INTRODUÇÃO
A eucaristia é o centro da vida
cristã e o principal alimento que nutre o corpo e a alma de todo aquele que
professa que Jesus Cristo é o seu único Senhor. A palavra “eucaristia” vem do termo
grego “εὐχαριστία” e tem o significado de
“ação de graças”. Ação essa que é realizada pelo sacerdote no ato da consagração das espécies do pão e do vinho que transubstanciam-se na carne e
no sangue do Senhor.
Desde sempre, a Igreja Católica
(assim como as comunidades orientais)
tem tratado esse importante sacramento de acordo com as próprias palavras do
Cristo. São João – o evangelista – registra
em seu evangelho as palavras de Jesus quando Ele próprio diz:
“Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue,
verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue
permanece em mim e eu nele” (Jo 6,55-56).
Desde os tempos mais
primitivos, a fé cristã interpretou e continua interpretando as palavras de
Jesus com literalidade, isto é, há a crença que de fato, as espécies ali
consagradas, constituem partículas do Cristo salvador.
Essa crença é atestada pela
vasta literatura patrística dos primeiros séculos da Igreja.
Se até os dias de hoje,
chega à nós que a tradição cristã confirma tal fé nesse dogma, devemos assim, crer com
total piedade que a responsabilidade por tal afirmação, deriva exclusivamente
das escrituras e dos primeiros pais da Igreja, sendo que, foram eles os responsáveis pela
construção do caminho percorrido nos mais de dois mil anos de cristianismo.
O presente artigo, possui a
finalidade de encher de fé e esperança a todos aqueles que acreditam nesse
mistério e afirmar com prudência e autoridade de que crer na presença real de
Jesus na eucaristia, é sinônimo de verdade.
Além dos textos bíblicos que
aqui serão apresentados, (com suas
respectivas datas e escritores), trazemos aos leitores, inúmeras citações
patrísticas dos quatro primeiros séculos da Igreja Católica que afirmam a
veracidade dos fatos de nossa crença.
I
SÉCULO (0 a 100 d.C)
1ª Epístola de São Paulo aos
Coríntios (55 d.C):
“Com efeito, eu mesmo recebi do Senhor o que vos transmiti: na noite em
que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o
e disse: <Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de
mim>. Do mesmo modo, após a ceia, também tomou o cálice, dizendo: <Este
cálice é a nova Aliança do meu sangue; todas as vezes que dele beberdes,
fazei-o em memória de mim>. Todas às vezes, pois, que comei desse pão e
bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que Ele venha” (1 Cor 11,23-26).
“Eis porque todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor
indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor” (1 Cor 11,27).
“Por conseguinte, que cada um examine a si mesmo antes de comer desse
pão e beber desse cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo,
come e bebe a própria condenação” (1
Cor 11,28-29).
Evangelho Segundo São Marcos (64 d.C):
“Durante a refeição, Jesus tomou o pão e, depois de o benzer, partiu-o e
deu-lho dizendo: <Tomai, isto é o meu corpo>. Em seguida, tomou o cálice,
deu graças e apresentou-lho, e todos dele beberam. E disse-lhes: <Isto é o
meu sangue, o sangue da nova aliança, que é derramado por muitos>” (Mc 14,22-23).
Evangelho Segundo São Mateus (70 d.C):
“Durante a refeição, Jesus tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos
discípulos, dizendo: <Tomai e comei, isto é meu corpo>. Tomou depois o
cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: <Bebei dele todos, porque isto é
meu sangue, o sangue a Nova Aliança, derramado por muitos homens em remissão
dos pecados>.” (Mt 26,26-28).
Evangelho Segundo São Lucas (80 d.C):
“Pegando o cálice, deu graças e disse: <Tomai este cálice e distribuí-lo
entre vós. Pois vos digo: já não tonarei a beber do fruto da videira, até que
venha o Reino de Deus>. Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças,
partiu-o e deu-lho, dizendo: <Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei
isto em memória de mim>. Do mesmo modo tomou também o cálice, depois de
cear, dizendo: <Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado
por vós>.” (Lc 22,17-20).
“Aconteceu que, estando sentando conjuntamente à mesa, ele tomou o pão,
abençoou-o, partiu-o e serviu-lho. Então, se lhes abriram os olhos e
reconheceram, mas, ele desapareceu. Diziam então um para o outro: <Não se
nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as
Escrituras?>. Levantaram-se na mesma hora e voltaram a Jerusalém Aí acharam
reunidos os onze e os que com eles estavam. Todos diziam: <O Senhor
ressuscitou verdadeiramente a apareceu a Simão>. Eles, por sua parte,
contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o tinham reconhecido ao
partir do pão” (Lc 24,30-35).
Atos dos Apóstolos, Segundo São
Lucas (70 ou 80 d.C):
“Perseveram eles na doutrina dos apóstolos, nas reuniões em comum, na
fração do pão e nas orações” (At
2,42).
Didaqué [instrução dos doze
apóstolos] (80 ou 90 d.C):
“Celebrem a Eucaristia deste modo: Digam primeiro sobre o cálice:
<Nós te agradecemos Pai nosso, por causa da santa vinha do teu servo Davi,
que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre>.
