reconhecidos pela Igreja, mas, não passaram pelo processo formal que hoje conhecemos. A Igreja considera que os profetas do antigo testamento são tão santos quanto os recebidos no tempo da alegria de Cristo, isto é, cremos que se encontram intimamente ligados a Deus e podem interceder por nós. Se assim não fosse possível, teríamos que desconsiderar os evangelhos que apresentam Moisés (já morto – Dt 34,7) no monte Tabor junto de Cristo (Lc 9,30; Mc 9,4) que inclusive, fala com Jesus nos dando à noção que sabia das coisas que estavam por vir (Mt 17,3). 

II – O único intuito fundamental dos escritos do novo testamento é o anuncio da boa nova do evangelho de Jesus Cristo que o apresenta como Salvador do mundo. Aqui, está o grande problema em simplesmente creditar que tudo deve estar “escrito” na Bíblia.  Os apóstolos, não tinham necessidade alguma de escrever nas epístolas a solicitude da intercessão de alguém, as epístola católicas e as cartas de S.Paulo tinham um único fundamento de orientar a todos sobre a novidade de Jesus Cristo Nosso Senhor, embora, ainda assim lemos na carta de Tiago um incentivo a “orar uns pelos outros” (Tg 5,26) e isso já classifica um conceito de intercessão. Além de que, o próprio Paulo coloca que o corpo de Cristo não é composto de um único membro e sim de muitos (I Cor 12,14) e o fato do corpo voltar ao pó, não tira o mérito que “mortos” e “vivos” continuam a fazer parte deste corpo místico e é por isso que estando na carne ou fora dela, continuaremos nos esforçando para agradar a Deus (II Cor 5,9). Agora, biblicamente falando, temos várias provas escriturísticas que existe a comunhão dos santos. Tal argumento será exposto mais a frente.

III – Até a morte e ressurreição de Cristo, os santos do antigo testamento, ainda aguardavam pelo salvador. O escritor de Hebreus deixa isso claro ao dizer que: “todos os mártires e homens de fé embora tenham apresentado um bom testemunho, não conheceram a realização das promessas” (Hb 11,39), isto porque, antes do advento de Cristo, não se existia uma noção clara sobre o que de fato acontecia na morte para justos e injustos. O céu ainda não estava inaugurado e só passou a receber verdadeiramente tais homens e mulheres, após a descida de Cristo a mansão dos mortos (I Pe 3,19).

IV – Embora os protestantes rejeitem os livros da versão dos setenta, é claro dizer que na obra de Macabeus e Baruc, os judeus, ainda que de forma tímida e ainda que não tivesse um pleno conhecimento sobre o estado dos que haviam morrido em amizade de Deus, acreditavam na intercessão dos justos. E aqui, eu não falo como testemunho escriturístico e sim, como registros históricos já que ambos os livros fora escritos em aproximadamente 200 anos antes da vinda de Nosso Senhor. Em Macabeus lemos que “Jeremias e Onias” que já estavam mortos fisicamente, “intercediam pela cidade santa” (II Mc 15,14) e Baruc escreve que o Senhor Todo-poderoso escute a súplica dos “mortos” de Israel (Br 3,4).

V – O Fato de no livro de Isaías colocar a possibilidade de que “Abraão” não os conhecia não significa nada. Primeiro que, como já mencionei no antigo testamento não se possuía uma noção clara sobre o que seria de fato o Xeol. Em Números lemos que os homens de Coré foram tragados pela terra e desceram vivos ao Xeol (Nm 16,33), Davi, ao chorar pelo seu filho morto, diz que ele (filho) não voltaria, mas que ele (Davi) iria até ele após a morte (II Sm 12,23), Jó diz que sua esperança é habitar no Xeol (Jó 17,13a), Salomão compara o animal ao homem e diz que nós não temos vantagem alguma sobre eles e ainda se questiona se o “alento do homem sobe para o alto e se o alento do animal desce para baixo, para a terra” (Ecl 3,19-21). Por fim, o autor do texto não percebeu que a tradução do texto trás a palavra “ainda” (Is 63,16) que não designa uma afirmação. Isaías menciona que “ainda que Abraão não nos conhecesse”, isto é, ele fala de uma probabilidade e não de uma afirmação, se assim fosse, vocês teriam que acreditar na intercessão dos santos já que Nosso Senhor disse a Jeremias:

Jr 15,1 – E Iahweh me disse: AINDA que Moisés e Samuel estivessem diante de mim, não teria piedade desse povo (...).