Depois digam sobre o pão partido: <Nós te agradecemos Pai nosso, por causa
da vida e do conhecimento que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a
glória para sempre. Do mesmo modo como este pão partido tinha sido semeado
sobre as colinas, e depois recolhido para se tornar um, assim também a tua
Igreja seja reunida desde os confins da terra no teu reino, porque tua glória e
o poder, por meio de Jesus Cristo, para sempre>. Ninguém coma nem beba da
Eucaristia, se não tiver sido batizado em nome do Senhor, porque sobre isso o
Senhor disse: <Não deem as coisas santas aos cães>” (Didaqué 9,1-5).
“Depois de saciados, agradeçam deste modo: <Nós te agradecemos Pai
santo, por teu santo Nome, que fizeste habitar em nossos corações, e pelo
conhecimento, pela fé e imortalidade que nos revelaste por meio do teu servo
Jesus. A ti glória para sempre. Tu, Senhor Todo-poderoso, criaste todas as
coisas por causa do teu Nome, e deste aos homens o prazer do alimento e da
bebida, para que te agradeçam. A nós, porém, deste uma comida e uma bebida
espiritual, e uma vida eterna por meio do teu servo” (Didaqué 10,1-3).
Evangelho Segundo São João (95 d.C):
“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o
ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e
o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu
sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive, e eu
vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim”
(Jo 6,54-57).
II
SÉCULO (101 a 200 d.C)
Epístola aos Efésios, segundo
Santo Inácio de Antioquia (aproximadamente: 107 a 110 d.C):
“Se Jesus Cristo me tornar digno, graças às vossas orações, e se for da
vontade de Deus, eu vos explicarei, em segundo livrinho, que devo escrever-vos,
a economia da qual comecei a vos falar, a respeito do homem novo, Jesus Cristo.
Ela consiste na fé nele e no amor por ele, no seu sofrimento e ressurreição.
Sobretudo se o Senhor me revelar que cada um e todos em conjunto, na graça que
provém do seu nome, vos reunireis na mesma fé em Jesus Cristo da descendência
de Davi segundo a carne, filho de homem e filho de Deus, para obedecer aos
bispos e ao presbitério, em concórdia estável, partindo o mesmo pão, que é
remédio de imortalidade, antídoto para não morrer, mas para viver em Jesus Cristo
para sempre” (Aos Efésios 20,1-2).
Epístola aos Romanos, segundo
Santo Inácio de Antioquia (aproximadamente: 107 a 110 d.C):
“Não sinto prazer pela comida corruptível, nem me atraem os prazeres
dessa vida. Desejo o pão de Deus, que é a carne de Jesus Cristo, da linhagem de
Davi, e por bebida desejo o sangue dele, que é o amor incorruptível” (Aos Romanos 7,3).
Epístola aos Filadelfienses,
segundo Santo Inácio de Antioquia (aproximadamente: 107 a 110 d.C):
“Preocupai-vos em participar de uma só eucaristia. De fato, há uma só
carne de nosso Senhor Jesus Cristo e um só cálice na unidade do seu sangue, um
único altar, assim como um só bispo com o presbitério e os diáconos, meus
companheiros de serviço. Desse modo, o que fizerdes, fazei-o segundo Deus”
(Aos Filadelfienses 4,1).
Epístola aos Esmirniotas,
segundo Santo Inácio de Antioquia (aproximadamente: 107 a 110 d.C):
“Eles se afastam da eucaristia e da oração, porque não professam que a
eucaristia é a carne de nosso Salvador Jesus Cristo, que sofreu por nossos
pecados e que, na sua bondade, o Pai ressuscitou. Desse modo, aqueles que
recusam o dom de Deus, morrem na suas disputas” (Aos Esmirniotas 7,1).
I Apologia, segundo Justino de
Roma (155 d.C):
“Este alimento se chama entre nós Eucaristia, da qual ninguém pode
participar, a não ser que creia serem verdadeiros nossos ensinamentos e se
levou no banho que traz a remissão dos pecados e a regeneração e vive conforme
o que Cristo nos ensinou. De fato, não tomamos essas coisas como pão comum ou
bebida ordinária, mas da maneira como Jesus Cristo, nosso Salvador, feito carne
por força do Verbo de Deus, teve carne e sangue por nossa salvação, assim nos
ensinou que, por virtude da oração ao Verbo que procede Deus, o alimento sobre
o qual foi dita a ação de graças – alimento com o qual, por transformação, se
nutrem nosso sangue e nossa carne – é a carne e o sangue daquele mesmo Jesus
encarnado. Foi isso que os Apóstolos nas memórias por eles escritas, que se
chamam Evangelhos, nos transmitiram que assim foi mandado a eles, quando Jesus,
tomando o pão e dando graças, disse: <Fazei isto em memória de mim, este é o
meu corpo>. E igualmente, tomando o cálice e dando graças, disse: <Este é
o meu sangue>, e só participou isso a eles” (I Apologia 66,1-4).