Aqui há uma probabilidade, já que tanto Moisés e Samuel eram os grandes intercessores (Ex 32,11; I Sm 7,8-12; Sl 99,6), entretanto, o “ainda” dificulta uma assertividade. Deus não confirma que eles possam estar em sua presença (embora seja provável), mas deixa a ideia. Em Isaías essa é a mesma condição. 

3 – A Bíblia nos ensina a orar a Deus e somente a Ele (Mt 6:9-13; At 1:24-25 , 7.59-60, 4,24-30; 2 Co 12.8; Ap 22.20; Jo 15.16; 14.14; e etc). Deus exige devoção singular: “Então me invocareis, e ireis e orareis a mim, e eu vos ouvirei.” (Jr 29:12); poderia Deus ter sido mais claro? 


É claro que Deus nos ensina a orar somente a ele, mas, isso não significa que o corpo de Cristo deva exterminar as orações que fazemos continuamente uns pelos outros. Os santos realizam no céu, o que realizamos, ainda que de forma imperfeita na terra: a oração. A comunhão dos santos consiste em acreditarmos que, independente de estarmos neste corpo ou não, continuamos unidos pela oração. E outra, se tivéssemos que levar essa afirmação ao pé da letra, os próprios protestantes teriam que acabar com suas campanhas de orações pelos irmãos, retirar de seus boletins dominicais a parte onde os membros das comunidades carecem de que os outros intercedam por eles. Retirem tudo e peçam somente a Deus!

 Diferente do que o autor do texto coloca, a bíblia ensina sim, que devemos orar uns pelos outros e que é um gesto de amor interceder em favor de outros para que Cristo atenda as preces. Tiago ensina que devemos orar “uns pelos outros” (Tg 5,16), Paulo diz a Timóteo que devemos fazer orações e ações de graça em favor de todos os homens (I Tm 2,1), Paulo intercede por Onesíforo (II Tm 1,16) e o mesmo apóstolo intercede pelos Colossenses (Cl 1,3). O próprio Cristo ensina que devemos orar pelos que nos maltratam (Cl 5,44). No livro de Jó, os anjos intercedem (Jó 33,23-24), o sangue de Abel clama a Deus (Gn 4,10) em Macabeus, Jeremias e Onias intercedem pela cidade Santa (II Mc 15,14). É nítido que as sagradas escrituras não manifestam que não podemos orar uns pelos outros e que não poderíamos interceder por nossos irmãos e que tão pouco devemos negar uma oração a alguém. A Prece faz parte da piedade cristã e sempre foi seguida desde o início da Igreja primitiva.

4 – A pergunta que fica é a seguinte: A Bíblia não fala de santos intercessores no céu, então de onde o Clero Católico retirou esta doutrina? Sabemos, baseados na Palavra viva de Deus (Hb 4:12), que esta doutrina não procede das Sagradas Escrituras inspiradas e portanto deve ser rejeitada.

Quem disse isso ao escritor do texto? Parece que não faltam apenas sete livros nas bíblias protestantes, mas, falta honestidade em ler as sagradas escrituras. Vamos detalhar cada parte ligada a intercessão daqueles que já estão ligados a Deus e veremos quem de fato informa a verdade.