Diálogo com Trifão, segundo
Justino de Roma (aproximadamente +150 d.C):
“Continuei: a oferta da flor
de farinha, senhores, que os que se purificavam da lepra deviam oferecer, era
figura do pão da Eucaristia que nosso Senhor Jesus Cristo mandou oferecer em
memória da paixão que ele padeceu por todos os homens que purificam suas almas
de toda maldade, para que juntos demos graças a Deus por ter criado o mundo e
por todo o amor que há nele pelo homem, por nos ter livrado da maldade na qual
nascemos e por ter destruído completamente os principados e potestades através
daquele que, segundo seu desígnio, nasceu passível. Portanto, quanto aos
sacrifícios que vós antes ofereceis, como já mostrei, diz Deus pela boa de
Malaquias, um dos doze profetas: <Minha vontade não está conosco – diz o
Senhor – e não quero receber sacrifícios e vossas mãos. De fato, desde onde o
sol nasce até onde ele se põe, meu nome é glorificado entre as nações e em todo
lugar se oferece ao meu nome um sacrifício puro. Grande é o meu nome entre as
nações – diz o Senhor – e que vós o profanais>. Assim, antecipadamente fala dos
sacrifícios que nós, as nações, lhe oferecemos em todo lugar, isto é, o pão da
Eucaristia e o cálice da própria Eucaristia e ao mesmo tempo diz que nós
glorificamos o seu nome e vós o profanais” (Diálogo com Trifão 41,1-3).
“Deus, portanto, testemunha que lhe são agradáveis todos os sacrifícios
que lhe são oferecidos em nome de Jesus Cristo, os sacrifícios que este nos
mandou oferecer, isto é, os da Eucaristia do pão e do vinho, que os cristãos
celebram em todo lugar da terra (...). São justamente apenas esses que os
cristãos aprenderam a oferecer na comemoração do pão e do vinho, na qual se
recorda a paixão que o Filho de Deus sofreu por eles” (Diálogo com Trifão 117,1.3).
Contra as Heresias, segundo
Santo Irineu de Lião (180 d.C):
“Aconselhando também aos seus discípulos a oferecerem a Deus as
primícias das suas criaturas. Não porque precisasse, mas porque eles não se
mostrassem inoperosos e ingratos, tomou o pão que deriva da criação, deu graças
dizendo: <Isto é o meu corpo>; do mesmo modo tomou o cálice, que provém,
como nós, da criação, o declarou seu sangue e estabeleceu a nova oblação do
Novo Testamento. É está mesma oblação que a Igreja recebeu dos apóstolos e que,
no mundo inteiro, ela oferece a Deus que nos dá o alimento como primícias dos
dons de Deus na Nova Aliança. Malaquias, um dos doze profetas, a profetizou
dizendo: <Não tenho prazer em vós, diz o Senhor onipotente, e não me agrada
o sacrifício de vossas mãos; porque do levante ao poente meu nome é glorificado
entre as nações e em todo lugar se oferece incenso ao meu nome e sacrifício
puro; porque o meu nome é grande entre as nações, diz o Senhor onipotente>.
Com estas palavras afirma de forma claríssima que o primeiro povo cessaria de
oferecer a Deus e que em todo lugar lhe seria oferecido sacrifício puro e que o
seu nome seria glorificado entre as nações” (Contra as Heresias [IV livro] 17,5).
“Como
ainda podem afirmar que a carne se corrompe e não pode participar da vida,
quando ela se alimenta do corpo e do sangue do Senhor? Então, ou mudam a sua
maneira de pensar ou se abstenham de oferecer as ofertas de que falamos acima.
Quanto a nós, nossa maneira de pensar está de acordo com a Eucaristia e a
Eucaristia confirma nossa doutrina. Pois lhe oferecemos o que já é seu,
proclamado, como é justo, a comunhão e a unidade da carne e do Espírito. Assim
como o pão que vem da terra, ao receber a invocação de Deus, já não é pão
comum, mas a Eucaristia, feita de dois elementos, o terreno e o celeste, do
mesmo modo os nossos corpos, por receberem a Eucaristia, já não são
corruptíveis por terem a esperança da ressurreição” (Contra as Heresias [IV livro] 18,5).
“Estultos,
completamente, os que rejeitam toda a economia de Deus, negam a salvação da
carne, desprezam a sua regeneração, declarando ser ela incapaz de receber a
incorruptibilidade. Mas, se está não se salva, então nem o Senhor nos resgatou
no seu sangue, nem o cálice eucarístico é comunhão de seu sangue, nem o pão que
partimos é a comunhão com seu corpo. Pois o sangue não pode brotar a não ser
das veias, da carne e do resto da substância humana e é justamente por se ter
tornado tudo isso que o Verbo de Deus nos remiu com seu sangue, como diz o seu
Apóstolo: <Nele temos a redenção por seu sangue e a remissão dos
pecados>. É por sermos seus membros que somos nutridos por meio das coisas
criadas: ele próprio põe à nossa disposição as criaturas, fazendo o sol
levantar-se e chover, como quer, ele ainda reconheceu como seu próprio sangue o
cálice tirado da natureza criada, com o qual fortifica o nosso sangue, e
proclamou ser seu próprio corpo o pão tirado da natureza criada com o qual se
fortificam os nossos corpos” (Contra
as Heresias [V livro] 2,2).