  • A voz de Abel, que já estava morto clama a Deus (Gn 4,10);
  • Jeremias e Onias intercedem por Jerusalém (II Mc 15,14);
  • Baruc roga para que Deus ouça a suplica dos mortos em Israel (Br 3,4);
  • Deus menciona a possibilidade de intercessão de Moisés e Samuel (Jr 15,1);
  • Os Anjos intercedem pelos Justos (Jó 5,1; Jó 33,23-24; Tb 12,12; Zc 1,12);
  • Paulo menciona seu desejo de partir para estar com Cristo (II Cor 5,8-9; Fl 1,13);
  • João menciona que os que já partiram e estão com Cristo o servem dia e noite (Ap 7,10-15);
  • Assim como relata que as “orações de todos os santos” são oferecidas com um incensário (Ap 5,8, Ap 8,3), isto é, TODOS aqueles que são santos e não apenas os “vivos”;
  • João também vê as “almas dos santos” que haviam sido mortos por amor a Cristo e que clamam por justiça (Ap 6,9-10);
  • Paulo ensina que Cristo voltará com todos os seus Santos (I Ts 3,13);
  • O Escritor de Hebreus menciona que existe uma nuvem de testemunhas ao nosso redor, isto é, das pessoas que já partiram e estão na graça (Hb 12,1);
  • Na mesma epístola, o autor de Hebreus afirma sua fé na Igreja Celeste e Universal onde se encontram os espíritos dos justos aperfeiçoados (Hb 12,22.24);
  • Abraão houve a súplica do rico no inferno e mesmo sendo anterior a Moisés e aos profetas, menciona que aqui na terra, seus parentes deveriam procurá-los (Lc 16,29);
  • Em apocalipse, os navegantes pedem para que o céu (santos apóstolos e profetas) se alegre, pois, Deus julgou suas causas (Ap 18,20);
  • Paulo ensina que não existe apenas a “família que está na terra” e sim, também, os que já estão nos céus (Ef 3,14-18).
Frente a tantos argumentos, será que realmente deveríamos pensar que tal doutrina não se encontra nas sagradas escrituras?


5 – Esta é uma das doutrinas mais conhecidas do Catolicismo, pois o número de Santos canonizados pela Igreja Católica sobe a cada ano. No ano de 375 d.C. os santos começam a serem cultuados. Mais tarde, em 609 d.C. a “invocação dos Santos e dos anjos” passa a ser doutrina da igreja. Já no ano de 884 d.C. o Papa Adriano III aconselha a canonização dos santos. 

Infelizmente, aqui o protestante demonstra sua total falta de conhecimento histórico, como se já não bastasse às lacunas não preenchidas por sua crença, busca na tradição da Igreja motivos para não crer na comunhão dos santos, entretanto, os registros são totalmente diferentes do que ele prega, vejamos:

  • No ano de 375 os santos começam a serem cultuados.

Mentira! O culto aos santos nada mais é que a honra que prestamos a aqueles que anteriormente a nós, trilharam um caminho tortuoso por amor a Cristo e alcançaram a coroa da vitória mediante a fé no Deus do universo e hoje, são reconhecidos pela Igreja e comemorados por sua entrega as coisas do alto, completando assim, ao que falta dos sofrimentos de Jesus (Cl 1,24). Pois bem, historicamente falando, o registro mais antigo (se não for o primeiro) que possuímos de um Martírio na tradição católica é referente a Policarpo, Bispo de Esmirna. Ao ser morto queimado, todos os cristãos ali presente cultivavam uma preocupação em guardar os ossos de Policarpo por ser considerado “santo”. Além de que, manifestavam um profundo amor venerativo pelo Bispo. No trecho desta obra sublime, podemos verificar que a ideia de “culto aos mártires” já estava enraizada no seio cristão e todo aquele que morria pela fé, era considerado digno de exemplo, digno de veneração, tanto que, no registro está escrito que quando possível, eles (cristãos) reunir-se-iam para celebrar o aniversário de sua morte. Policarpo foi martirizado provavelmente no ano 155 ou 156, data essa anterior à acusação do protestante. Vejamos como é narrado seu martírio:


Eusébio de Cesárea  “Alguns sugeriram, por conseguinte, a Niceta, pai de Herodes e irmão de Alce, que suplicasse ao governador para que não entregasse o seu corpo, 'por temor' disse 'que se ponham a adorar este, esquecendo o Crucificado'. Disseram isto aconselhados e instigados pelos Judeus, que nos espiavam quando estávamos para tirá-lo da fogueira, porque não sabem que nós nunca poderemos abandonar nem Cristo, que sofreu a paixão para a salvação daqueles que no mundo inteiro são salvos, nem adorar algum outro. Porque a Ele, nós o adoramos enquanto Filho de Deus, ao passo que os mártires, os AMAMOS justamente enquanto discípulos e imitadores do Senhor por causa do seu insuperável amor pelo seu rei e mestre. Queira o céu que também nós possamos ser companheiros e condiscípulos deles! O centurião, então, vendo a contenda provocada pelos Judeus, fez colocar o cadáver no meio, segundo o seu hábito ordenou queimá-lo”. (1)

Eusébio de Cesárea / – Desse modo, pudemos mais tarde recolher seus ossos, mais preciosos do que pedras preciosas e mais valioso do que ouro, para colocá-los em lugar conveniente. Quando possível, é ai que o Senhor nos permitirá reunir-nos, na alegria e contentamento, para celebrar o aniversário de seu martírio, em memória daqueles que combateram antes de nós, e para exercitar e preparar aqueles que deverão combater no futuro”. (2)


  • Em 609 d.C. a “invocação dos Santos e dos anjos” passa a ser doutrina da igreja.

Mentira! A primeira prova que já derruba essa afirmação sofista é a oração mais antiga dirigida a Maria Santíssima que é datada do ano 250 d.C. O manuscrito que se encontra na Universidade de Manchester (Inglaterra) está escrito com os seguinte dizeres:

"Debaixo de tua misericórdia nós nos refugiamos ó Mãe de Deus, nossas preces não desprezes nas nossas necessidades, mas dos perigos livra-nos. Única pura, Única abençoada.” (3).

Se quiserem conferir o artefato, encontra-se no seguinte link: 


Ainda sim, encontramos muitas outras provas na Patrística anteriores a essa data, tais como:

Inácio de Antioquia
Meu espírito se sacrifica por vós, não somente agora, mas também quando eu chegar a Deus”. (4)

Orígenes
O Sumo Sacerdote (Cristo) não é o único a se unir aos orantes, mas também os anjos[...] como também as almas dos santos que já dormem.” (5)

Clemente de Alexandria
Deste modo está ele [o verdadeiro cristão] sempre puro para oração. Ele também reza na sociedade dos anjos, como sendo já da classe dos anjos, e ele nunca está fora da sagrada proteção deles; e pensou que rezava sozinho, [mas] ele tem o coro dos santos permanecendo com ele [em oração]” (6)

Cirilo de Jerusalém
Então, [durante a oração eucarística] nos lembramos também daqueles que adormeceram antes de nós: primeiro os patriarcas, profetas, apóstolos e mártires, para que Deus, por meio de suas orações e súplicas, se digne a receber às nossas”. (7)

Como vemos, a data colocada pelo autor do texto, não passa de uma tentativa de desqualificar o que a história diz. Desde o início, a Igreja invocava os santos afim de que os mesmos intercedessem por aqueles que ainda buscavam a coroa da vitória. A própria Bíblia coloca que as almas estão diante do trono clamando por justiça (Ap 6,9-10), sendo assim, qual o motivo da dúvida?

  • No ano de 884 d.C. o Papa Adriano III aconselha a canonização dos santos.

Mentira! O primeiro Santo canonizado pela Igreja foi Santo Ulrico em três de fevereiro de 993 pelo Papa João XV. Quase cem anos após afirmação do protestante. Pode ser que a pessoa responsável pelo texto tenha se confundido, já que o Papa Adriano III chegou à posição pontifícia no ano de 884.

6 – A doutrina Católica vai muito além do que vimos aqui. Esta oração aos Santos, clamando por sua intercessão, é uma prática muitíssimo semelhante à comunicação com os mortos – chamada necromancia – proibida por Deus (Dt 18:11). 

A intercessão dos santos, não se assemelha em nada a prática de “evocação dos mortos” que as sagradas escrituras condenam. Essa prática descrita na Bíblia demonstra que aqueles que realização a “evocação” procuram consultar espíritos, procuram atraí-los para si a fim de conseguir informação sobre qualquer parecer (I Sm 28). É condenada explicitamente porque os que confiam em tal prática, não depositam suas forças no Deus altíssimo em guiar seu futuro, mas acreditam que os espíritos possam transitar livremente pela terra e tomar os corpos dos humanos para trazer novidades sobre a vida das pessoas e sobre o “além”.