“Se,
portanto, o cálice que foi misturado e o pão que foi produzido recebem a
palavra de Deus e se tornam a Eucaristia, isto é, o sangue e o corpo de Cristo,
e se por eles cresce se fortifica a substância da nossa carne, como podem
pretender que a carne seja incapaz de receber o dom de Deus, que consiste na
vida eterna, quando ela é alimentada pelo sangue e pelo corpo de Cristo, e é
membro desse corpo? Como diz o bem-aventurado Apóstolo na carta aos Efésios:
<Somos membros de seu corpo, formados pela sua carne e pelos seus ossos>;
e não fala de algum homem pneumático e invisível - <porque o espírito não
tem ossos nem carne> - mas da estrutura do homem verdadeiro, feito carne,
nervos e ossos, alimentados pelo cálice que é o sangue de Cristo e é
fortificado pelo pão que é seu corpo. Como a cepa de videira plantada na terra
frutifica no seu tempo e o grão de trigo caindo na terra, decompondo-se,
ressurge multiplicando pelo Espírito de Deus que sustenta todas as coisas e
que, pela inteligência, são postas aos serviços dos homens e, recebendo a
palavra de Deus, se tornam eucaristia, isto é, o corpo e o sangue de Cristo, da
mesma forma os nossos corpos, alimentados por esta eucaristia, depois de ser
depostos na terra e se terem decompostos, ressuscitarão, no seu tempo, quando o
Verbo de Deus os fará ressuscitar para a glória de Deus Pai, porque ele dará a
imortalidade ao que é mortal e a incorruptibilidade ao que é corruptível, pois,
o poder de Deus se manifesta na fraqueza” (Contra as Heresias [V livro] 2,3).
III SÉCULO (201 a 300 d.C)
Tratado sobre os princípios,
segundo Orígenes (220 a 230 d.C):
“Dizemos ainda que a inteligência pode se servir de dentes, quando ela
mastiga e come <o pão da vida que desceu do céu> (Jo 6,33-51)” (Tratado sobre os princípios [Livro I] 9).
Homilias sobre o evangelho de São Lucas, segundo Orígenes (240 d.C):
“Se alguém sai do mundo, se alguém é libertado tanto do cárcere quanto da casa dos cativos, que vá viver como rei, que tome Jesus em suas mãos, e o cerque com seus braços” (Homilia 15; capítulo 2).
Homilias sobre o evangelho de São Lucas, segundo Orígenes (240 d.C):
“Quanto a nós, se não abraçarmos de boa vontade as prodigiosas riquezas de Nosso Senhor, o maravilhoso mobiliário de sua palavra, a abundância de seus ensinamentos, se não comermos o pão da vida, se não nos nutrirmos da carne de Jesus e não bebermos o sangue de seu sacrifício, se desprezarmos o banquete de Nosso Salvador, devemos saber que Deus pode ter <tanto bondade quanto severidade>” (Homilia 38; capítulo 6).
IV
SÉCULO (301 a 400 d.C)
História Eclesiástica, segundo
Eusébio de Cesaréia (303 a 324 d.C):
“Narrativa de Dionísio sob Serapião – A este mesmo Fábio, um tanto
propenso ao cisma, escreve também Dionísio de Alexandria. Trata, nas cartas que
lhe dirigiu, de muitas questões, entre outras da penitência, e narra os
combates recentes daqueles que haviam prestado testemunho em Alexandria. Contra
especialmente um fato maravilhoso, que é necessário transmitir nesta obra.
Ei-lo: <Exporei apenas um exemplo do que aconteceu aqui. Havia entre nós
certo Serapião, ancião fiel, que durante muito tempo vivera de forma
irrepreensível, mas se tornara lapso no decurso da provação. Ele pedia
frequentemente perdão, mas ninguém lhe dava atenção, pois havia sacrificado.
Tendo caído doente, ficou três dias seguidos sem fala e inconsciente. No quarto
dia, como estivesse um pouco melhor, chamou seu neto e disse: ‘Até quando, meu
filho, me reténs? Peço-te, apressa-te a me desatar. Chama-me um sacerdote’.
Tendo proferido essas palavras, perdeu novamente a voz. O menino correu até a
casa do sacerdote; era noite e este estava doente; não podia sair. Mas, como de
outro lado eu havia dado ordem de que fosse concedido perdão aos que estivessem
morrendo se o pedissem e sobretudo se antes o houvessem suplicado, a fim de
morrerem cheios de esperança, entregou um pedacinho do pão eucarístico ao
menino, recomendando que molhasse e o colocasse na boca do ancião. O menino
voltou para casa com a eucaristia. Estando perto, antes de entrar, Serapião voltou
de novo a si: ‘Tu vieste, meu filho? O presbítero não pode vir, mas faze
depressa o que ele ordenou e deixa-me partir’. O menino pôs a eucaristia num
líquido e logo o derramou na boa do velho; este ingeriu um gole e imediatamente
entregou o espírito. Não se evidencia ter sido conversado em vida e subsistido
até ser absolvido, e, apagado seu pecado, em consideração das numerosas boas
ações que praticara foi reconhecido por Cristo?> Até aqui a narração de
Dionísio ” (História Eclesiástica [Livro
VI] 44,1-6).
Sobre os Sacramentos, segundo
Santo Ambrósio de Milão (387 a 393 d.C):
“Vinhas, portanto, desejando, por teres visto tal graça; vinhas ao
altar, desejando receber o sacramento. Tua alma diz: “Aproximar-me-ei do altar
de Deus, do Deus que alegra a minha juventude” (Sl 42,4). Depuseste a velhice
dos pecados, assumiste a juventude da graça. Foi isso que te concederam os
sacramentos celestes. De novo, escuta o que Davi diz: “Tua juventude se
renovará como a da águia” (Sl 102,5). Tu começaste a ser boa águia que se lança
para o céu e despreza o que é terreno. As boas águias estão em torno do altar:
de fato, “onde está o corpo, aí estão também às águias” (Mt 24,28). O altar tem
a forma do corpo e o corpo de Cristo está no altar” (Sobre os Sacramentos [Livro IV] 2,7).