Isto é, a comunhão dos santos é incompatível com tal doutrina. Não cremos nisso, alias, a Igreja nunca acreditou em tal prática. Cremos que os Santos, que estão vivos ao lado de Deus (Mt 22,32, Hb 12,22-23) intercedem continuamente pela Igreja, uma vez que todos nós fazemos parte de um único corpo que é a ligação mística entre todos aqueles que acreditam em Jesus Cristo como salvador do mundo. Além de que, é a Igreja, guiada pelo Espírito Santo que nos concede o verdadeiro conhecimento com base em investigações criteriosas a fim de entendermos quem de fato é reconhecidamente santo para nós, cristãos católicos.  

7 - Temos todos os motivos para orar somente a Deus (Fp 4:6), e sabemos que ele nos ouve (2Cr 7:14; Jr 29:12) e responde nossas orações (Mt 7:8; Jo 15:16, 16:23-26; Tg 5:16). Para que precisamos inventar santos para interceder por nós? Jesus intercede por nós (Hb 7:25), o Espírito Santo intercede por nós (Rm 8:26), e a igreja (corpo de Cristo) intercede por nós (Rm 15:30). Para que precisaríamos inventar mais intercessores?

Mas quem disse que nós também não temos? Em todas as nossas missas, em todos os nossos momentos de orações, seja individualmente ou em comunidade, em todas as preces, rogamos a Deus Pai para que ele nos ajude e nos nutra e nós sabemos que ELE nos ouve. A pequena diferença é que sabemos que não somos apenas nós que intercedemos, mas sim, todo aquele que fez a vontade de Deus, isto é, todos os que compõem a Igreja Celeste dos espíritos dos justos aperfeiçoados.

Hb 12,22-24 – Mas vós aproximastes do monte Sião e da Cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestes e de milhões de anjos reunidos em festa, e da ASSEMBLÉIA dos PRIMOGÊNITOS cujos nomes estão inscritos nos céus, e de Deus, o Juiz de todos, e dos ESPÍRITOS dos justos que chegaram à perfeição, e de Jesus, mediador da nova aliança (...).

Muito me admira o autor do texto dizer que o “Corpo de Cristo” intercede (Rm 15,30) se ele mesmo o vê pela metade, já que não acredita na comunhão dos santos, na comunhão de TODA a Igreja. Nossa unidade não é manca, não faltam pedaços do corpo, vivemos uma realidade do Cristo TOTAL.

Ap 5,8  E, havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as ORAÇÕES DOS SANTOS.

A Igreja não inventa intercessores, apenas atribui àquilo que desde o início se acredita: que as almas dos justos continuam clamando a Deus por justiça (Ap 6,9-10).

8 – Sabemos que “É com ciúme que por nós anseia o Espírito,” (Tg 4:5), isto por que as doutrinas obscuras do Catolicismo têm traído ao Espírito Santo, trocando-o por santos. Nossas orações são devidas somente a Deus e ele vela por este princípio. Deus abomina a oração direcionada a ídolos (Is 44:17), como diz Paulo: “trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador,” (Rm 1:25).

Nunca trocamos o Espírito Santo que nos guia para verdade, por qualquer santo. Jamais fizemos isso! Essas palavras, só demonstram a profunda falta de conhecimento que o cidadão tem do que é a Igreja Católica. Na cabeça do protestante, ele imagina que durante nossas missas, encontros, estudos e etc nós ficamos gritando o nome dos Santos e da Virgem Maria como acontece, às vezes nos cultos protestantes onde os fieis ficam “pulando” e “dançando” para que algum “ungindo” ore por eles.

Nossa oração não é direcionada a ídolos e sim, a um povo numeroso que compõe uma “nuvem de testemunhas” (Hb 12,1) que nos acompanha torcendo por nós e vibrando juntamente com a Igreja de Cristo. Alias, não só eles (santos) oram, mas nós que aqui militamos também. Não confundam meus amigos, o amor venerativo que temos para com os Mártires e irmãos na fé, com a adoração para com o Cristo, único fundamento de tudo o que cremos.

Continuamos a fazer, aquilo que o próprio Apóstolo Paulo, em sua epístola aos Romanos e a Timóteo nos orienta: honrar uns aos outros (Rm 12,10) e interceder, suplicar e oferecer ações de graça em favor de todos os homens (I Tm 2,1).

9 - Como os mortos continuam a fazer parte do corpo de Cristo, uma vez que o corpo de Cristo são os Cristãos que estão sobre a terra agindo em favor do Evangelho?

De todos os argumentos colocados aqui pelo autor do texto, esse é o mais ridículo que li. Digam-me vocês: em qual local da bíblia está escrito que os que dormem no Senhor não fazem mais parte do corpo de Cristo? Qual é a fonte argumentativa para se basear em tal conceito? Então, quer dizer que muitos sofreram pela fé, sendo perseguidos, martirizados, mortos das piores formas e condições e ao serem separados do carne, simplesmente não fazem mais parte do corpo místico de Jesus?

Se Paulo diz aos Filipenses que seu desejo era “partir para estar com Cristo” (Fl 1,23), se Paulo escreve aos Efésios afirmando que há uma família que “está no céu” (Ef 3,14-15), se Paulo afirma que na volta de Cristo ele retornará com todos os seus Santos (I Ts 3,13), se Paulo afirma que mesmo fora do corpo (morto) continuamos a nos esforçar em agradar a Deus (II Cor 5,9), se o escritor de Hebreus afirma que temos uma nuvem de testemunhas ao nosso redor (Hb 12,1) e uma Igreja que compõem os espíritos dos justos aperfeiçoados (Hb 12,22-24), se o apóstolo João escreve em suas visões que viu as pessoas que morreram nas tribulações e que elas servem a Deus dia e noite diante do trono de Deus (Ap 7,13-15), se o próprio Cristo disse que não é Deus de mortos e sim de vivos (Mt 22,32) e que a alma não pode ser morta (Mt 10,28); como o dono do texto diz que os “mortos” não fazem mais parte do corpo de Cristo? Se não pertencem ao corpo, logo, não pertencem a Igreja!

Só voltarão a pertencer na ressurreição? Seria isso lógico? É claro que não! Todos os batizados fazem parte do corpo do Senhor.

Gl 3,27 – Porque TODOS quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo.   

10 – Onde a Bíblia ensina que os que morrem no Senhor podem interceder por nós?

Até o presente momento, colocamos diversas passagens que de forma clara, demonstra a possibilidade de intercessão por parte daqueles que já contemplam o Senhor, entretanto, vamos verificar mais uma vez o livro do Apocalipse que mostra de forma clara o serviço que os Santos prestam para com toda a Igreja.

A primeira nota que tomamos é que as visões que João teve das pessoas que estavam diante do trono de Deus se tratavam de pessoas que já estavam mortas:

Ap 7,14-15Eu lhe respondi: “Meu Senhor, és tu quem o sabe!” Ele, então me explicou: “Estes são os que vem da grande  tribulação: lavaram suas vestes e alvejaram-nas no sangue do Cordeiro. É por isso que estão diante do trono de Deus, servindo-o dia e noite em seu templo.

Esses aos quais, servem de “dia e de noite” são os quais intercedem pela Igreja, não só eles, como nós também. É por isso que na sequência do capítulo um anjo porta-se junto do altar, com um turíbulo e oferece com as orações de TODOS os Santos. A linguagem apocalíptica não coloca barreiras se de fato essas orações seriam somente dos que ainda militavam na carne, mas sim, chama as preces para TODOS os que fazem parte do Corpo de Cristo:

Ap 8,3-4Outro Anjo veio postar-se junto do altar, com um turíbulo de ouro. Deram-lhe grande quantidade de incenso para que o oferecesse com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que está diante do trono. E, da mão do Anjo, a fumaça do incenso com as orações dos santos subiu diante de Deus.

Notem que este “altar” que está diante do trono é o mesmo onde o apóstolo João, capítulos anteriores, diz ver que existem almas que clamam, gritam, falam e pedem a Deus justiça contra malfeitores que ainda estão vivos na terra:

Ap 6,9-10Quando abriu o quinto selo, vi sob o ALTAR, as almas dos que tinham sido imolados por causa da Palavra de Deus e do testemunho que Del tinham prestado. E eles clamaram em alta voz: “Até quando, ó Senhor santo e verdadeiro, tardarás a fazer justiça vingando nosso sangue contra os habitantes da terra”?

Assim, quando os navegantes viram a queda da Babilônia e se lamentando por ela, colocavam a responsabilidade em Deus pelo julgamento em pró dos santos, apóstolos e profetas:

Ap 18,20EXULTAI por sua causa, Ó CÉU, e vós, santos, apóstolos e profetas pois, julgando-a, Deus VOS fez justiça.