“Talvez digas: <Meu pão é comum>. Mas este pão é pão antes das
palavras sacramentais; depois da consagração, o pão se transforma em carne de
Cristo. Demonstremos isso. Como pode ser que o pão pode se tornar corpo de
Cristo? Com quais palavras se fez a consagração e com palavras de quem? Do
Senhor Jesus. Com efeito, todo o resto que se diz antes, é dito pelo sacerdote:
louva-se a Deus, dirige-se-lhe oração, pede-se pelo povo, pelos reis (2 Tm
2,12) e pelos outros. No momento em que se realiza o venerável sacramento, o
sacerdote já não usa as suas próprias palavras, mas as palavras de Cristo.
Portanto, é a palavra de Cristo que produz o sacramento. Qual é a palavra de
Cristo? É aquela pela qual todas as coisas foram feitas. O Senhor ordenou e o céu
foi feito. O Senhor ordenou, e a terra foi feita. O Senhor ordenou, e os mares
foram feitos. O Senhor ordenou e toda criatura foi criada. Vês, portanto, como
é eficaz a palavra de Cristo! Se há tanta força na palavra do Senhor Jesus, de
modo que as coisas que não existiam começassem a existir, tanto mais é eficaz
para que aquela coisa que existiu se transformasse em outra coisa. O céu não
existia, o mar não existia, a terra não existia; ouve, porém, o que diz Davi:
“Ele disse, e foram feitas; ele ordenou, e foram criadas” (Sl 32,9; 148,5).
Portanto, para te responder, antes da consagração não era o Corpo de Cristo,
mas te digo que depois da consagração já é corpo de Cristo. Ele disse, e foi
feito; ele ordenou, e foi criado. Tu também existias, mas eras uma velha
criatura; depois que foste consagrado, começaste a ser uma nova criatura.
Queres saber quão grande é a nova criatura? Todo “aquele que está em Cristo é
nova criatura” (2 Cor 5,17)” (Sobre
os Sacramentos [Livro IV] 4,14-16).
“Tudo isso não faz com que entendas o que a palavra celeste realiza? Se
a palavra celeste age na fonte terrena, se age em outras coisas, não agirá nos
sacramentos celestes? Aprendeste, portanto, que o pão se transforma em corpo de
Cristo, e que é o vinho, que é a água que se derrama no cálice, mas que pela
consagração celeste se transforma em sangue. Talvez digas: “Não vejo aparência
de sangue”. Mas há o símbolo. Do mesmo modo como assumiste o símbolo da morte,
assim também bebes o símbolo do precioso sangue, para que não haja nenhum
horror de sangue derramado e, no entanto, se realize o preço da redenção.
Aprendeste, portanto, que aquilo que recebes é o corpo de Cristo” (Sobre os Sacramentos [Livro IV] 4,19-20).
“Queres saber mediante quais palavras celestes se consagra? Escuta quais
são as palavras. O sacerdote diz: <Faze para nós com que esta oferta seja
aprovada, espiritual, aceitável, porque é a figura do corpo e do sangue de
nosso Senhor Jesus Cristo. O qual, antes de sua paixão, tomou o pão em suas
santas mãos, olhou para o céu, para ti, Pai santo, Deus todo-poderoso e eterno,
deu graças, o abençoou, o partiu, e partindo o deu a seus apóstolos e
discípulos, dizendo: ‘Tomai e comei disso todos, porque isto é o meu corpo que
será partido para muitos’>. Presta atenção. <Do mesmo modo, tomou também
o cálice depois da ceia, antes de sua paixão, olhou para o céu, para ti, Pai
santo, Deus todo-poderoso e eterno, deu graças, o abençoou, deu a seus
apóstolos e discípulos, dizendo: ‘Tomai e bebei disso todos, porque este é o
meu sangue’> (Mt 26,26-28; Lc 22,19; 1Cor 11,23). Vê que são todas palavras
do evangelista até <tomai>, seja o corpo, seja o sangue. A partir daí,
são palavras de Cristo: <Tomai e bebei disso todos, porque este é o meu
sangue>. Repara também nos pormenores. O qual, antes de sua paixão, tomou o
pão em suas santas mãos. Antes da consagração, é pão; mas quando as palavras de
Cristo aparecem, é corpo de Cristo. Escuta então o que ele diz: <Tomai e
comei disso todos, porque isto é o meu corpo>. Antes das palavras de Cristo,
também o cálice está cheio de vinho e de água; do momento em que as palavras de
Cristo são usadas, isso torna-se o sangue que redimiu o povo. Vede, portanto,
de quais maneiras a palavra de Cristo tem poder para transformar tudo. Além
disso, o próprio Senhor Jesus testemunhou-nos que recebemos seu corpo e seu
sangue. Por acaso, devemos duvidar da fidelidade do seu testemunho? Volta
comigo agora ao meu assunto. De fato, é grande e venerável que o maná tenha
chovido do céu para os judeus. Mas procura entender. O que é maior: o maná do
céu ou o Corpo de Cristo? Sem dúvida, o corpo de Cristo, que é o criador do
céu. Com efeito, aquele que comeu o maná, morreu; quem comer este corpo terá a
remissão dos pecados e <não morrerá para sempre> (Jo 6,49-59). Não é sem
razão que dizes: <Amém>, confessando em espírito que recebes o corpo de
Cristo. Quando te apresentas, o sacerdote te diz: <Corpo de Cristo>, e tu
respondes: <Amém>, isto é, <é verdadeiro>. O que a língua confessa,
que a convicção o conserve. Para que saibas: este é o sacramento, cuja figura
veio antes” (Sobre os Sacramentos
[Livro IV] 5,21-25).