Em meio a tantas provas, ficaria difícil pensar que os santos não intercedem por nós, ainda sim, fico com as palavras do escritor de Hebreus que após um capítulo inteiro (11) relatar a fé dos que haviam morrido, sua conclusão se dá em belas palavras em assumir que a nossa volta se encontra uma memorável “nuvem de testemunhas”:

Hb 12,1aPortanto, também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor (...).

11 – Se a Bíblia diz que eles não têm mais parte no que se faz debaixo do sol, como podemos dizer que os mortos  podem nos ajudar?

Já comentei no início do texto e volto a reforçar: o antigo testamento oscila no que tange a “imortalidade da alma”. Podemos encontrar provas de que ela existe (Nm 16,33; II Sm 12,23; Jó 17,13a; II Mc 15,14) assim como negativas afirmando que na morte, não há esperança (Sl 6,6; Is 38,18) na pergunta do autor, ele usa uma passagem de Eclesiastes, sendo ela:

Ecl 9,5-6Os vivos sabem ao menos que morreram; os mortos, porém, não sabem nada. Não há para eles retribuição, uma vez que sua lembrança é esquecida. Seu amor, ódio, ciúmes já pereceram, e ele nunca mais participarão de tudo o que se faz debaixo do sol.  

Essa passagem é um pouco dura, mas, não fere o que acreditamos. Primeiro que, como já dito, os antigos patriarcas não tinham uma noção clara sobre o que de fato significava a morte. Segundo que Salomão ao dizer que não participam (os mortos) “debaixo do sol” faz uma severa crítica aos sentimentos exalados enquanto estamos vivos e que não temos mais parte após a separação do corpo, isto é, o ódio, ciúmes e amor já pereceram, pois já não vivemos mais na carne para sentir tais atribuições. Terceiro e último, o mesmo autor que descreve tal ensinamento, é o mesmo a dizer no início do livro não ter um conhecimento pleno se “animais” e “homens” possuem o mesmo destino, já que a sorte de ambos pode ser idêntica.

Ecl 3,19-21  Pois a sorte do homem e a do animal é idêntica: como morre um, assim morre o outro e ambos têm o mesmo alento; o homem não leva vantagem sobre o animal, porque tudo é vaidade. Tudo caminha para um mesmo lugar: tudo vem do pó e tudo volta ao pó. Quem sabe se o alento do homem sobe para o alto e se o alento do animal desce para baixo, para a terra? 

Sendo assim, como argumentar contra a comunhão dos santos, utilizando de textos onde os escritores não possuíam uma noção mínima da morte, já que, a revelação só se daria em Jesus Cristo, Nosso Senhor?

12 – A única base “Bíblica” de que se serve a Igreja Católica para provar a intercessão dos santos é proveniente de um livro cuja inspiração é altamente duvidosa. Pode-se, portanto crer nisto?

O texto que o autor se refere é o de II Macabeus 15.14.

Cabe a ele, provar que a inspiração é “duvidosa”, não a nós católicos que caminhamos junto de uma Igreja que possui uma fé de dois mil anos. Se o criador do texto ler os comentários aqui apresentados, entenderá que não existe apenas uma única passagem e sim, várias. 


CONCLUSÃO

A comunhão dos santos não foi um dogma, ou uma doutrina inventada pela Igreja. Sempre existiu e não é só a bíblia que testifica e sim, a patrística que embasa a tradição da comunidade católica.

Que Maria Santíssima e todos os Santos intercedam por nós afim de que sejamos dignos das promessas de Jesus Cristo Nosso Senhor!

Jo 11,25-26   Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, VIVERÁ; e todo aquele que vive, e crê em mim, NUNCA morrerá. Crês tu isto?

Paz e Bem a todos!

Érick Gomes.

BIBLIOGRAFIA 

(1) História Eclesiástica, Livro 4, 15.1-43
(2) História Eclesiástica, Livro 4, 17.2-3
(3) Sub Tuum Praesidium
(4) Aos Tralianos, n. 13,3
(5) Oração 11
(6) Miscellanies 7, 12
(7) Leituras Catequéticas 23, 9