“Conhece então qual é a grandeza do sacramento. Vê o que ele diz: <Todas
as vezes que fizerdes isso, fazei-o em minha memória, até o dia em que eu
retornar> (1 Cor 11,26). O sacerdote também diz: <Celebrando, pois, a
memória de sua gloriosíssima paixão, da ressurreição dos infernos e da ascensão
ao céu, nós te oferecemos esta hóstia imaculada, hóstia espiritual, hóstia
incruenta, este pão santo e o cálice da vida eterna, e te pedimos e suplicamos
para que aceites esta oferta no teu sublime altar pelas mãos dos teus anjos,
assim como dignaste aceitar as ofertas do teu servo o justo Abel, o sacrifício
do nosso patriarca Abraão e o que te ofereceu o sumo sacerdote Melquisedec>.
Portanto, todas as vezes que o recebes, o que é que o apóstolo te diz? Todas as
vezes que o recebemos, anunciamos a morte do Senhor (1 Cor 11,26). Se
(anunciamos) a morte, anunciamos a remissão dos pecados. Se, todas as vezes que
o sangue é derramado, é derramado para a remissão dos pecados, devo recebê-lo
sempre, para que perdoe sempre os meus pecados. Eu que peco sempre, devo sempre
ter um remédio” (Sobre os
Sacramentos [Livro IV] 6,26-28).
“Portanto, te aproximaste do altar, recebeste o corpo de Cristo. Escuta
de novo quais sacramentos recebeste. Ouve o que diz o santo Davi. Ele previa no
Espírito estes mistérios, alegrava-se e dizia que nada lhe faltava. Por quê?
Porque quem recebe o corpo de Cristo jamais passará fome (Jo 6,35)” (Sobre os Sacramentos [Livro V] 3,12).
“Assim como nosso Senhor Jesus Cristo é o verdadeiro Filho de Deus, não
pela graça como os homens, mas como Filho de Deus da substância do Pai, assim
também, como ele mesmo disse, o que recebemos é verdadeira carne e a bebida é o
seu verdadeiro sangue (Jo 6,56)” (Sobre
os Sacramentos [Livro VI] 1,1).
“Ele diz: <Eu sou o pão vivo que desci do céu> (Jo 6,41). A carne,
porém, não desce do céu, isto é, foi da virgem que ele assumiu a carne na
terra. Como então o pão, e o pão vivo, desceu do céu? Porque nosso Senhor Jesus
Cristo participa tanto da divindade como do corpo, e tu, que recebes a carne,
participas de sua substância divina por esse alimento” (Sobre os Sacramentos [Livro VI] 1,4).
Sobre os Mistérios, segundo
Santo Ambrósio de Milão (387 a 393 d.C):
“Está provado, que os sacramentos da Igreja são mais antigos. Agora,
reconhece que eles são superiores. É, de fato, admirável que Deus tenha feito
chover o maná para os pais e que eles tenham ficado satisfeitos diariamente com
o alimento do céu. É, por isso, que se diz: <O homem comeu o pão dos anjos>
(Sl 77,25). Todavia, os que comeram esse pão, morreram todos no deserto. Ao
contrário, este alimento que recebes, este <pão vivo que desceu do céu>
oferece a substância da vida eterna, e todo aquele que dele comer, <jamais
morrerá> (Jo 6,50), pois ele é o corpo de Cristo. Considera, o que é
superior: o pão dos anjos ou a carne de Cristo, que certamente é o corpo da
vida. Aquele maná vinha do céu; este vem de acima do céu. Aquele era celeste;
este é do senhor do céus. Aquele estava sujeito à corrupção se fosse guardado
para o dia seguinte; este é estranho a qualquer corrupção: todo aquele que o
saborear com respeito não pode experimentar a corrupção. Para eles, correu água
do rochedo; para ti, flui o sangue de Cristo. A água os saciou por um momento;
para ti, o sangue te lava para sempre. O judeu bebe e tem sede; tu, porém,
quando bebes, não poderás mais ter sede” (Sobre os Mistérios 8,47-48).
“Talvez digas: <Estou vendo outra coisa. Como podes afirmar que estou
recebendo o corpo de Cristo?> É o que ainda nos resta provar. Usaremos
grandes exemplos, para provar que não se trata daquilo que a natureza produziu,
mas daquilo que a bênção consagrou, pois o poder da bênção é maior do que o da
natureza, porque a bênção muda a própria natureza. Moisés segurava sua vara,
depois a jogou e ela se transformou em serpente. Depois, pegou a cauda da
serpente que voltou à sua natureza de vara. Vês, portanto, que, por causa da
graça profética, a natureza foi mudada duas vezes: a da serpente e a da vara.
Os rios do Egito faziam correr ondas de água limpa. De repente, o sangue
começou a jorrar dos cursos das fontes. Não havia mais água potável nos rios.
De novo, a pedido do profeta, o sangue parou e a natureza das águas voltou. O
povo hebreu estava cercado por todos os lados. De uma parte, era assediado
pelos egípcios; de outra, fechado pelo mar. Moisés levantou a vara: a água se
separou e se congelou numa espécie de muralha, e apareceu entre as ondas um
caminho onde se podia andar. O Jordão, contra a sua natureza, voltou para a
fonte de onde nasce. Não é evidente que a natureza das ondas do mar ou do curso
dos rios foi mudada? O povo dos pais sentia sede; Moisés tocou a pedra e a água
correu da pedra. Por acaso, a graça não agiu de maneira superior, para que a pedra
vomitasse a água que a sua natureza não possuía? Mara era um rio amaríssimo, de
modo que o povo sedento não podia beber. Moisés pôs madeira na água e a
natureza das águas perdeu seu amargor, que a graça espalhada temperou
imediatamente. Sob o profeta Eliseu aconteceu a um filho de profeta que o ferro
do machado soltou- se e imediatamente afundou. Aquele que perdera o ferro,
rogou a Eliseu. Eliseu colocou madeira na água e o ferro veio à tona. Sabemos
que também isso foi feito de modo superior à natureza, pois o ferro é mais
pesado do que o líquido da água. Constatamos, portanto, que a graça tem maior
poder do que a natureza e ainda medimos a graça da bênção profética. Com
efeito, se a bênção de um homem teve poder suficiente para mudar a natureza,
que diremos da consagração feita pelo próprio Deus, onde agem as próprias
palavras do Senhor Salvador? De fato, este sacramento que recebes é produzido
pela palavra de Cristo. Se a palavra de Elias teve tanto poder, de modo a fazer
o fogo descer do céu, a palavra de Cristo não terá poder de mudar a natureza
dos elementos? A respeito das obras do universo inteiro leste que “ele disse, e
as coisas foram feitas; ele ordenou, e elas foram criadas” (Sl 32,9; 148,5). A
palavra de Cristo, que pode fazer do nada o que não existia, não poderá mudar
as coisas que existem naquilo que elas não eram? Não é coisa menor produzir
coisas novas do que mudar as naturezas. Mas para que nos servir de argumentos?
Sirvamo-nos de seus exemplos e estabeleçamos pelos mistérios da encarnação a
verdade do mistério. Por acaso, o curso da natureza precedeu o nascimento do
Senhor Jesus de Maria? Se procurarmos a ordem, a mulher costuma conceber depois
das relações com um homem. É evidente, portanto, que a Virgem concebeu fora da
ordem da natureza. E aquilo que nós produzimos é corpo nascido da Virgem. Por
que procuras a ordem da natureza no corpo de Cristo, quando o próprio Senhor
Jesus foi concebido por uma virgem fora do curso da natureza? É a verdadeira
carne de cristo que foi crucificada, que foi sepultada. Portanto, é de fato o
sacramento da carne dele” (Sobre os
Mistérios 9,50-53).
“O próprio Senhor Jesus proclama: <Isto é o meu corpo>. Antes da
bênção com as palavras celestes é chamada por outra espécie; depois da
consagração, é o corpo que é designado. Ele mesmo diz que é o seu sangue. Antes
da consagração é chamado de outro modo; depois da consagração, é chamado
sangue. E tu dizes: <Amém>, isto é: É verdadeiro. O que a boca pronuncia
seja reconhecido pela mente interna; que o íntimo sinta o que a palavra
exprime. É, portanto, com esses sacramentos que Cristo alimenta a sua Igreja;
por eles é fortalecida a substância da alma. E com razão, ao ver seus
progressos constantes na graça, ele lhe diz: <Como teus seios são belos,
minha irmã, minha esposa! São mais belos do que o vinho, e como o odor de tuas
vestes ultrapassa o de todos os perfumes! Teus lábios destilam mel, ó esposa.
Há mel e leite sob a tua língua, e o odor das tuas vestes é como o odor do
Líbano. És um jardim fechado, minha irmã, minha esposa. Um jardim fechado, uma
fonte lacrada> (Ct 4,10-12). Isso significa que o mistério deve permanecer
selado em ti, de modo a não ser violado pelas obras de uma vida má, nem pela
perda da castidade, nem divulgado para aqueles aos quais não convém, nem seja
espalhado entre os descrentes com palavras banais. Deves guardar bem a tua fé,
a fim de que a tua vida e o teu silêncio permaneçam inviolados” (Sobre os Mistérios 9,54-55).
Comentários ao "Sermão da Montanha", segundo Santo Agostinho (393 a 394 d.C):
“Assim sendo, quem se atreveria a afirmar que devemos rezar a oração dominical somente uma vez ao dia? Ou ainda a rezarmos duas ou três vezes, a ser mesmo suficiente só naquele hora em que recebermos o Corpo de Cristo, sem pronunciarmos essa súplica nas horas restantes?” (II livro; 26).
“Contudo, se alguém quiser interpretar este pedido da oração dominical, em relação ao alimento necessário para o corpo, ou ao sacramento do Corpo do Senhor, convém que admita juntamente todos os sentidos aqui explicados e reconheça que pedimos, ao mesmo tempo, o pão cotidiano necessário ao corpo, o sacramento visível e o pão invisível da Palavra de Deus” (II livro; 27).
Explicação do Símbolo, segundo Santo Agostinho (393 a 394 d.C):
“Dize, cometeste algo muito terrível, de grave, de horrendo, que só de pensar assusta? O que fizeste? Por acaso, mataste Cristo? Não há nada pior que isso, pois não há nada melhor que Cristo. Quão nefasto matar Cristo! Os judeus o mataram e, depois, muitos deles creram nele e beberam seu sangue” (O símbolo aos catecúmenos; 15).
Confissões, segundo Santo Agostinho (397 a 400 d.C):
“Com
efeito, na festa da Páscoa, para a qual convergem todos os mistérios de nossa
religião, aquele cujo coração não está manchado por nenhum sentimento contrário
à fé, prepara-se por uma purificação autêntica e conveniente. Diz, na verdade,
o Apóstolo: “Pois tudo o que não procede da boa fé é pecado” (Rm 14,23), serão
inúteis e sem sentido os jejuns daqueles que foram enganados pelo pai da
mentira, por suas ilusões e que não são alimentados pelo verdadeiro corpo de
Cristo” (VIII sermão sobre a
quaresma, 1).
“Seus corações iluminados concebem a chama da fé; de tépidos tornam-se ardentes ao explicar-lhes o Senhor as Escrituras. Na fração do pão, abrem-se os olhos dos convivas. Muito mais felizes esses olhos que se abrem e veem manifesta a glória da natureza do Senhor” (I sermão na Ascensão do Senhor, 2).
Comentários ao "Sermão da Montanha", segundo Santo Agostinho (393 a 394 d.C):
“Contudo, se alguém quiser interpretar este pedido da oração dominical, em relação ao alimento necessário para o corpo, ou ao sacramento do Corpo do Senhor, convém que admita juntamente todos os sentidos aqui explicados e reconheça que pedimos, ao mesmo tempo, o pão cotidiano necessário ao corpo, o sacramento visível e o pão invisível da Palavra de Deus” (II livro; 27).
Explicação do Símbolo, segundo Santo Agostinho (393 a 394 d.C):
Confissões, segundo Santo Agostinho (397 a 400 d.C):
“Aproximando-se o dia da sua morte, minha mãe não se preocupou em ter
seu corpo suntuosamente revestido ou embalsamado com aromas, não desejou ter
rico monumento, nem mesmo ter sepultura na própria pátria. Não nos pediu
nenhuma dessas coisas, mas desejou somente que nos lembrássemos dela diante de
teu altar, ao qual ela não deixou um só dia de servir, porque sabia que aí se
oferece a Vítima santa, pela qual <foi destruído o libelo contra nós> e
foi vencido o inimigo” (IX livro;
13,36).
V SÉCULO (401 a 500 d.C)
Quarto sermão sobre a quaresma, segundo o Papa Leão Magno ( 430 a 461 d.C):
“E
como para dissimular sua incredulidade, eles ousam penetrar em nossas assembleias,
eis como eles se comportam na participação dos sacramentos: de tempo em tempo,
com medo de não poder permanecerem inteiramente escondidos, eles recebem, com
boca indigna, o corpo de Cristo, recusando-se porém, absolutamente, a beber o
sangue da nossa redenção” (IV
sermão sobre a quaresma, 5).
Oitavo sermão sobre
a quaresma, segundo o Papa Leão Magno (430 a 461 d.C):
Primeiro sermão na Ascensão do Senhor, segundo o Papa Leão Magno (430 a 461 d.C):
CONCLUSÃO
A fé da Igreja é inegável,
sagrada, santa e verdadeira.
Não estamos aqui, frente a uma
invenção que tenha surgido por conta de interpretações erradas das escrituras
ou da patrística. Crer na eucaristia como sinal vivo do amor de Deus e entender
que a presença real de Jesus Cristo é crença que transcende os séculos, só
corrobora com a afirmação que aquilo que cremos vem dos tempos primitivos e
apostólicos.
Longe de qualquer técnica
hermenêutica que o artigo aqui exposto poderia propor, temos como único
compromisso o embasamento da verdade e para isso, nada melhor que recorrermos
aos mais antigos que confirmaram as verdades de nossa religião. É incrível como
se torna real ler passagens dos Evangelhos ou das epístolas de São Paulo sobre
a eucaristia e encontrarmos testemunhos semelhantes nos séculos posteriores. Sem
qualquer adição ou interpolação nos textos patrísticos, estamos aqui,
presenciando os maiores atos de veracidade perante o dogma eucarístico.
Ainda que existam pessoas
contrarias a ortodoxia aqui apresentada, ainda que atualmente surjam apóstatas
que nutrem forte desejo pela destruição da Igreja, sabemos que nossa rocha esta
firmada nas palavras do próprio Senhor: “As
portas do inferno jamais abalarão a sua Igreja” (Mt 16,18 e 1 Tm 3,15).
Tenha fé e creia: Jesus Cristo é
e para sempre será, reconhecido na fração do pão (Lc 24,30-35).
OBS:
Esse texto sofrerá modificações à medida que, novas citações sejam encontradas.
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